sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A sublime arte de destruir músicas...

"Would" de Alice in Chains é das minhas músicas favoritas de sempre.
James Hetfield dispensa apresentações.
Portanto, estariam reunidos todos os ingredientes para este momento ser único, mas ao invés, acaba comigo em desespero e bem do fundo do meu atéismo a vociferar:
-" Meu deus, perdoai-lhes que eles não sabem o que fazem..."

Certas vezes pergunto-me se a essência humana urge em entrar constantemente em conflito com os seus semelhantes...
Talvez seja apenas a necessidade de supremacia...
Mostrar o quão forte se é apenas para os outros verem, enquanto que no interior a mediocridade e a insegurança florescem...
Certas alturas senti-me inferior, certas, muito mais reduzidas, superior...
A maior parte das vezes apenas cansado... Cansado de pessoas...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"Os homens convenceram-se de que, por natureza, são infiéis. Porque foram concebidos para cobrir todas as fêmeas do planeta. Vontade não lhes falta; o problema é não contarem com a colaboração das ditas, para além da falta de tempo e de paciência para seduzir as que, de certezinha, se deixariam levar."
Miguel Esteves Cardozo
Tu não podes pedir emprestado o amanhã.
Não com uma qualquer taxa de juros metafórica sobre o que serás.
Não tens direito a uma pré visualização do teu rosto em frente de paisagens que ainda não conheces.
Podes implorar uma breve silhueta do teu corpo sob a sua forma futura, podes implorar por uma viagem aos confins dos teus pensamentos ainda não concebidos, mas a resposta dura de um não soará abrupta e imponentemente.

És um mero momento anónimo no tempo. Perpétuas-te numa eternidade ficcionada.
Cada piscar de olho, cada inspiração, cada insignificância mundana e humana, lançam alicerces para a construção do amanhã que tanto insistes em ver antes do tempo.
Ainda não é tarde para mudar o projecto!
O arquitecto é fléxivel e com imaginação infinita.
É parecido contigo. Tem uns gritos de dor que soam como os teus.
O papel onde ele desenha os contornos do teu rosto não corresponderá à obra final.
É sempre de uma dimensão demasiado reduzida esta tela e a escala varia de cada vez que a olhas.
Mãos à obra! A construção do teu amanhã espera-te!
Quando terminares o assentamento de cada uma das pedras filosofais, chegarás ao amanhã. e aí poderás vê-lo finalmente. Depois de construído na totalidade, a demolição é algo a que não podes ambicionar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

No raiar do crepúsculo, oiço hinos que parecem apelar a revoluções bélicas.
O seu som é hipnótico, a roçar o catastrófico.
Soam a mil clarinetes em notas sustenidas e são escutados atentamente em terras nunca antes benzidas.
O desejo de empunhar armas é avassalador.
Consome como um fogo que não arde mas queima tudo à sua passagem.
Eu pego na minha arma que nada destrói a não ser as ansiedades com bombardeamentos massivos de verdades.
Pego na minha caneta e escrevo muito para além do momento em que a minha mão já me doa...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Os meus lábios movem-se mas não produzem som.
Escavam uma sepultura para nela depositarem as palavras que não direi.
São tenebrosas e contêm em si uma apocalíptica força.
Não será força destruidora certamente.
Tamanha contradição...
São palavras curtas cujo som ao formar-se na minha mente, eclode com um brutal receio.
São palavras simples e mortíferas, como se essas mesmas palavras brandissem armas contundentes...

Assim permaneço mudo por opção e por inibição.
Povoam os meus sonhos esses sons.
Não as posso escrever com o receio dantesco de elas ganharem vida e esbofetearem-me com os seus dedos de veludo.
Mas gostava de as libertar... De as entregar... Mas acostumei-me a elas. Não gosto de as ter em mim, mas ao mesmo tempo gosto. Vá-se lá perceber!!!!
Se ao menos soubesse que uma vez soltas não voltariam para se rirem vestidas de escárnio perante o meu rosto petrificado.
Nunca saberei...
Ou saberei e apenas tenho medo de o saber...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tem calma é apenas um rosto com cicatrizes que nos observa na bruma gelada.
Marcas de guerras passadas e armísticiadas que deixaram essas ténues marcas que o tempo insiste em não apagar.
Marcas que são exibidas sob a forma de troféus sanguinários não recebidos perante ovações e com o olhar fixo no mínusculo ponto do horizonte. Como se para lá dele existisse uma linha imaginária, uma espécie de fronteira, para além dela, a mortalidade ficasse para trás e a queda ascendente da iconoclastia estivesse à espera.


São cicatrizes... restos de feridas auto-infligidas com o leve intuito de sentir a humanidade a jorrar.
Há os assim... aqueles que insistem em sentir dor para conseguirem provar a si mesmos que são da mesma matéria que os demais.
Breve masoquismo ausente de dor. Apenas uma prova irrefutável mas que não convence...
Mas, perante olhares mais distraídos ou mais penetrantes, o fumo dos sonhos em ebulição é visível sob uma forma lacrimante...
Será o sonho a derradeira prova de humanidade quando não se sente o sangue a derramar sobre as páginas de incertezas escritas num qualquer põr do sol ?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

2 anos de palavras e afins...

Pois é! Pelos vistos hoje esta coisa chamada de blog completa 2 anos. Ainda parece que foi ontem que comecei para aqui a escrever barbaridades! Como me referia ao tempo num post anterior, ele não perdoa.
740 "coisas" escritas depois, acho que a minha escrita evoluiu um pouco. Para melhor ou pior, não sei dizer. Amo e odeio tudo o que escrevo... Avançou lenta mas progressivamente da penúria e negatividade iniciais,de dores e tormentos infinitos para uma algo mais vago. Pessoal? Cada texto tem algo, muito ou pouco, de mim, do que sou, da minha constante luta pela inconstância.
Talvez as palavras tenham acompanhado a minha metamorfose ao longo deste tempo, sei que as encontro com enorme facilidade sempre que olho para o lado e vocifero impropérios sobre tudo ou sobre o nada, essa "coisa" sempre presente.
Agradeço a todas as almas que vagueiam por aqui e que perdem um pouco da sua existência a ler desaforos filosóficos e atrocidades sob a forma de pseuso-poesia.
Pagava-vos um copo, mas eu agora não bebo. Portanto tão cedo não haverá uma crónica alcoólica... lolol

Bem hajam.

obrigado.

domingo, 9 de janeiro de 2011

-"Não entres nessa noite escura."- Diz a voz ancestral
-"Esperam-te cadalfalsos para os teus ideais. Forcas figurativas para os teus pensamentos. Coercividade sem idade."
O melódico sombrear desenha-se com contornos mais definidos. A visão dos enforcamentos dos singelos e infundados lamentos mostra-se timidamente por entre as neblinas dúbias da incerteza.
Poderá algo estar condenado à desintegração e ao escárnio humano a partir do momento em que ganha vida?
Ou se vaguear no anonimato que serve de escudo e arma ofensiva ao mesmo tempo, conseguirá prolongar a sua existência?
As vozes acusatórias ganham contornos assustadores e aumentadores da sua protuberância.
Mas os ideais caminham livres... Impávidos e serenos, engendrando conspirações para meras absolvições como se pecassem um pecado imortal.
São convocados para compareceram perante cortes marciais e confessam a sua culpabilidade. Culpados de sonharem em silêncio e de não fazerem nunca ouvir a sua voz cavernosa ou dócil, alguém decidirá apoiado em termos mortais...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Overdoses de

Pedem boleia em estradas perdidas no emaranhado das sensações, pequenos momentos que desejam viajar até à eternidade. Aqueles de simplicidade explicita e implícita.
Como passageiros serão nenhum incómodo. Comunicarão apenas com o silêncio, essa tão nobre e difamada arte de expressão. Sairão exactamente no local onde os desejares deixar. Poderás parar junto a um abismo e ordenar a sua saída que eles imediatamente obedecerão e agradecerão efusivamente a viagem que lhes proporcionaste. Ou poderás deixá-los junto ao mar num nascer do sol qualquer. A viagem poderá demorar cinco minutos ou 5 eternidades. Tu escolhes. Eles não irão influenciar.
Só não os deixes na berma da estrada quando passares com o teu bólide cujo combustível é o pensamento....

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Brando o martelo dos deuses e com ele atinjo e destruo as moralidades.
Sou juiz supremo onde o direito penal pena pela sua obsolescência.
Inflijo penas perpétuas de cegueira aos que se recusam a ver.
O meu martelo, esculpido manualmente pela imortalidade em pessoa, soa a violentos trovões quando embate no crânio da moralidade.
Bato com ele mais uma vez e condeno-me a abrir os olhos...

sábado, 1 de janeiro de 2011