sábado, 18 de abril de 2015

A minha solidão é densamente povoada
Tem janelas com vista para multidões que seguem o que lhes foi formatado desde a nascença
É só estender a mão e consigo tocar nesses seres em tudo semelhantes a mim.
Passaria perfeitamente despercebido no meio deles, receber-me-iam de forma entusiástica...
Mas eu só quero a minha solidão...
Só a companhia dos meus pensamentos, só esse mundo inexpugnável
Só esta forma de existência que ninguém compreende...
Só esta forma estranha de amar, de dar, de sofrer sem sofrer
Só eu e a minha complexidade descomplexa...

Podia ter tido o amor de dezenas de mulheres...
Mas não é fácil entrar na minha solidão e ela própria as repudiou
Fê-las chorar enquanto eu a tudo assisti em silêncio
Inocentes vítimas de uma ditadura livre
O amor de todas as mulheres do mundo será sempre insuficiente
O desejo de todas as carnes femininas em nada inflamará o meu próprio desejo
Eu não quero ninguém, excepto a quem eu entreguei a chave da minha solidão....
É só rodar e entrar...





domingo, 12 de abril de 2015

Perguntam-me frequentemente qual a vista entre a passagem das tempestades...
Não tenho resposta, estou sempre a dormir, seja quando uma tempestade eclode, ou, quando outra se forma no horizonte...
Acordo e tudo parece igual. Não há turbulência de qualquer espécie.
Mas sonho e muito, quiçá embalado pelos ventos das tempestades que não vejo.
Sonho que sou mudo, que ninguém alguma vez ouvirá o que tenho para dizer.
sonho que estou nú, vulnerável...
Sonho que sou violado, mas não em qualquer dos meus orifícios corporais.
Mutilado, decepado, mas que não existem culpados...
Outras vezes sonho com o teu toque,
Os teus dedos que me percorrem,
Essa mão que eu gosto tanto de juntar com a minha.
Esse toque de veludo que afaga o meu silêncio e a minha solidão.

Ninguém me consegue tocar como tu o fazes,
Mas também ninguém me consegue magoar como eu o faço.