O álcool faz-me caminhar nas nuvens.
Pé ante pé, deslizar suavemente.
Transforma todas as escuridões em leves penugens
E toda a dor de existir em dormente.
Estranhas estas nuvens de suavidade
De etéreos devaneios repletas
Como ondas de inconformidades
E poesias sempre incompletas
O porquê de eu ser assim?
talvez seja apenas pergunta retórica
Ou a resposta bem dentro de mim
E revelar-se-á de forma metafórica.
Perco-me em doces torpores
E viagens infinitas e deleitosas
No refugio de todos os amores
E todas as emoções tormentosas
Sei que é um vício nefasto
E no meu corpo corrosivo
Mas nele faço o meu repasto
E abandono tudo o que é destrutivo
Não é veiculo de fuga
Ou sequer de camuflagem
Todas as emoções subjuga e os pensamentos em eterna rumagem
Sou, pois, um alcoólico
Apenas mais um retalho
Neste imenso ser caótico
Que na vida procura um atalho
Baudelaire tinha o seu absinto
Pessoa o seu ópio
Eu apenas tenho o que sinto
Agora despido de ódio
Não procuro reconhecimento
Muito menos absolvição
Apenas eternizar o momento
Em que tenho a minha própria adoração
aqui estou eu sempre presente
Eu e o meu alcoolismo
Em toda a ironia está latente
Todo o estoico necroticismo
O que procuro no fundo do copo?
Talvez, o que não deseja ser encontrado
Quiçá o eu que não habita este corpo
Ou apenas a certeza de que estou sempre errado.
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