Estou sepultado sob as pedras das muralhas que ergui para me proteger de mim.
Espreitei várias vezes pelos postigos da realidade na esperança de me ver lá fora a correr livremente com o vento a bailar com os pensamentos mais livres ainda.
A muralha foi crescendo noite após noite, edificada onde antes estivera um cemitério de lamentos.
Naquelas noites de silêncio sepulcral ainda os oiço; vagos, diletantes, dilacerantes.
Pergunto-me se estarei algures nesses lamentos, ou se estarei junto aos lobos a uivar à lua.
As pedras que transportei nos meus sonhos para a construção das muralhas são feitas de pequenos receios.
Uma a uma foram colocadas até que a construção ganhou forma. Uma forma dantesca...
Mas agora ruíram e deixaram-me preso apenas com uma mão a acenar na esperança que quando eu fôr à minha procura, no meio dos escombros, não seja tarde demais...
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