quinta-feira, 23 de setembro de 2010
O regresso de Brett Easton Ellis.
A literatura e a música são as formas supremas de arte. Existem muitas bandas e escritores por esse globo fora mas há sempre uns muito especiais que nos fazem crescer água na boca enquanto esperámos pelos seus regressos.
Um desses casos muito raros, para mim, é Brett Easton Ellis. Escritor norte-americano que alcançou o sucesso logo com o seu primeiro livro que escreveu apenas com 20 ou 21 anos, "Menos que zero". Um livro bombástico sobre as existências de jovens da classe alta californiana, ou melhor, sobre a futilidade dessas mesmas existências. Seguiu-se uma adaptação hollywoodesca da obra que foi repudiada pelo autor. Estamos a falar dos anos 80, a década em que todos os extremos ganharam vida e a ausência de preconceitos de Ellis tornou-o uma grande estrela da literatura norte-americana.
Seguiu-se "As regras da atracção" que teve também direito a filme hiperbolizado por hollywood. A temática segue a linha do primeiro livro, com o vazio e a ambiguidade de jovens universitários como pano de fundo.
Mas foi com "Psicopata Americano",que, para variar um bocadinho, também teve direito a filme, embora este bem que podia ter uma décima da violência latente nas páginas daquela obra prima da decadência e violência extrema, que Ellis atingiu o orgasmo da criação escrita. O livro foi best seller nos states e foi probido em alguns países. Se ainda se queimassem livros, este seria o primeiro a entrar na fogueira. Não me alongo mais sobre este livro porque sobre ele já escrevi um post algures por aqui. Procurem... e leiam o livro se se atreverem e não se impressionarem facilmente.
Depois de chegar ao tecto do universo, Ellis brindou-nos com um livro com pequenas estórias na forma d`"OS informadores" e adivinhem lá? ......... Também saiu em filme, embora este bastante recente e o mais fiel á obra de todos não fosse Ellis um dos produtores. Este livro vai buscar personagens das obras anteriores e outras novas em que as suas estórias acabam por se cruzar nalgum ponto por muito mínusculo que seja.
"Glamorama" já não teve direito a filme (OOHHHHHHHH) por enquanto... Mas fala-se que já anda alguém a tratar disso. Marcou um estilo um pouco diferente e um pouco mais soft de Ellis, mas a sua mensagem e escrita ireverente estão lá.
"Lunar Park" de 2005 acabou por ser um livro um pouco chocante para os seus adeptos (eu estou numa das linhas da frente). Ellis colou-se muito a Stephen King. A narrativa tinha pernas para a andar mas acabou por não se notar o estilo muito próprio de Ellis no livro. A personagem principal é alguém chamado Brett Easton Ellis que escreveu um livro chamado "psicopata Americano". Curiosos? Ellis é assim, irreverente. Um bom livro para quem não conhece a obra anterior, mas para quem delira com cada palavra ficou a saber a pouco.
5 anos e muitas conjecturas depois, surge "Quartos imperiais". Um regresso ás origens literal de Ellis. Sim, porque este livro é uma continuação de "Menos que zero" uns anitos depois. Os fantasmas que atormentavam Ellis em "Lunar Park" desapareceram e está o grande crítico da vida da classe alta americana de volta com um humor voraz e com algumas(Reduzidas) partes a lembrar toda a insanidade e violência de "Psicopata Americano". Adoro o que Ellis escreve porque ele reduz a existência a um emaranhado de conflitos e o vazio é uma constante.
Estava um pouco receoso com este regresso porque passou-se algum tempo desde a ultima publicação e o estilo de Ellis parecia estar a esvanecer. Bem-vindo de volta Brett. "Quartos imperiais" aborda a insanidade do amor e o que ele nos leva a fazer. Manipulações, muito sexo, droga e algum gore estão aqui presentes. Quem sabe nunca esquece...
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