Hoje disseram-me que tenho uns olhos bonitos, mas que era pena estarem sempre a contemplar o vazio. Mais uma vez a minha insensibilidade veio ao de cima. Tornei-me imune a sentimentos. Eu que era uma pessoa sensível e carinhosa tornei-me num monstro. Apenas procuro o nada. Lembro-me de várias conversas em que o nada era tudo e o tudo era nada. Pois... eu quero tudo e nada. Quero o que não posso ter e não quero o que tenho. Quero um pouco de paz. A minha vida deu demasiadas voltas em tão pouco tempo. Perdi duas pessoas muito importantes para mim. Tem sido sempre a descer... Já não imploro para ter o que tive. Só queria ver as coisas um pouco melhores para mim.
Pelos vistos escrevi um livro. Deve ter sido nas minhas horas de mais profundo desespero. Não o li. A pessoa que o leu gostou tanto que o queria editar. Faleceu... Não quero que ninguém leia aquelas palavras que imagino serão muito depressivas. Prefiro que fiquem enterradas junto de quem acreditou nelas e em mim. Eu não me lembro de as escrever. Simplesmente não quero que mais ninguém sofra a ler palavras de um solitário.
2 comentários:
Esse livro foi escrito em casa do Luis. É normal que não te lembres pois foi numa das tuas crises mais brutais. Ele descobriu-o por acaso e bateu mal a ler aquilo. Queria editá-lo à força. RIP Luis e Sónia.
Não me contaste. Também não tinhas que o fazer. Mas pensa que apesar de teres perdido pessoas importantes, há mais pessoas para quem tu és importante, que quer queiras quer não, são importantes para ti. E nós, os outros importantes para ti e que nos importamos contigo, existimos e não acredito que fiques imune a isso.
Muitos beijos de saudades
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