quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Crónica sobre a literatura portuguesa...

Sempre defendi com toda a garra o que acho que o nosso país tem de etéreo. Não são muitas as "coisas" que obedecem a esse ambíguo critério, mas a que mais se destaca é a nossa língua. O português é sublime de se ler quando bem escrito e habito num país de grandes escritores. Fernando Pessoa será o eterno supra-sumo (sempre quis utilizar esta palavra algures e aqui está ela, mais um desejo realizado...)
Para o país europeu com maior taxa de iliteracia e onde a leitura parece ser um pecado mortal, surprende-me imenso ainda aparecerem grandes novos escritores. Temos , por exemplo, o caso demasiado mediático de José Luís Peixoto. Não me entendam mal, o homem escreve bem, "O cemitério de pianos" é um grande livro, mas o resto que li dele ficou pouco acima do mediano.
Acho óptimo que publicitem imenso escritores portugueses, mas há outros que merecem igual ou ainda maior apoio. Falo, por exemplo, de Gonçalo M. Tavares. O homem escreve pah caralho. Ainda não li tudo dele, mas, foda-se, vá escrever tão bem para a c... da mãe dele. Pardon my french...
Existem outros exemplos modernos da arte de bem tratar o português, obviamente eu não me incluo, vã-se lá ver o numero de caralhadas presente neste minúsculo texto.
José Eduardo Agualusa, João Paulo Guerra, João de Melo, José Cardoso Pires são apenas mais uns nomes que mostram que a literatura escrita em português está bem e recomenda-se. São estes nomes que me fazem sonhar em, um dia, termos outro prémio nóbel da literatura. Mas, se calhar, é melhor não, senão acontece como o outro e vai viver para Espanha porque era perseguido pelo governo... Foi a situação que mais me deixou revoltado com um político, geralmente não quero saber dos políticos porque os considero meros sanguessugas, mas a ausência do presidente da republica português ao funeral de Saramago roçou o ultraje... Estava de férias o pobre homem! Não podia interromper as tão merecidas férias, pois ele trabalha arduamente todo o ano no majestoso palácio de Belém... Se fosse um Cristiano Ronaldo ou um Luís Figo, que nunca deram nada que possa ser realçado ao país, a falecerem queria ver. Seria uma choradeira enorme e o país jamais seria o mesmo.
Como mudar a mentalidade para as pessoas lerem mais? Não há hipótese. Por muitos planos nacionais de leitura que se façam, as pessoas não querem saber de leitura. Quem lê, é quase excluído da sociedade como se de um criminoso se tratasse. Um exemplo que se passou comigo: Uma noite de sábado e eu digo a uns amigos meus que me vou embora porque tinha muitos livros para serem lidos. Imaginem a chacota com que fui brindado!
As noites de copos já não tem aquela sedução ímpar de outrora. Estou perto dos 30 talvez seja por causa disso. Nessa noite troquei as prováveis 15 ou mais cervejas que iria beber mais os dois maços de tabaco que iria fumar pela companhia de um bom livro e uma boa garrafa de vinho tinto. E que noite que eu tive!
Mas isso sou eu. O renegado e orgulhoso...

Hoje fui a uma bomba galp e na caixa, onde geralmente estão os chocolates e demais coisas supérfluas, encontrava-se em grande destaque o ultimo livro de José Luís Peixoto. Na fila para pagar fui a única pessoa que sequer olhou para o livro. Nem que ele fosse oferta na troca de 50 pontos do cartão fast galp conseguiriam despachar um que fosse. Mas adorei a iniciativa desses chulos dessa empresa chamada Petrogal. Será que querem fazer aquele ditado " água mole em pedra dura tanto dá até que fura"? Boa sorte. Os livros estão em todo o lado, mas ninguém lhes pega...
Um dia engolirei estas minhas palavras! Yeah right!!!!!

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