domingo, 13 de setembro de 2015

Como eu me sinto retratado aqui...

"Durante os últimos 30 dias foi perguntado às mulheres com gato deste blog que tipo de homem escolheriam se existissem apenas 4 espécimens na Terra.

O homem com cão atlético, muito giro, com aquele sorriso pepsodent mas muito egocentrado, não recebeu qualquer voto e foi fazer companhia ao tipo mais discreto, caladinho, muito educado, sensível e atencioso.
A mensagem foi clara. As mulheres com gato deste blog não gostam de extremos.
Bad Boys e tótós estão fora da equação.

A luta foi entre o homem com cão rebelde, espontâneo mas imprevisível, e o tipo mais divertido, confiante, seguro de si mas muito difícil também.

Pasme-se, o aventureiro recebeu apenas 1 voto. Ou seja, 99% das mulheres com gato que votaram neste inquérito preferiram o homo complexus, o homem complicado.

Provavelmente, aos olhos duma mulher com gato somos todos complicados a partir dum certo ponto, mas no meio de tanta diversidade existem alguns homens com cão realmente complexos.

São difícieis, complicam tudo, e com eles quando alguma coisa pode correr mal então é certo e sabido que vai mesmo correr mal.

Meninos assim têm de ser encarados como um projecto de vida, com grande espírito de missão e sacrifício pessoal, quase como se em troca estivesse a comprar o seu lugar no céu, redimindo-se de todas as vezes que foi ao frasco buscar bolachinhas de chocolate antes do jantar estar pronto, quando era mais miuda.

Lidar com um homo complexus desta estirpe é pior do que enfrentar o virus da gripe de manga curta. Ao menos com a gripe ainda teria algumas hipóteses.

Com este tipo de patologia não existem garantias de sucesso, e no final a história pode terminar no divã dum psicanalista e com um receiptuário cheio de antidepressivos.

O cenário é assustador, mas mesmo sabendo disto 99% das mulheres com gato continuam a preferir um homem complicado a qualquer outro.

Imaginem uma loira a fugir dum psicopata com uma motoserra. Desesperada encontra uma tabuleta. Para o lado esquerdo a salvação para o lado direito um beco sem saída...
É por isso que os psicopatas só perseguem loiras, mais tarde ou mais cedo há sempre um beco sem saída onde vão procurar refúgio.

Com os homo complexus a história é mais ou menos assim, mas com uma diferença:
a mulher com gato toma a decisão de forma consciente, e acredita que no fim vai conseguir dar um exerto de porrada no psicopata armado com a motoserra.

Mas antes que a esperança se dilua como as promessas eleitorais do PS, há que dizê-lo frontalmente. Também aqui a luz ilumina o fundo do túnel, e por vezes o tipo complicado por natureza transforma-se mesmo na sweetest thing que todas as mulheres com gato procuram.

Quando isso acontece o homem que já não é complicado vem afinal costum made às necessidades de cada uma, e dificilmente conseguirá encaixar de forma tão perfeita noutra mulher com gato como encaixa consigo.

Mas até chegar aqui uiii uiii!
Lembre-se, o divã e o Prozac estão sempre a um curto passo de distância.

O fascínio das mulheres com gato pelos homo complexus é essencialmente um problema cultural.

Shakespeare disse Lutar pelo amor é bom, mas alcança-lo sem luta é ainda melhor.

Chego à conclusão que o Shakespeare nunca viu uma telenovela da TVI, porque se o tivesse feito não teria dito uma barbaridade destas.

Um exemplo concreto:
na novela Flôr do Mar - por sinal líder de audiências na TVI - existe uma fulana que ama desesperadamente um outro fulano que morreu, mas que afinal não morreu. Está vivo, mas esse fulano pensa que essa fulana já não o ama e que gosta de outro, por isso prefere manter o secretismo em redor da sua morte, porque ainda ama essa fulana e custa-lhe muito vê-la com outro.

Na mesma novela um outro fulano perdeu a mulher da sua vida e passou os últimos 25 anos a carpir mágoas pelo canto da casa. Quando finalmente se apaixona de corpo e alma, descobre que a fulana é afinal sua meia-irmã, e que está feita com o irmão para dar cabo dele e sacar-lhe a fortuna. Dramático. Noveleiro, mas muito dramático.

Ou seja, basta ver uma novela da TVI para saber que no nosso quintal à beira mar plantado o amor não vem sem o tal enxerto de porrada no psicopata da motoserra.

Aqui tudo tem um preço e amar sem sofrer é não saber porque se ama afinal.

As mulheres com gato sabem disto e quando se deixam encurralar no tal beco sem saída com um tipo complicado à sua frente, é porque querem enfrentar o destino de dentes cerrados e punhos fechados, preparadas para a maior sova de que há memória.

Lidar com um homo complexus requer acima de tudo muita paciência.

Fazendo da blogosfera o meu divã nos próximos minutos, para o bem ou para o mal eu considero-me um homem com cão complicado.

Há quem me encomende os mais rasgados encómios e há também quem não poupe nos pregos na hora de fechar o caixão.

Comparo-me muitas vezes a um Hidrato de Carbono complexo: sou altamente calórico e só faço é mal mas, por outro lado, quem é que consegue viver de saladas a vida toda?

No fundo sou igual a toda a gente e abuso daquilo que nos torna humanos: a imperfeição. Mas apesar de gostar de coisas simples, eu sou um desses tipos complicados que atazanam a paciência até da missionária mais devota à herança da Madre Teresa de Calcutá.

Lembro-me de há pouco tempo ter dito em conversa que lamentavelmente não vinha com manual de instruções, e os homens complicados são assim, cada caso é um caso e bola no mato que o jogo é para o campeonato.

Mas entre todos existe um denominador comum à nossa linhagem: à partida - e provavelmente à chegada também – as fofinhas têm tantas hipóteses de sucesso como as hipóteses dum hipópotamo conseguir saltar subtilmente de nenúfar em nenúfar...

Dito por outras palavras... ergh... Houston, we have a problem. E o problem é com as fofinhas.

Os tipos complicados precisam de mão firme, e de quando em vez duns safanões que só uma mulher que simplifica tudo consegue providenciar.
Mas atenção, não faça como o Cristiano Ronaldo que com o mundo inteiro a assistir em directo, disse à dona Dolores Aveiro para soltar os fogos depois de ter ganho o prémio FIFA World Player of the Year.

As coisas não são assim tão.. simples.

Um homem com cão complexo não sabe lidar com situações extremas. Uma palmadinha até pode ser uma coisa boa, mas se a mão descer depressa demais o efeito pode ser contraproducente. Perde-se o efeito pedagógico da palmadinha, e ao invés o homem com cão começa a fazer aquilo que sabe fazer melhor: complica.

Esta tipa é uma controladora e ainda por cima tem a mão pesada fod###!
Mas o oposto também não pode acontecer.
Nunca mostre a um homem com cão desta raça até que ponto você verdadeiramente está apanhadinha por ele.
Se exagerar nas palavras perde a imagem de durona que lhe deu tanto trabalho a construir, e num ápice vê-se com lama até ao pescoço no pantanoso reino das fofinhas, mimokas ecutchi-cutchis que também tentaram saltar subtilmente de nenúfar em nenúfar, como a Pópóta.

Olha olhaaa... O que tu queres sei eu!

Mas um homo complexus não complica só nos afectos. Tudo é possível e ninguém está a salvo.

À pouquíssimo tempo disseram-me que não me vestia nem bem nem mal.
Assim assim, vá lá...

Ora, para qualquer homem complicado como eu, a partir desse momento abrir o roupeiro deixou de ser uma coisa sem importância, e passou a ser algo só comparável à travessia dum campo minado em plena guerra civil angolana.

Sinto literalmente o perigo a espreitar debaixo de cada cabide, com o receio de que uma má escolha esfrangalhe a minha auto-estima junto do olhar crítico e impiedoso das mulheres com gato.

Aqui o truque não é dizer olha estás bem mas ficavas melhor com uma cor mais forte.

Regra geral os homens complicados são também muito distraídos, porque pensam em muitas coisas ao mesmo tempo, e gostam de complicar enquanto pensam. Por isso prestam pouca atenção a manobras de diversão.

Quer dizer ao seu complicadinho que aquela camisa nem para enfeite de árvore de natal servia?
Leve-o consigo às compras e enquanto renova o seu guarda-roupa vá entrando estrategicamente aqui e ali, e pendure-lhe literalmente a camisa certa no pescoço com um fofinho q.b.ficas tão bem com esta cor.

Se ele não puder comprar aquela peça vai certamente procurar no campo minado/roupeiro a cor mais aproximada, e tentar fazer pandam com o seu sentido estético, indiscutivelmente mais apurado que o de qualquer homem complicado.

En passant, se o seu homem complicado veste-se ainda melhor que você, então o mais certo é ser gay e ainda não saber, e aqui não há simplificação possível.

Há ainda um outro aspecto que os homo complexus gostam de complicar com especial requinte. Os ciumes.

Aqui, uma vez mais, não existe meio termo e das duas uma: ou é um sociopata possessivo e com a mania da perseguição, ou um super descontraído que confia em si a 100%, mesmo se estiver rodeada de gajos podres de bons literalmente a babarem-se para cima de si.

O ideal para qualquer mulher com gato seria misturar um pouco das duas, com uma especial dose de bom senso. Mas nos tipos complicados é sempre tudo ao contrário.

Tente descobrir que tipo de homem é o seu – se o possessivo ou o super descontraído -, sendo certo que se os primeiros irão fazer da sua vida um inferno por excesso de participação, os segundos poderão transformá-la num deserto, não por falta de interesse ou por não gostarem de si, mas porque simplesmente não querem saber.

Até porque há coisas bem mais giras para complicar do que os ciumes.

Dito isto, se faz parte dos 99% de mulheres com gato que preferem um homem assim complicado, e quer realmente deixar-se encurralar num beco sem saída com o psicopata da motoserra à sua frente, então já sabe, isto não vai lá com falinhas mansas.

Lembre-se, os homens complicados têm de saber quem manda, não porque sejam subservientes mas porque aqui e ali gostam de complicar e questionar a autoridade.

No fundo no fundo, são crianças em ponto grande."

In http://homemcomcaoprocuramulhercomgato.blogspot.pt/

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