quarta-feira, 31 de março de 2010

Tributo a Vergílio Ferreira


Em cada palavra, frase ou parágrafo, corre e discorre a dor da existência. A profunda melancolia da incompreensão. Viagens ao interior de uma alma que vagueia algures entre demónios eternos e anjos nunca vindouros aguardados como tesouros.
Simples filosofias complexas envoltas em abraços literários. São tantas as questões levantadas na vastíssima obra. Tantas quantas as estrelas no céu nocturno. As respostas serão como estas, selvagens e indomáveis. Pertença de ninguém.
Tão esquecido no universo de bons escritores que habitaram neste jardim à beira mar plantado.

"Quais são as tuas palavras essenciais? As que restam depois de toda a tua agitação e projectos e realizações. As que esperam que tudo em si se cale para elas se ouvirem. As que talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande silêncio se avizinha."

"A alegria do que nos alegrou dura pouco. A dor do que nos doeu dura muito mais. Vê se consegues poupar a alegria e esbanjares o que te dói. Vive aquela intensamente e moderadamente. E atira a outra ao caixote. Talvez chegues a optimista profissional e tenhas uma bela carreira de político."

"Para que percorres inutilmente o céu inteiro à procura da tua estrela? Põe-na lá."

"O difícil em arte é criar-se emoção sem se mostrar que se está emocionado. Ou estar emocionado para antes e depois de se estar. Ou ter a emoção ao lado para nela ir enchendo a caneta."

"O vocabulário do amor é restrito e repetitivo, porque a sua melhor expressão é o silêncio. Mas é deste silêncio que nasce todo o vocabulário do mundo."

"Ama o impossível, porque é o único que te não pode decepcionar."

terça-feira, 30 de março de 2010

O sentir é a lei...
Os códigos penais estão ausentes de morais e são redigidos de forma imparcial e demasiado neutra. São livros repletos de enunciados escondidos nos seus predicados.
Obrigatoriedades disfarçadas de contrariedades. Compêndios de sentidos que nunca são sentidos e as vivências das existências são por eles regidos...

Existe, por entre os nevoeiros densos de questões primogénitas, os que relegam essas leis que param desde os primórdios da humanidade. Anarquistas teóricos que escrevem no céu as suas leis. Esse pelotão de soldados destacados para guerras metafisicas ergue bandeiras metafóricas de desobediência psicológica. Obedecem a nenhumas leis terrestres ou mesmo celestiais. Regem-se somente pelos sentimentos inquantificáveis e inclassificáveis. Errantes como o sentido do vento e nunca ansiosos por um qualquer advento.
Fará deles esta ausência de conivência por algo redigido para eles menos humanos?
Ou pelo contrário, superiores entre os seus supostos iguais?

segunda-feira, 29 de março de 2010

Para os que tem saudades do Outono


Enverga as tuas armas de sedução maciça e parte rumo às batalhas anunciadas previamente como perdidas pelos profetas das maldições que sempre prevêem as monções.
os impérios pré-concebidos e sempre mal redigidos ruirão um a um perante as salvas da tua beleza nuclear. ecoarão em noites distantes e em diversos instantes, os lamentos moribundos dos que por ti forem atingidos.
Doce e salutar Morte narrada por astros siderais que na sua altivez carregam memórias de suícidios com causas supremas.
Exibe mordazmente e com malícia o teu arsenal de incendiar paixões e todas as remotas sensações.
Deflagra atómicamente sobre planícies desertas de solidões eutanásicas e despidas de rebeliões.
Aniquila pequenos resquícios de armistícios....

Despe a farda militar e totalitária e exibe somente o que os deuses da guerra esculpiram e verás as legiões ancestrais de meros mortais que formar-se-ão em tua adoração.

Despe-te... e assiste a holocaustos de todos os amores exaustos.
Novas encarnações os esperam, apenas tens que te despir de humanidade para um novo cataclismo advir...

domingo, 28 de março de 2010

Para pessoas que cruzam o meu caminho quando estou embriagado em premissas filosóficas nas noites de ascensão da razão.

Pela estrada fora, vão os seres supremos, os sodomitas da razão.
Pelo seu caminho, retaliações extremas de passados anatemas.
Os pecados tropeçam às suas passagens.
Lições edificadas de violência repercutora de represálias prometidas.
Incessantes ressacas de excessos empíricos.
Lá vão eles...
Os por todos condenados a não serem jamais condenados.
Eles caminham com olhares aparentemente vazios. Fixos em minúsculos pontos invisíveis e indivisíveis.
Circunnavegam à tua volta em bateis de momentos, mas tu jamais pedirás permissão para entrar a bordo. Tens a doença da futilidade. E a tua quarentena é viveres na ignorância eterna.

quinta-feira, 25 de março de 2010


Às vezes gostaria que fosses de barro para eu moldar-te à minha maneira.
As minhas mãos desenhariam um corpo ausente de impurezas e os meus dedos rejubilariam à medida que te percorreriam.
Pele sedosa que ofuscaria o brilho altivo das estrelas. Bem no teu âmago floriria uma alma repleta de sonhos indestrutíveis, armados com uma imensa vontade de serem livres.
Daria especial ênfase ao desenho do teu sorriso. Seria único. Derrotaria o das mais belas deusas nocturnas. Eclodiria em tempestades revoltosas mas, ao mesmo tempo, de uma serenidade sideral capaz de enlouquecer trovadores.
Estranha erupção de beleza intestemunhada que despoletaria apenas perante mim.
Seria artesão reconhecido no irreconhecimento. Guardaria para mim essa obra de arte e envelheceria olhando todas as noites para ti.
Não seriam necessários artifícios forjados como a fala. Serias dotada do mais doce silêncio capaz de todos os diálogos mais enriquecedores.
Os teus olhos seriam o farol que me guiaria sobre as vagas tormentosas de dor. E a eles edificaria templos sem pedras mas apenas erguidos em palavras não ditas, mas apenas sentidas.
Serias feita de uma matéria prima em que acção do tempo seria inócua, durarias até ao fim de todas as eternidades com a tua beleza inalterada.

Ousasse eu ser esse artesão intrépido.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sou viúvo das certezas.
Carrego luto pelas crenças.
No funeral da existência, atirei pedras para o caixão em vez da rotineira terra.
Enquanto tristezas trajadas com fatos de gala baixavam o corpo inexistente da existência, ria-me descontroladamente ao ver qual o sentido da vida a que tantos filósofos dedicaram séculos de paixão suprimindo qualquer réstia de outro tipo de sentimentos que assolavam os seus espíritos.

Vestes de cores garridas simbolizam o pesar pela gigantesca perda de nada.
rios de vinho correm nas gargantas nos festejos dos renegados e oprimidos pelo que agora apodrece e é devorado pelos vermes plenamente convictos das suas existências. Só eles sabem o porquê de existirem.

O luto estende-se até aos verdes campos ondulantes, sibilantes e desafiantes.
correm neles vestígios de debandadas anárquicas de luxuriosos pensamentos sobre a vida. O orgasmo supremo ocorrerá com as vestes de luto colorido bem no meio de multidões enraivecidas por não o atingirem.
As pedras usadas para violentar a urna da existência serão arremessadas contra mim e cada golpear desencadeará êxtases catárcicos de profundas ejaculações sobre tudo o que de sentido carece.
Certas alegorias tem apenas um sentido: o de não o terem...

terça-feira, 23 de março de 2010

Narra-me, em idiomas ancestrais e desconhecidos pelos demais, estórias de Homens que rasgaram as suas peles.
Narrativas de metamorfoses psíquicas, de desejos mais fortes que as marés marítimas.
Pinta quadros com mensagens subliminares, em cada palavra sobre seres mitológicos tão reais que conseguiram vencer a própria vida.
Fantasia sobre os voos destes nas costas de um nazgul, cujo flectir das asas imponentemente derrotou sentidos adversos.
Viagens psicotrópicas sob estratosferas nucleares onde a volatilidade reside apenas nos sonhos. Esses corpos sem corpo com vontade de não o serem...

Conta-me estórias daquilo que não vi.
Conta-me tudo sobre ti.
Tudo aquilo que não consigo capturar no teu olhar fixo no horizonte.
Eu sou o eterno espectador de espectaculos escritos por ti.
Não sou critico de qualquer forma de arte, mas és a mais bela arte em cada vez que inspiras o ar que se aglomera à tua passagem.
E eu assisto serenamente às lágrimas dos anjos quando vêem o teu rosto.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A banda que se reinventa em cada album. Abençoado filme "Gummo" por me ter apresentado esta banda maravilhosa.

Fecha os teus olhos e entra comigo na noite.
Dá-me a tua mão e conduzir-te-ei por entre os labirintos da existência.
Deixa-me tocar-te na alma com as minhas mãos de veludo, para a trazer para fora da tua pele sedosa.

Continua de olhos fechados... Dir-te-ei quando os abrires.
Sente o teu orgulho formar vagas tempestuosas dentro de ti.
Sente o que inibiste de sentir.
Sente a Lua a erguer-se...
Sente bem dentro de ti...

Abre agora os olhos e olha para o céu despido de sol.
Olha para onde estava a lua...
O que vês a erguer-se pavoneantemente és tu.
Já sem a dor chamada vida em ti.
Não existe nada a não ser o teu brilho na noite...

domingo, 21 de março de 2010

Está a mais pacífica das manhãs. Os pássaros estendem a passadeira vermelha para receberem a Primavera. Entoam sinfonias com os seus piares angélicos, tudo em tributo à claridade que se anuncia no final da Noite.
Pequenas e extasiantes gotas de orvalho formam-se na vegetação que vai vestindo uma cor viçosa e agradável aos olhos.

Ahhhhh. que bela manhã para lançar o verdadeiro ataque aéreo de napalm!!!!!!!!
Ver o fogo destruir tudo rapidamente e depois terraplanar as consciências em ruinas de tão vândalo ataque.
Semear profecias de seres perfeitos e colher frutos em forma de pensamentos.
Rosas formavam-se antes do ataque aqui, agora forma-se apenas a capacidade de liderar.
Liderar o quê? Não sei, talvez os ratos que vestem peles de Homem. Lidera-los até um buraco negro no espaço e ordenar o seu suicídio obrigatório.
Depois de tudo terraplanado e alisado, sem o menor vestígio de existências anteriores, serei líder e pioneiro. Tudo será como quiser, ou nem por isso, só resta mesmo esta gigantesca vontade de tornar planas todas as consciências. menos a minha que tem o seu relevo acidentado, mas mais firme e escarposa jamais a natureza conseguirá esculpir.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Os teus olhos...

Metáfora paradoxal

Blasfémias misantrópicas acordam dias de desassossego.
Flatulências verbais sem odor.
Aos primeiros acordes da claridade, melodias extremas de vazio, obras inacabadas estendem-se para longe do campo de visão.
As muralhas, em que as pedras são de lágrimas petrificadas, tem sempre brechas por onde a indesejada luz do sol entra.
Amaldiçoada luz que insiste em acordar o que em hibernação eterna deseja estar!
Ela acarreta sempre consigo um co-piloto chamado desilusão. O prefixo de tal palavra é mais forte que o resto da mesma. Retira-lhe todo e qualquer significado.
Por mais muralhas e mais altas que se ergam, porque pedras nascem todos os dias, a luz entra sempre e queima todas as feridas que habitam nas costas fazendo-as latejar em agonia.

Por mais escuridão criada e desejada, a luz entra sempre...

terça-feira, 16 de março de 2010

Mitologias e alegorias, tudo folclore e enriquecido em tributo a supostas grandezas espirituais.
Em tempos de ataques bio-químicos covardes, ainda há quem branda espadas. Revestidas de inconformidades de aço, dilaceram restos de intempéries na personalidade.
Armistícios invocados mas sempre ignorados.
Os invasores fazem filas a perder de vista com a esperança de serem brutalizados na sua essência por tão solitários no seu poder mosqueteiros.

Sente o aço gélido na tua pele removendo o que contigo nasceu, desenhando sulcos de sangue incolor. Não temas pela tua existência!
Desse mesmo aço, que corta suavemente a tua inércia, será feita a tua armadura.
Com ela envergada caminharás até ao por do sol e com a espada milenar que tem o teu nome gravado, apontarás ao sol moribundo que nunca te iluminou.
Ele ajoelhar-se-á em clemência...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Melhor titulo de sempre para uma música

Um pouco de barulho ambiental, pelo mestre da desolação.

Abram alas, abram alas
Para não marítimas correntes
Para dialectos que não são falas
E significados sempre ausentes.

Aglomerem-se à passagem
Não de falsos messias
Ou outros sem qualquer mensagem
Ou outros tipos de filosofias

Assistam com curiosidade
A tão belo desfilar
Do que nunca será verdade
Destes que sabem raciocinar

Super.homens nietschianos
Existentes desde o tempo das cavernas
Fortes e desumanos
Que na escuridão não usam lanternas

Batam palmas em ovação
A todos os que carecem
De questionar a razão
E que dúvidas nunca tecem

A perfeição aparenta flutuar
Por entre as nuvens de absolvições
Esconde-se nos actos de pensar
Meros refúgios de salvações

Observem com suspeição
O que nunca serão
E contem aos vossos netos
Quem eram tais seres incertos

Tão diferentes e tão iguais
A vós e a todos os demais
Apenas são irreais
Porque assim o determinais.

domingo, 14 de março de 2010

Crónica de uma noite de copos, versão 5.2

P.E.C- Esta sigla está na ordem do dia de todos os jornais e televisões. Aparentemente, significa medidas austeras por parte do governo para combater um défice publico galopante e mutante de maneira assustadora. Obras megalómanas e, talvez, desnecessárias, para o país são interrompidas abruptamente. Pergunto-me se esse tal défice arqui-inimigo do governo era algo desconhecido pelo próprio e que deflagrou com uma volatilidade nunca antes testemunhada nos últimos dias?
Subitamente aparece assim um monstro chamado défice colossal e destruidor escapando à guarda de ministros sonâmbulos!
Agora, deixa-se de falar de despesas do governo e fala-se única e exclusivamente de receitas. Tem que haver maneira de eliminar esse monstro alienígena! Obviamente as receitas tem apenas uma fonte; os cidadãos. Mais impostos e tudo o que podemos imaginar...

Este fim de semana, descobri um novo significado para a sigla P.E.C : - Policia esvazia a carteira. Impressionante e abismal a quantidade de multas que nestes dias se acumularam pelas estradas portuguesas! Aí está uma excelente forma de vencer a desleal batalha contra o défice: os portugueses conduzem mal e bebem muito. É como roubar um chupa-chupa a meninos. Só cifrões para si senhor engenheiro sem diploma. Tenho tanta pena de não lhe ter oferecido um traumatismo craniano quando lhe bati com a porta na cara no meu antigo emprego em Lisboa!!!!! Era herói nacional certamente. Qual CR9? Seria imortal e o meu nome soaria até à eternidade.

Anyway....

Um exemplo de excesso de zelo da policia e uma prova escandalosa das ordens superiores de caça à multa: Saem jovens cidadãos que pagam os seus impostos e trabalham alguns na formação do futuro deste país de um café um pouco já ruborizados pela acção de ingestão extrema de cerveja. Duvidas normais de qual o destino a tomar para a continuação da ingestão do néctar divinal. Nisto passa um carro da policia e um dos jovens que estava afastado do grupo diz "UHHHH" com um timbre quase imperceptível. O que se seguiu nem Tarantino teria imaginação para colocar num dos seus filmes: A policia quase capota o carro para fazer inversão de marcha para caçar o meliante que olha atónito. Saem 5 agentes de cacetete em punho em direcção ao "Criminoso" e encostam-no a um muro. Se não fossem surgirem do nada, 6 almas punks e metaleiras em direcção aos agentes agressores seria apenas mais um caso de alguém que caiu enquanto era interrogado pela policia! Tantas quedas dessas acontecem, é fantástico não é?
Hostilidade presente na cara dos agentes, grande parte deles, mais novos do que eu.
"A tão suposta escumalha da sociedade que querem hostilizar não são aqueles que usam correntes e camisolas de bandas." soou pelos meus lábios. Agentes empossados de uma falsa autoridade acusam o visado de desrespeito à autoridade e autuam-no por ter passado fora da passadeira!!!! LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL. Dinheirinho fresquinho para o combate ao défice!
Reacção mais que justificada e em boa pronuncia nortenha: "VÃO SE FODER!!!!!"
-"Voçê está detido por insultar a autoridade!" ao mesmo tempo que empurra o individuo para o carro. Outro agente empurra-me mas eu não saio da frente.
Vamos todos para a esquadra acompanhando o amigo delinquente por ter dito uma vogal na via publica! Surreal!
Nas esquadras portuguesas assiste-se às lutas titánicas dos agentes para lutar contra o tédio. Curioso o facto de a autoridade mudar o discurso quando sabe o grau académico do arguido!
Tudo fica resolvido com uma convocatória para tribunal amanha às 10 da manhã. Término de noite abrupto e de uma sobriedade inesperada. Eurinhos frecos que darão um golpe mortal no défice. Muito bem senhores agentes, merecem uma medalha de mérito por tão bom desempenho na protecção da pátria perante tal individuo de perigo colossal para os bons cidadãos que não pagam impostos! Perturbou a ordem publica de uma maneira intestemunhada pelo tempo. Amanhã o vosso comandante supremo abrir-vos-á de par em par o palácio de Belém! Sois o orgulho deste pais!
"Vão-se foder!!!!"

P.s- Não leiam isto na via publica senão serei preso...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Um pouco de heavy metal bem tocado... e ainda melhor cantado...




Make the sadness go away
Come back another day
For years I've tried to teach
But their eyes are empty
Empty too I have become
For them I must die
A sad and troubled race
An ungrateful troubled place

I see the sadness in their eyes
Melancholy in their cries
Devoid of all the passion
The human spirit cannot die
Look at the pain around me
This is what I cry for
Look at the pain around me
This is what I'll die for

Make the sadness go away
Come back another day
The things I've said and done
Don't matter to anyone
But still, you push me to see
Something, I can never be
Why am I their shattered king?
I don't mean anything

I see the sadness in their eyes
Melancholy in their cries
Devoid of all the passion
The human spirit cannot die
Look at the pain around me
This is what I cry for
Look at the pain around me
This is what I'll die fo
Ata-me as mãos e os pés com a mais forte das correntes que são as minhas inibições.
Força-me a ajoelhar como um condenado esperando o golpe final que será disferido pelo meu querer.
Insulta-me com elogios irrisórios de grandiosidade entre a humanidade.
Brutaliza a minha vontade ardente e sedenta de castigos incorporais.
A dor física que correrá por este corpo desfigurado almejará até ao fim do tempo atingir as proporções da que é sacerdotiza na alma.
Reúne todos os teus pensamentos mais sádicos e liberta-os um a um ou em alcateia, tu escolhes, sobre mim. Observarás um corpo sem expressão aguentando todas as súplicias como se de carícias se tratassem.
O meu corpo é um mero navio que se movimenta sem rumo, guiado apenas pelas ondas de intituladas torturas por ti comandadas. Substituis a lua como divindade a quem as marés obedecem piamente.
Submerge-me em todo o teu crescente ódio encenado numa peça teatral de improvisação totalmente despida de razão.
Sou teu submisso no que os outros olhos vêem. Dominado na totalidade pela crueldade. Apenas e só vergado fisicamente.
Serei sempre espírito selvagem que voa como as fénixes um dia fizeram.
Indomável e indesejável...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Monólogo...

Mistérios ansiosos por serem revelados palpitam nos teus lábios.
E por um momento, eu perco-me nos prazeres mundanos.
E tu podes fazê-los perdurar.
E só tu podes fazê-los desabrochar.
Nos abismos do pensamento eu perdoo-te tudo.
Não quero voltar a fechar os olhos.
Não quero perder um micro segundo do que nunca será eterno.
Deixa irradiar o que te faz pesar.
Deixa viver o que queres condenar a morrer.
Sobe até ao topo do mundo e não olhes para baixo em desdém.
Tudo por mim foi construído, tudo aquilo que não consegues abraçar com o olhar.
A essência do que receias, mostrar-se está a ameaçar.
Capturado em textos sem palavras está o ignorado. Estranha mutação desenhada por nenhuma mão.
Majestosamente esculpido está o que nunca foi perdido.
Experiência extra-corporal do que jamais será mortal.
Espíritos vagueadores sem aspectos aterradores, apenas sedutores.
O sorriso que se forma insiste em ganhar forma. És impotente e omnipresente perante tal manifestação de superioridade...
Nele tudo ganha sentidos inimagináveis e contornos de potestade.

Só tu podes fazê-lo desabrochar...

terça-feira, 9 de março de 2010

Os cisnes perdem toda a sua graciosidade, metamorfoseiam-se em corvos, aves necrófagas que ostracizam os céus com o escarniar do bater das suas asas.
Atacam agora os meus olhos, golpeando toda a capacidade de ver mais além. Que mórbido festim este de antigos anjos revoltosos agora contra mim!
Atacam em bandos negros alimentando-se do que resta de parcas dignidades.
Flagelam incessantemente o meu corpo com tamanha raiva incontrolada e injustificada, mas o mais saboroso néctar que flutua bem dentro de mim está inacessível. A eles e a todas as aves de mau agoiro que poderão ser fustigadas por tão necrotérica epidemia.

Voem criaturas outrora belas!!!!
Ensurdeçam-me com o vosso piar solitário!
Ganhastéis a forma que sempre desejásteis!!!

segunda-feira, 8 de março de 2010


Estão trancados os portões da imaginação. Protegidos por cadeados de julgamentos premeditados e de sentido despropositados. Sinais de perigo expostos grandiosamente um pouco por toda a parte tentando dissuadir a menor réstia de esperança de transeuntes que lá desejavam pernoitar.
Monstros intemporais nunca antes descritos por escritores ancestrais, montam guarda apertada por trás dos muros feitos de ideias fossilizadas.
A entrada é totalmente interdita. A permanência em tal ermo local sempre foi maldita.

"Afastem-se da moradia dos insanos"- advertem velhos mendigos pedintes de paixões meros substitutos de ilusões.
Mistérios fantasiados do que por lá pode ser encontrado, viajam pelas bocas dos curiosos de si receosos.
Lá florem alterações psicológicas e sorrisos mas ninguém ainda os viu.

Intrépidos exploradores ignoram tudo o que para eles foi decretado e dirigem-se aos portões. a sua força de vontade é a chave para entrar. Ela entra sem dificuldade e os portões abrem-se em aclamação.
Paraísos inconcebíveis de funestas meditações, dão as boas vindas, exultando quem até eles se aventurou.
Os portões fecham-se com estrondo aos olhares dos curiosos. para sempre permanecerá fechada a entrada.

Dentro da imaginação está quem lá quer estar. esses,insanos, copulam desenfreadamente com a razão.
Hordes de conjecturações talvez erradas serão o fruto dessas paixões.
não existem leis terrenas soando a eternas novenas neste local... Um pequeno e remoto vislumbre de liberdade para quem ousar. Minúsculo vestígio de que ela existe e bem mais perto do que poder-se-ia pensar...

domingo, 7 de março de 2010

Bate nas janelas de construções espirituais uma chuva leve de consciências passadas.
Habito numa mansão psíquica com todos os confortos e extravagancias dignas da minha excentricidade.
Lá fora circulam veículos de tracção reduzida de de uma vida seduzida.
A chuva tenta entrar com a sua suavidade pelas frinchas do que está ainda por sentir.
Analogias de terminologias semelhantes ou apenas errantes.
Existe uma censura explicita na sua obscuridade e anonimato. Condena-se o incondenável como se de uma acção venerável se tratasse.
Não existem penas a aplicar ao que foi o amar. Atributo que deve permanecer selvagem e correr nu pelos vastos campos da existência. Riqueza não tributável e livre de impostos disfarçados de racionalização.
O que é inquestionável foge dos pontos de interrogação como demónios a fugirem de cruzes cristãs.
Não está depositado em uma qualquer instituição bancária armazenadora de sonhos.

O sol acariciado pelas nuvens negras introduz luz pelas janelas da minha mansão. Luz escura de clarividência que ilumina a minha inocência. Está na hora de não planear uma nova divisão a esta construção cujos pilares são os valores. Ela ganhará forma anárquicamente e sem projectos supérfluos. Aparecerá sem prazos para serem cumpridos e sem vigilância. Essa nova divisão serão os teus aposentos, criatura que habitas debaixo das pontes do momento. Os raios de sol encarregar-se-ão de te guiar até eles....

sábado, 6 de março de 2010

Tributo a Wagner...

Mãos repletas de destrezas e harmonias intestemunhadas martelam pianos domando sabiamente melodias selvagens e revoltosas metáforas de intempéries.
Acordes dissonantes de tempos distantes ameaçam destituir afinações que sempre foram apenas meras prisões.
As nuvens absorvem ritmos irregulares que jorram a velocidades supersónicas.
Entoações controversas cheias de lamentações cheias de lamentações dispersas. A vã natureza morrente derrama-se em nova luxúria recorrente clamando um nome inexistente vezes sem conta na chuva. nome de messias ainda por nascer devido à ausência do crer.

Ah melodias silvestres, soais como calamidades a todos os terrestres.
Anunciais para os mortais criaturas bestiais, monstros de epopeias descritas na memória das quais não reza a história.
Sinfonias de arcanjos destruidores voando com tons ameaçadores. Há um fio condutor tenuemente disfarçado de desprimor enaltecendo todo o crescendo.
Fogem todas as lastimas transformadas em misérias transtornadas.
Do reino do desconhecido anseia-se o temido... E os instrumentos de cordas pavoneiam-se nos estivais sons que fogem pelas mãos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Dança comigo neste amanhecer sangrento a dúvida primogénita de todas as duvidas.
Ela acaricia-me a pele escamada assolada pela acção do tempo, esse inimigo invisível e sempre vitorioso.

Onde estarás tu nesta noite? Noutros braços que não os meus...

Começa a chover, mas a ardência que alastra dentro de mim não será jamais apagada por naturezas iradas.
Fogo que me beija apaixonadamente com as suas labaredas geladas antes de se propagar ao bucólico ambiente que rodeia tão irreligiosa valsa. Passos repletos de graça contagiando este corpo inerte, escravo de todos menos de mim.
Fragmentos residuais tóxicos de dizeres amorfos de catarzes prometidas na morgue do pensamento.

Onde estarás tu esta noite, espírito nómada do que ainda não foi dito?

A dança continua agora sem a Noite que substituiu a Morte no seu lugar.
A aurora despe-se e recolhe-me nos seus seios. Voluptuosa conjugação de palavras intemporais.
Há sempre novos adjectivos para o nascer do dia e o morrer da consciência.

Onde estarás tu esta noite?
Jamais conseguirão divindades ocupar o teu lugar...

Discursos paralíticos de novas raças para novos mundos selectivos e nunca receptivos são escritos aos primeiros acordes dos sois negros que saúdam fascistamente novos ódios Ad Hominem.

Onde estarás tu esta noite de todos os pesares onde os sonhos já não são czares?
Vem curar este hiperbolizar do analisar fruto do não-amar.
Vem... vem-te... Afoga nos teus fluidos todos os ruídos e deixa-me exausto de tamanho repasto...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Existe uma barreira intransponível protegendo, ou nem por isso, as pessoas, impedindo-as de sentirem a plenitude da essência humana.
Os rostos imparciais e sempre com o mesmo trejeito ausentes da mais remota centelha de profundidade.
"Criatura de hábitos e rotinas", assim é descrito o Homem. Criatura e besta são sinónimos neste compêndio que vê todo o conhecido adquirido desaparecer.

A superficialidade é a bandeira que está hasteada no ponto mais alto do domínio humano. Todos encaram como novo mandamento que se tem que obedecer cegamente. Nova pátria encontrada que defende de todos sentimentos que ameaçam profanar a não-existência.
"És apenas o que aparentas ser". É esta a frase cunhada na moeda deste desagradável mundo novo.
A filosofia foi exterminada num novo holocausto sem vitimas físicas e visíveis.
Não há lugar para o sentir.
O corpo é a pessoa, não o que, supostamente, reside no emaranhado de veias onde talvez o sangue já não corre.

Dêem vivas à superficialidade! Denunciem os que a ela não obedecem à milícia do vazio.
Sentir? deixem isso para os loucos, esse conceito tão ambíguo.
Não é possível existir feridas sem sangue.

Aos ventos que rugem aclamo superficialmente que sou demente por ver tudo tão profundamente.

Sou o que os teus olhos vêem, não o que a alma que te retiraram um dia viu.
Sou este corpo que um dia apodrecerá.
Apenas e só isso...

terça-feira, 2 de março de 2010

Pensar é uma arma mas não de destruição
Pensar não é nenhum pecado imoral
Pensar vence as batalhas da desolação
Pensar é um atributo imortal

Tens na tua mão essa arma.
Usa-a bem!!!!
Pensar faz de ti alguém
É a voz que fala sem se ouvir
Aponta-a na direcção do que há-de vir.

Pensamentos fluem a altas velocidades
Mais rápidos que todas as balas
Atingem as supostas verdades
As mentiras apenas abrem alas.

Disparar tal arma não fará de ti criminoso
Ou herói por todos aclamado
Dirigem-te tom jocoso
Ao teu lado mais irado

Tudo pede misericórdia
Perante tamanha artilharia
As sementes da discórdia
Do que sem pensamentos seria



Por do sol bélico
Noite repleta
De sentimento angélico
Sempre em alerta

Erguem-se os seres incompletos
Privados de salvadores
Fustigados, de dor repletos
Com ausência de clamores

Pensar... sinal de existir
Quando tudo o parece desmentir
Uma mão metafórica
Segura-nos de forma categórica
Não nos deixando cair
Em abismos prestes a florir...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Sabe bem ouvir isto...

Deixa-me despir-te lentamente.
Suavemente remover esse vestido de receios que trazes a cobrir o teu corpo.
Quero ver a tua pele sussurrar o que nunca disseste.
Deixa cair lentamente cada peça de desilusões que outros te vestiram.

Torno-me garimpeiro que em terras áridas busca ouros desconhecidos.
O teu corpo cintila na escuridão noctívaga à medida que cada milímetro de pele é desnudado.
O seu brilho é mais contundente que todas as galáxias de todos os universos, reais e paralelos. Eis que ele se anuncia perante mim revestido com um sorriso imortal.

Entrega-me o domínio do teu corpo. Dá-me as chaves para entrar bem dentro de ti.
Cairão nos meus lábios os teus últimos vestígios de humanidade. No meu beijo tornas-te deusa de um Olimpo ainda por descobrir que eu reclamarei como meu.
Sucumbe a esse tsunami, que se forma bem dentro de ti à medida que os meus dedos te tocam.

Estou dentro de ti.
Vagarosamente desfaleces enquanto as vagas de prazeres ainda para ti desconhecidas ganham forma.
Novos mundos irreais desfilam perante os teus olhos. Mundos de desejos inconfessados e inesperados.
É expelido bem das tuas entranhas o sacrilégio de te entregares tão completamente.
Sou inundado por rios com caudais excessivos de sussurros guardados por tempos demais.
Há um doce aroma de morte no ar.
A morte de passados inarrados e inconfessados.
o teu corpo abriu as portas para uma nova dimensão quimérica em que a mente enriquece com novos diamantes delapidados por pensamentos.


Eu... Apenas mostrei que é possível...