quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As palavras parecem esconderem-se entre paredes de betão.
Antes, caiam em voos livres como aqueles que as folhas parecem já ameaçar fazer neste outono que tardou tanto.
Não existe falta de imaginação ou sequer inspiração.

O antes implica sempre um depois e esse depois é conotado como futuro e nunca como presente.
Nas entrelinhas encontram-se os mais sublimes significados.
Desnudam-se timidamente a cada passagem dos pensamentos.
Talvez as melhores palavras, aquelas cujo significado não se ouve, sejam mesmo aquelas que não são ditas, pensadas ou que ganham forma numa folha de papel.
Talvez o silêncio seja a melhor forma de demonstrar opiniões. A melhor forma de comunicar... Talvez... Essa palavra ausente de certezas.
Mas o silêncio não tem dúvidas... ou sequer certezas.
Não se dá por ele e ele não quer ser notado.
Fala e eu oiço e eu não falo e ele ouve-me ou apenas lê-me mesmo quando não escrevo absolutamente nada.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Hoje, sinto-me velho...

Tempos idos, tão fodidos...

Tempos perdidos, tão sem sentidos...

Tempos de guerras sanguinárias

Tempos de pazes apenas imaginárias

O tempo e a sua relatividade,

Esculpida manualmente a idade.

O tempo não olha para trás

Não pergunta quem é capaz.

O tempo não tem rosto

Regicída de um rei já deposto.

O tempo não perdoa nem cura

Vil tirano de alma impura.

O tempo escraviza

A visão de um relógio horroriza.




... Mas as palavras que te escrevo são intemporais...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Anathema de volta ao Hard Club!!!

É já em Novembro! Falta pouco!!!! Sei que não vou ver esta música ao vivo, mas fica aqui uma das melhores destes senhores!!

O regresso de Brett Easton Ellis.


A literatura e a música são as formas supremas de arte. Existem muitas bandas e escritores por esse globo fora mas há sempre uns muito especiais que nos fazem crescer água na boca enquanto esperámos pelos seus regressos.
Um desses casos muito raros, para mim, é Brett Easton Ellis. Escritor norte-americano que alcançou o sucesso logo com o seu primeiro livro que escreveu apenas com 20 ou 21 anos, "Menos que zero". Um livro bombástico sobre as existências de jovens da classe alta californiana, ou melhor, sobre a futilidade dessas mesmas existências. Seguiu-se uma adaptação hollywoodesca da obra que foi repudiada pelo autor. Estamos a falar dos anos 80, a década em que todos os extremos ganharam vida e a ausência de preconceitos de Ellis tornou-o uma grande estrela da literatura norte-americana.
Seguiu-se "As regras da atracção" que teve também direito a filme hiperbolizado por hollywood. A temática segue a linha do primeiro livro, com o vazio e a ambiguidade de jovens universitários como pano de fundo.
Mas foi com "Psicopata Americano",que, para variar um bocadinho, também teve direito a filme, embora este bem que podia ter uma décima da violência latente nas páginas daquela obra prima da decadência e violência extrema, que Ellis atingiu o orgasmo da criação escrita. O livro foi best seller nos states e foi probido em alguns países. Se ainda se queimassem livros, este seria o primeiro a entrar na fogueira. Não me alongo mais sobre este livro porque sobre ele já escrevi um post algures por aqui. Procurem... e leiam o livro se se atreverem e não se impressionarem facilmente.
Depois de chegar ao tecto do universo, Ellis brindou-nos com um livro com pequenas estórias na forma d`"OS informadores" e adivinhem lá? ......... Também saiu em filme, embora este bastante recente e o mais fiel á obra de todos não fosse Ellis um dos produtores. Este livro vai buscar personagens das obras anteriores e outras novas em que as suas estórias acabam por se cruzar nalgum ponto por muito mínusculo que seja.
"Glamorama" já não teve direito a filme (OOHHHHHHHH) por enquanto... Mas fala-se que já anda alguém a tratar disso. Marcou um estilo um pouco diferente e um pouco mais soft de Ellis, mas a sua mensagem e escrita ireverente estão lá.
"Lunar Park" de 2005 acabou por ser um livro um pouco chocante para os seus adeptos (eu estou numa das linhas da frente). Ellis colou-se muito a Stephen King. A narrativa tinha pernas para a andar mas acabou por não se notar o estilo muito próprio de Ellis no livro. A personagem principal é alguém chamado Brett Easton Ellis que escreveu um livro chamado "psicopata Americano". Curiosos? Ellis é assim, irreverente. Um bom livro para quem não conhece a obra anterior, mas para quem delira com cada palavra ficou a saber a pouco.
5 anos e muitas conjecturas depois, surge "Quartos imperiais". Um regresso ás origens literal de Ellis. Sim, porque este livro é uma continuação de "Menos que zero" uns anitos depois. Os fantasmas que atormentavam Ellis em "Lunar Park" desapareceram e está o grande crítico da vida da classe alta americana de volta com um humor voraz e com algumas(Reduzidas) partes a lembrar toda a insanidade e violência de "Psicopata Americano". Adoro o que Ellis escreve porque ele reduz a existência a um emaranhado de conflitos e o vazio é uma constante.
Estava um pouco receoso com este regresso porque passou-se algum tempo desde a ultima publicação e o estilo de Ellis parecia estar a esvanecer. Bem-vindo de volta Brett. "Quartos imperiais" aborda a insanidade do amor e o que ele nos leva a fazer. Manipulações, muito sexo, droga e algum gore estão aqui presentes. Quem sabe nunca esquece...
Somos apenas um piscar de olho. Temos a duração de um murmúrio ténue.
Somos carne incandescente auto-imolada.
Somos o que não somos e não somos o que jamais seremos.
Somos a ausência de sombra quando o sol nos fustiga incessantemente.
Somos chuva no molhado, atrocidades bélicas, ou personificação dos desejos de paz.
Somos sonhos irreais apenas porque não tentámos.
Somos um breve respirar quando o ar se torna exíguo.
Somos tenores ou sopranos em constante busca de afinação.
Hedonistas nem sempre racionalistas... assim vai a existência. Condenada a existir.
Prisão ou liberdade condicionada, nós escolhemos.
Eu escolho... Pensar e escrever. A única existência não material ou sob a forma de massa que extravasa a percepção e as limitações que nos auto-impomos.
Somos meros sinónimos porque os verbos já estão esgotados.
Eu desejo o que não desejo porque quando desejo arrependo-me porque torna-se realidade.
Somos palavras ainda por decifrar o significado e nenhum dicionário ousa nos albergar nas suas páginas...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ouvem-se as vozes da transgressão.
Transgridem toda e qualquer lei.
Lêem-se as palavras da revolta.
Amotinadas contra regras pragmáticas.
O poder da palavra é inquestionável...
Mas será mesmo?
A surdez e o analfabetismo parecem governar onde as estabelecidas legislações terminam o seu domínio.
Mas alguns continuam a debitar as suas palavras ao vento ou a confina-las em papel.
Como se ganhassem vida através de um artifício mágico qualquer ainda intestemunhado ou apenas repudiado pela igreja e outras instituições opressoras demais.
Não lhes desejo o mundo, apenas o universo a esses audazes. Porque as paredes do mundo são claustrofóbicas e a falta de oxigénio oprime-me o cérebro.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu consigo ler no teu rosto belas estrofes de poesia ainda por declamar.
A linha do contorno do teu rosto invoca musas metafóricas, por vezes, psicotrópicas.
A poesia é subjectiva, mas a beleza que emana do teu rosto jamais o será. Está liberta em versos perfeitos em que cada palavra reveste-se de significados nunca antes testemunhados.
Não busca aclamação ou a eterna adoração, apenas existe sem alguma vez ter sido lido.
É obra-prima não ficcionada, mas demasiado perfeita para ser considerada como humana.
Esconde-se entre os sonetos que são os teus olhos, a vida das linguas mortas que consagraram o inexistente. Nesta nova vertente do que nunca será aparente, encontro-me eu, o deficitário de vocabulário primário... o eu que não te quer escrever... o eu que apenas te quer ler... como poesia.