segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Gosto da maneira como decoraste o teu cárcere.
As cortinas negras de recordações que disfarçam bem as grades.
As fotografias de outros tempos espalhadas pelas paredes.
Os livros empilhados na mais perfeita forma de anarquia com sentido.
A roupa impecavelmente arrumada no armário que palpita de desejos.

A tua cama onde os lençóis lutam entre si para absorver o máximo do teu cheiro.
Os cobertores a que te agarras nas noites de paixão solitária.
Destino mais desejado para este viajante eterno.

O espelho onde consegues ver o teu carcereiro.
Só aí o consegues ver...

O prego na parede que serve para colocares as chaves,
mas que nunca lá estiveram...

A porta do teu cárcere sempre esteve fechada apenas por dentro...

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