quinta-feira, 8 de abril de 2010

Estou sempre à procura da plenitude das emoções.
nesta perseguição infinita viro as costas aos arrependimentos que me montaram cerco cerrado por momentos que se transformaram em aparentes séculos.
Na minha retaguarda, eles entoam cânticos de escárnio e profetizam desgraças bíblicas para mim que desobedeci às suas leis supremas.
Neste circulo restrito de arautos da decadência sou tema constante e incontornável de não-eruditas conversas.

O que fui, já ficou lá para trás, soterrado em paredes de memórias.
Sinais de perigo espreitam em cada brecha de ligação dos pensamentos. Ignorados são por esta enorme ambição que se recusa a dizer não.

O que tanto ambiciono?
Somente tudo.
Depois de conquistar o tudo, virar-lhe-ei as costas também. O que foi derrotado fica esquecido. Não me vanglorio, porque a vanglória contem em si o prefixo vão. E é tudo em vão pois a cada esquina dos pensamentos novos raciocínios terão que ser arquitectados e edificados.

Estranho este masoquismo psicológico em estado analógico ao qual, e apenas a ele, não consigo virar costas-

quarta-feira, 7 de abril de 2010


Invisto com palavras contra eles, esses inimigos recém-encontrados.
No cimo do meu condor de tempos imemoriais fui despido de dor.
Inimigos invisíveis mas sempre execráveis com vitórias inexoráveis.
Eles não tem rosto ou artefactos demais mas conseguem ver os meus olhos irreais. São olhos com auroras não celestiais, trovadores e sem amores imersos em sonhos dispersos e com uma fome insaciável de triunfos incontestáveis.

Tripulo habilmente a minha ave ressuscitada com a sua forma desprezada. Faço voos rasos a ti e solto fogos fátuos de falecidos enamoratos.

O universo é demasiado pequeno para me conter nas suas paredes. Uma claustrofobia crescente a céu aberto forma-se em espiral e ganha um contorno abismal.
agiganto-me na minha inferioridade e esgrimo palavras contra a surrealidade.

Só queria que soubesse que não voltarei desta viagem. Só há lugar para mim no meu condor e para a minha turbulência mental.
Tenho como destino a sanidade, esse paraíso perdido onde me esperam seres envergando as vestes da sabedoria. Lá beberei das águas da verdade e adquirirei uma nova racionalidade que exibirei humildemente a todos os meus eus contorcendo-se em inveja.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Para quem me conhece.

Sim, eu já consigo ouvir Radiohead, em especial esta musica. A metamorfose está completa.

Envenamento Nocturno


A suavidade e beleza atrozes das paisagens nocturnas é ingerida num cálice dourado com talhas aristocráticas de clãs de homens sem fé e confiança de qualquer espécie.
Doce elixir que corre rapidamente por veias entupidas outrora por vontades desconexas que nunca caminharam livres e com forma, por mais horrenda e monstruosa que fosse.
Este veneno de almas entra em ebulição e não obstante as diferentes profundidades a que as almas estejam sepultadas no corpo humano, escava sempre pelo emaranhado de tecidos e cartilagens corroídas que compõem estes corpos destituídos de imortalidade e abrem sulcos para onde flui livremente.

A noite envenena mas nunca condena.
Ela enfeitiça e todos os fogos atiça.
É divinal o seu néctar e este veneno psicológico floresce num pomar de pecados cultivado por amaldiçoados. que um dia ousaram desfiar as suas consciências .
Eu sou um deles e visões idílicas do meu veneno a escorrer pelos teus lábios formam-se mais rapidamente do que as nuvens numa tempestade.
Deixa-o correr bem dentro de ti.
Qual alucinogénico transgénico... Apenas um fugaz vislumbre da minha noite para tu provares...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Calem-se!!!!
Eu desejo apenas estar a sós com o meu deus!!!
Não o encontrarei em alguma espécie de templo erguido em meu nome. Não sei onde estará!!!
Esse nómada esconde-se nos viadutos da existência, mas são tantos...
quando me encontrar a sós comigo próprio, a conversa transporá a superfície terrestre e talvez assistamos à minha fusão comigo próprio.
Tamanha tempestade sideral superará o Big Bang, apenas terá o efeito inverso.
Sabes bem o meu nome e que estou sempre a teu lado.
Sou o teu eu mais irado e que pensavas já finado.
Conheço todas as palavras escritas no livro que és tu, algumas foram escritas por mim.
Talvez tenha-te mostrado significados ilustrados ou mesmo desajustados de provérbios inacabados.

Talvez... Nunca nada é certo. Jamais digas que eu estou correcto ou errado, apenas diz que estarei sempre a teu lado.

Interpretações, ilações, tudo meras ilusões.
Factos? Meros sonhos nas noites febris.

O meu nome é um facto- dizes tu.
Sim- mas eu não sou uma palavra, sou várias ou mesmo nenhuma.
Uma abstracção latente no vazio dormente.
Um pictograma em forma de anagrama e, para outros, de anatema.
Vulto vestido de sombras luzidias.
Tudo e nada, uma besta alada...
Indecifrável e desfigurado, mas sempre a teu lado. Talvez, esse, o unico facto...

Poema álcoolico

O álcool faz-me caminhar nas nuvens.
Pé ante pé, deslizar suavemente.
Transforma todas as escuridões em leves penugens
E toda a dor de existir em dormente.

Estranhas estas nuvens de suavidade
De etéreos devaneios repletas
Como ondas de inconformidades
E poesias sempre incompletas


O porquê de eu ser assim?
talvez seja apenas pergunta retórica
Ou a resposta bem dentro de mim
E revelar-se-á de forma metafórica.

Perco-me em doces torpores
E viagens infinitas e deleitosas
No refugio de todos os amores
E todas as emoções tormentosas

Sei que é um vício nefasto
E no meu corpo corrosivo
Mas nele faço o meu repasto
E abandono tudo o que é destrutivo

Não é veiculo de fuga
Ou sequer de camuflagem
Todas as emoções subjuga e os pensamentos em eterna rumagem


Sou, pois, um alcoólico
Apenas mais um retalho
Neste imenso ser caótico
Que na vida procura um atalho


Baudelaire tinha o seu absinto
Pessoa o seu ópio
Eu apenas tenho o que sinto
Agora despido de ódio

Não procuro reconhecimento
Muito menos absolvição
Apenas eternizar o momento
Em que tenho a minha própria adoração

aqui estou eu sempre presente
Eu e o meu alcoolismo
Em toda a ironia está latente
Todo o estoico necroticismo

O que procuro no fundo do copo?
Talvez, o que não deseja ser encontrado
Quiçá o eu que não habita este corpo
Ou apenas a certeza de que estou sempre errado.