sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A dor é a mais subversiva das drogas.
A única que me faz sentir vivo.
Tantas vezes basta a aspereza de um corte para sentir a vida brotar bem de dentro.
Noites inúmeras  vagueio por ruas e avenidas com a vã esperança abraçada ao receio de te ver.
Ás vezes consigo e sinto o coração quase a explodir no meu peito.
Perdoa-me o voyeurismo, mero sinónimo de masoquismo...
Perco-me numa dor suave e sublime que percorre as minhas veias enquanto caminhas absorta por esse pavimento que conduz os teus passos.
O teu olhar perde-se pelas montras que ousam cruzar-se no teu caminho e eu invejo-as.
Não me consegues ver bem escondido dentro de mim contorcendo-me em dores prazenteiras.
Um anonimato subtil só denunciado pelo sorriso que insiste em formar-se quando te vejo passar.
Nem imaginas a catarse que fazes eclodir.
O sangue corre a velocidade estonteante...
Irriga todos os meus sentidos dormentes...
Jorra em forma de pensamentos tão puros como lamentos.
Quero e não quero que o teu olhar encontre o meu para não desarmar a tua naturalidade.
Dói muito ver-te, mas é tão bom...
nem imaginas quanto.
São breves segundos etéreos em que viajo do abismo ao topo do universo.
És a minha dor e eu gosto tanto de ti...









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