quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Solidão e saudade
Romarias de pensamentos
Ainda vazios de idade
Apregoados aos 4 ventos

Há quanto tempo me pergunto?
nunca nada tem resposta
No inferno a quem estou junto
Apenas a verdade a mim se encosta

Verdades de mentiras
ou mentiras verdadeiras
Estão nas eternas liras
as palavras lisonjeiras

Pelas romarias passeio
a tudo que relego
Sentimentos com asseio
Por ti estou cego.
Por ti verti lágrimas doces as quais já tinha esquecido o sabor
Ellas deslizaram pelo meu rude rosto a cantar melodias desaparecidas
Para se fixarem na minha alma com todo o seu belo ardor
Despertaram todas as minhas carícias adormecidas
E libertaram novamente todo o meu incontrolável amor.

Ele anda á solta como uma besta tresloucada
Barreiras não encontra no seu caminho
Para te encontrar minha amada.
O desejo sai agora tímidamente de seu ninho
Voraz e capaz de provocar uma intifada.

As guerras passadas enaltecem o sentimento
E o teu beijo destroi o enorme receio
De só te ter apenas num momento.
Descansarei encostado ao teu seio
E jamais terei um unico lamento.
Ouve o som dos trompetes a eclodir nos vastos céus escarlates.
Anunciam a vinda do falso messias a que palmas condenaram a viver em exílios espirituais.

Ouve a doce e tumultuosa melodia debitada neste funesto fim de dia.
Para o receber encontra-se apenas o que jamais estará só.
Ah, solidão essa condição de extrema unção...

Vindouros estão novos pronúncios gravados nos bélicos prepúcios.

Guerras não apresentar-se-ão na linha da frente.
E tudo continuará exactamente como antes.

Excepto para o nunca só pois esse voltou para si.

Hard Club, 4 anos depois.

Algures em 2006 foi a ultima vez que entrei no mágico espaço do Hard Club em Vila Nova de Gaia para ver os tiranos do metal negro, Gorgoroth.
Agora, o Hard Club reabriu as suas portas, que estavam encerradas desde 2007, na cidade do Porto no antigo mercado Ferreira Borges. Infelizmente, do antigo espaço só herdou mesmo o nome. Quem conheceu bem aquela sala, sentia toda a sua imponência a vibrar pelo ar. Pelos vistos, agora o Hard Club é constituído por duas salas, mas talvez nem a um terço da qualidade comparativamente com Vila Nova de Gaia.
Nem tudo é mau. Uma sala de concertos totalmente pintada de negro é uma visão surreal. Único ponto positivo a destacar desta minha estreia no novo Hard Club.
Ora bem, um recinto de concertos tem que primar pelo som e o que ouvi ontem em Anathema não era nada de especial, se compararmos novamente com o antigo espaço. Mas deixo o benefício da dúvida para esta questão tendo em conta a particularidade do som de Anathema.
Ponto muito negativo que bate toda a escala da negatividade; o calor infernal que se faz lá sentir. Suor corre por todos os meus poros e uma pessoa acaba por se sentir incomodada e desliga-se um pouco do concerto em questão. Se isto é uma estratégia para forçar as pessoas a beberem mais, digo que pela minha parte não precisam desse tipo de terrorismo pois já bebo o bastante com ou sem calor.
A suposta interdição de fumar é para rir. Concertos de Rock com o belo do cigarro numa mão e a etérea cerveja na outra faz parte do ritual de exorcismo. Mas obviamente, não estivéssemos em Portugal, essa proibição foi ignorada na totalidade.

Em relação a Anathema, acaba por ser um pouco paradoxal, mas soube a pouco mesmo tendo tocado duas horas e meia. Tocar o ultimo álbum na integra é um risco enorme visto que algumas das músicas novas roçam um pouco o entediante. Mas acabou por ser uma bela noite passada por entre o suor, a cerveja, o fumo, os sing alongs às grandes letras de Anathema e o espírito de muito boa onda que reinava no Hard Club. Voltem sempre Anathena. Serão sempre bem recebidos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

As emoções trepam pelas escarpas agressivas do momento, apenas desejam hastear a sua bandeira no cume do tempo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Crónica de uma viagem de comboio.

O comboio vai partir...
Apressados, os mais retardatários, correm com as suas malas carregadas de esperanças e de sonhos. Trazem vestido hoje um sorriso no rosto e pavoneiam-se na passarelle diminuta do entardecer.
Outros deixam para trás o amor de uma vida e, por sua vez, vestem uma melancolia indisfarçável no olhar. Anseiam pela viagem de volta e pelos mesmos lábios que agora se despedem, mas que lhes darão as boas vindas no regresso.

O comboio parte, os acenos já ficaram para trás como se num túnel.
Está na hora de combater o ócio da viagem.
Refugio-me na leitura. Sempre carregado de livros. Outros olham a paisagem demasiado agreste deste Portugal. A seguir ao betão armado e desordenado segue-se o verde por cultivar dos campos tristes e expectantes... há demasiado tempo...

Uma estação...
Olho pela janela para observar as pessoas. para ver se são diferentes...
Um casal de metaleiros aguarda o comboio, partilhando com grande cumplicidade um silêncio falador.
Uma família despede-se da filha mais velha que entrou agora para a faculdade. Tem um misto de orgulho e de receio estampado no rosto. Que trará o futuro para estes jovens de hoje?

A viagem continua...

Já li o "Estilhaços" de Adolfo Luxúria Canibal.
O anonimato dos comboios esconde em si a vontade de as pessoas falarem umas com as outras, mas há uma barreira invisível que o impede...

o comboio atrasa-se...
Fala-se de um Tgv enquanto as ligações ferroviárias estão uma desgraça. Portygal sempre governado por incompetentes. O império parece-me mera obra de ficção sinceramente.

Então surge o Porto, esculpido no seu cinzento típico e as suas casa a cair de velhas. Arrepia ver o Porto passando a ponte de S João.
A minha cidade, por empréstimo... Aquela que eu adoptei...