quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sugestão para o fim de semana. Swans ao vivo em Guimarães. Sábado. Optimus Primavera Club.

Um tema como este é obrigatório neste blog anti-humano.
Sou um cleptomaníaco e como todos os cleptomaníacos tenho a tendência a roubar algo que não tenho necessidade.
Por isso é que eu quero roubar-te.
Resgatar-te da realidade irreal que construíste com oníricas paredes frágeis e janelas que o não são. São meros espelhos...

Não preciso de ti, mas quero-te mais do que a própria vida.
Não sei se só mesmo pelo prazer dúbio de roubar-te,
Ou se pelo puro masoquismo que é ter-te.
Ou então quero roubar-te apenas para guardar-te e esperar que no futuro voltes a ter um bocadinho do valor que já tiveste para mim.
Já foste tesouro milenar,
Santo Graal da existência que se auto-imolou.

Chama-me sonhador, o que quiseres, é-me indiferente.
Sempre terás algum valor para mim.
Agora, meramente simbólico, uma recordação ténue, agridoce, igual a um mero objecto.
Talvez seja assim para sempre, mas só roubando-te e guardando-te bem escondida de tudo e todos é que poderei ter a certeza.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Dono anticristão, Miau anticristão.


Quem tem medo do silêncio é sempre quem nada tem para dizer.

Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada. 


Fernando Pessoa.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Há uma linha que separa a arte do artista. Essa linha chama-se humanidade.

Jef Whitehead é um conceituado tatuador norte-americano mais conhecido no meio da intitulada música extrema pelo seu nome de guerra "Wrest". Para mim, o melhor músico de sempre. Sozinho gravou nada mais nada menos que 35 registos desde 1998 até aos dias de hoje (demos, ep´s, álbuns) com uma duração média de 1 hora . Poder-se-á afirmar que o homem "caga música". Impressionante até aqui, não?
Agora vem a parte má (humana): No ano passado Jef foi preso por violar e torturar a sua namorada com uma máquina de tatuar. Nem Brett Easton Ellis ou Dario Argento lembrar-se-iam de tal coisa para usar nos seus livros/filmes.
Usei o exemplo prático de Jef porque eu sempre defendi que a arte e o artista tem que estar separados. Quando coloco aqui, e faço-o muitas vezes, músicas, citações, etc... estou a prestar homenagem à arte criada e nunca à pessoa. Isto porque, por muita arte que consuma, jamais quero conhecer verdadeiramente o seu autor. Porque, obviamente, o autor é uma pessoa e todas as pessoas são merda....
Veja-se o caso de Jef: depois de saber disto já não consigo olhar para a sua música da mesma maneira.
É que não quero mesmo saber nada sobre os artistas a nível pessoal, porque isso vai influenciar e denegrir a minha opinião sobre a sua arte.
Já estive com muitos artistas à minha frente dos quais possuo e consumo muita coisa, mas jamais lhes dirigi a palavra. Não os quero conhecer. Prefiro ficar apenas com o seu mito. Com o seu trabalho que tanto valorizo. A partir do momento em que se transformam em pessoas com todos os (muitos) defeitos inerentes ao ser humano esse mito desfaz-se...
E como Nietzsche dizia : "Temos a arte para não morrer da verdade."