terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tu não podes pedir emprestado o amanhã.
Não com uma qualquer taxa de juros metafórica sobre o que serás.
Não tens direito a uma pré visualização do teu rosto em frente de paisagens que ainda não conheces.
Podes implorar uma breve silhueta do teu corpo sob a sua forma futura, podes implorar por uma viagem aos confins dos teus pensamentos ainda não concebidos, mas a resposta dura de um não soará abrupta e imponentemente.

És um mero momento anónimo no tempo. Perpétuas-te numa eternidade ficcionada.
Cada piscar de olho, cada inspiração, cada insignificância mundana e humana, lançam alicerces para a construção do amanhã que tanto insistes em ver antes do tempo.
Ainda não é tarde para mudar o projecto!
O arquitecto é fléxivel e com imaginação infinita.
É parecido contigo. Tem uns gritos de dor que soam como os teus.
O papel onde ele desenha os contornos do teu rosto não corresponderá à obra final.
É sempre de uma dimensão demasiado reduzida esta tela e a escala varia de cada vez que a olhas.
Mãos à obra! A construção do teu amanhã espera-te!
Quando terminares o assentamento de cada uma das pedras filosofais, chegarás ao amanhã. e aí poderás vê-lo finalmente. Depois de construído na totalidade, a demolição é algo a que não podes ambicionar.

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