quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Estou sepultado sob as pedras das muralhas que ergui para me proteger de mim.
Espreitei várias vezes pelos postigos da realidade na esperança de me ver lá fora a correr livremente com o vento a bailar com os pensamentos mais livres ainda.
A muralha foi crescendo noite após noite, edificada onde antes estivera um cemitério de lamentos.
Naquelas noites de silêncio sepulcral ainda os oiço; vagos, diletantes, dilacerantes.
Pergunto-me se estarei algures nesses lamentos, ou se estarei junto aos lobos a uivar à lua.
As pedras que transportei nos meus sonhos para a construção das muralhas são feitas de pequenos receios.
Uma a uma foram colocadas até que a construção ganhou forma. Uma forma dantesca...
Mas agora ruíram e deixaram-me preso apenas com uma mão a acenar na esperança que quando eu fôr à minha procura, no meio dos escombros, não seja tarde demais...

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