Após mais um amuo do meu intrépido Opel Corsa- sou um coração mole: fico zangado com ele mas depois derreto-me perante a visão dos seus faróis tristinhos e o seu para-choques cheio de amolgadelas- lá tive eu que visitar o mecânico mais uma vez.
Ir ao mecânico sempre foi tormentoso para mim. Para além do óbvio despender de quantias avultadas nas reparações, fico embaraçado com os olhares recriminadores que recebo sempre que inspeccionam o carro.
É muito gira a relação que um mecânico tem com um carro que conhece: é um carinho tremendo. Com a descoberta de uma nova amolgadela da qual eu não dei conta, o semblante do mecânico fica mais carregado. O seu olhar entristece perante a sujidade que o carro exibe ( Eu não tenho culpa que não chova....), parece que consigo ler o seu pensamento:" como é que tu ainda estás com este gajo que te trata tão mal? Não admira que estejas aqui sempre." . Neste momento, começo a pensar que o meu carro tem um caso com o mecânico... Mais desconfiado fico quando o mecânico diz que o carro precisa de umas velas.... Será que eles andam a ter jantares à luz das velas e recitam poemas de amor eterno sob a trémula luz? A minha surpresa quando me apercebo que "velas" são peças que desaparecem no meio do emaranhado de fios e parafusos do motor...
O mecânico verifica os níveis dos fluídos da minha máquina e olha novamente com desdém para mim... Sinto-me tão culpado que baixo o olhar...
Chega a hora penosa de pagar. O mecânico despede-se do carro e eu fico a pensar que talvez o meu carro fosse mais feliz com alguém que lhe verificasse os fluídos regularmente e os fizesse verter quando necessário. Alguém que se preocupasse com ele e lhe desse tudo o que necessita...
Tenho imensa dificuldade em deixar algo partir... Mas quero ver o meu carro feliz. Talvez faça vista grossa a este adultério...
1 comentário:
Acho que percebo mais de mecânica do que tu... =D
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