segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Crónica de uma viagem de comboio.

O comboio vai partir...
Apressados, os mais retardatários, correm com as suas malas carregadas de esperanças e de sonhos. Trazem vestido hoje um sorriso no rosto e pavoneiam-se na passarelle diminuta do entardecer.
Outros deixam para trás o amor de uma vida e, por sua vez, vestem uma melancolia indisfarçável no olhar. Anseiam pela viagem de volta e pelos mesmos lábios que agora se despedem, mas que lhes darão as boas vindas no regresso.

O comboio parte, os acenos já ficaram para trás como se num túnel.
Está na hora de combater o ócio da viagem.
Refugio-me na leitura. Sempre carregado de livros. Outros olham a paisagem demasiado agreste deste Portugal. A seguir ao betão armado e desordenado segue-se o verde por cultivar dos campos tristes e expectantes... há demasiado tempo...

Uma estação...
Olho pela janela para observar as pessoas. para ver se são diferentes...
Um casal de metaleiros aguarda o comboio, partilhando com grande cumplicidade um silêncio falador.
Uma família despede-se da filha mais velha que entrou agora para a faculdade. Tem um misto de orgulho e de receio estampado no rosto. Que trará o futuro para estes jovens de hoje?

A viagem continua...

Já li o "Estilhaços" de Adolfo Luxúria Canibal.
O anonimato dos comboios esconde em si a vontade de as pessoas falarem umas com as outras, mas há uma barreira invisível que o impede...

o comboio atrasa-se...
Fala-se de um Tgv enquanto as ligações ferroviárias estão uma desgraça. Portygal sempre governado por incompetentes. O império parece-me mera obra de ficção sinceramente.

Então surge o Porto, esculpido no seu cinzento típico e as suas casa a cair de velhas. Arrepia ver o Porto passando a ponte de S João.
A minha cidade, por empréstimo... Aquela que eu adoptei...

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