Quem tem medo compra um cão.

Tenho assistido a uma "jack-assização" imensa na internet. Pessoas que fazem de tudo para serem conhecidas tal é o vazio interno que as consome barbaramente.
Eu não digo que o medo não me assiste, afirmo antes que sou masoquista no estado mais puro, parafraseando o malogrado David Carradine no filme "Kill Bill".
Sendo eu um benfiquista de barba rija (de tal modo que até a mim me irrito por achar o futebol algo estúpido. Usando a lógica isso faz de mim automaticamente estúpido também), sou desafiado a ver o jogo da supertaça Candido de Oliveira entre o Porto e o Guimarães no meio da claque do Porto (Super-Dragões).
Ora bem, eu adoro desafios e aceito sem hesitar e sem pensar no que poder-me-ia acontecer visto ir infiltrar-me no território inimigo. Agora penso nisso depois de tudo passado. A minha filiação clubistica é algo de que me orgulho e estava nas trincheiras dos sedentos de sangue benfiquista. Os cânticos e mensagens anti-glorioso são uma constante na sede da claque onde vou apanhar o autocarro para o jogo. À minima escorregadela da minha parte, o resultado poderia ser catastrófico.
Os milhares de adeptos do porto no estádio de Aveiro exibem os seus cachecóis contendo mensagens em nada simpáticas para a minha espécie. Sou reconhecido por alguém que me olha com ar de espanto, mas nem sequer fala comigo. Claro. Uma palavra bastaria para eu ser um novo mártir enquanto caminho nas alamedas do estádio à procura de cerveja.
É engraçado conversar com pessoas que contam estórias mirabolantes de jogos contra o Benfica.
Já estava bem bebido, para variar só um pouquinho, quando entro no estádio. Isso é perigoso, porque a cerveja faz-me perder todo e qualquer receios que possam existir no meu consciente.
O ambiente é bastante agradável, com a claque do Porto durante todo o jogo a não proferir um único cântico ofensivo às minhas hostes. Pareciam já se terem apercebido de que estavam perante o ser supremo e não o queriam desagradar.
Há o momento da verdade: Golo do guimarães e eu no meio da imensa onda azul. Lá deixo escapar um sorriso. consegui conter-me!!!! Yeeeessss. É uma sensação enorme de adrenalina que me invade.... Como se agora estivesse viciado nisso.
Termina o jogo e a viagem de regresso corre sem sobressaltos. Os dragões despedem-se de mim. Quase que me comoveu esse gesto. Se eles imaginassem...

Prova cabal do meu masoquismo. O meu jantar foi ás duas da manhã e nada mais nada menos do que o maior hamburguer do mc donalds.... Já sabia que hoje de manha me esperaria uma tormentosa meia hora na casa de banho...