quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"O medo é como o fogo. Se controlarmos o fogo, ele serve-nos. Serve para cozinhar e aquecer-nos a casa. Se não tivermos o controlo sobre ele, ele consome-nos e destrói-nos.
Se dominarmos o nosso medo controlámos a nossa vida." Autor desconhecido

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Anuncio solenemente a mediocridade sem idade.
Se tivesse incarnado sob a forma da verdade,
Eclipsaria sois e luas que brilharão em céus vermelhos de exasperação.

Enfrentando o frio da noite que se onduleia à passagem das sombras,
Caem flocos de almas congeladas que um dia ousaram abrir os olhos.
O alívio de chagas psíquicas está à distancia pequena e gigante de um mero toque.
Um simples toque carnal, despido de complicação, trajando somente humanidade.

Espera... pelos teus sonhos...
para afogares as tuas lágrimas.
Espera... para escapares...
Faz as malas e veste apenas o inspirar.
Parte rumo a placas que dizem saída mas que são na verdade entradas para novos labirintos.
Não sufoques com o teu ar pesado de pensamentos.
Inspira... Não o ar...
Inspira... Os que querem escrever...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O tempo passa lentamente ou tão depressa que nem sequer nos apercebemos da sua passagem. É sempre relativo.
Gosto do relógio apenas para ver quanto falta para sair do trabalho.
O tempo deixa marcas. Algumas profundas, outras apenas superficiais que com um pouco de
pomada sentimental são rapidamente removidas.
Não acompanho o curso do tempo, não acompanho nada, nem nada me acompanha.
Não diria que algum dia iria estar tão colado a ouvir esta música. Não foi o tempo que me mudou. Fui eu que mudei o tempo... e agora é tempo de descobrir o que ficou escondido em cadafalsos condenado injustamente enquanto eu teimava em não mudar apesar das evidências...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O ar está rarefeito lá fora.
Sentimos a sua presença a contorcer-nos a mente.
Vamos fugir.
Vamos bem para dentro de mim.
Lá, há sempre algum local com janelas para observarmos o nosso silêncio em todas as suas formas metamorfósicas.
Vamos para dentro da minha mente. Com viagem só de ida.
Vamos divagar por entre suplícios e apontar o dedo em direcção à eternidade.
Vamos... Não tenhas medo.
O medo já não governa aqui. Foi substituído pela curiosidade e pela sede infinita do infinito e desconhecido, sejam quem forem esses novos ditadores.
Vamos bem para dentro de mim percorrer as minhas veias onde corre o sangue revoltoso e fiquemos aí à deriva que nunca o será. Ele corre violento e em paz e desagua algures onde bombeiam as alienações de realidade.
Vamos bem para dentro de mim...
Cá fora está frio.
E as existências lutam contra si próprias...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Para comemorar uma semana completa de sobriedade.

A sobriedade pode ser ainda mais alteradora da realidade...
Um anjo banha-se num rio negro e nas suas margens as flores murcham.
O seu mais simples toque provoca enormes e furiosas ondas onde supostamente as águas são calmas.
O anjo ergue com as suas mãos uma quantidade indefinida dessa água dum negrume impróprio para consumo e atira-a violentamente sobre o seu rosto tatuado com retratos com esgares de dor. Água suja, repleta de despojos de vontades humanas, serve para o anjo despertar da dormência em que vivia. A dormência de aspirar ao inaspirável.
Abatem-se sobre ele esses resquícios nauseabundos das vontades humanas que ali foram lançadas para desaguar em mares de grandiosidades e despertam o que jamais poderia ser despertado num querubim celestial: a vontade de ser humano.
A vontade de perder as asas e poder caminhar apenas. Sentir que lhe doem os pés por nunca mais chegar onde pretendia.
A vontade de perder a sua beleza idílica e ser substituída por rostos de banalidade.
A vontade de perder a sua aura e poder pecar. Cometer crimes contra quem o criou.
A vontade de ter vontade...
O anjo consegue ver o seu reflexo celestial apesar de todo o lodo contido e remove-o com a sua espada flamejante que era destinada a dilacerar as almas humanas.
O anjo torna-se humano. Torna-se hermafrodita porque acredita na igualdade.
Toca nas flores que haviam murchado com as suas novas mãos e elas perecem finalmente nas suas mãos. Agora sim é um ser humano com a vida alheia a desvanecer-se nas suas mãos.