domingo, 22 de agosto de 2010

Crónica de um domingo á tarde.

Tardes cheias de vazio. As pessoas vestem as suas melhores roupas para preencherem as horas vagas em actividades o mais futeis possíveis. Os seres vazios de sentido passeiam nos seus automóveis, que apenas circulam nestes dias, desejosos e encontrarem uma fila gigantesca de carros em direção ao Mc donalds, Pingo Doce ou um centro comercial qualquer decrépito. Assim é possivel preencher as horas de ócio e de depressão por não se estar a trabalhar. A componente maquinal das pessoas vem ao de cima com essa ressaca gigantesca de cumprir tarefas nos empregos. Tempo livre para serem quem são, mas essas entidades humanas apenas disso tem o nome....

Não gosto de domingos á tarde. Acordei bastante cedo e não tenho vontade de fazer nada. Ontem embebedei-me novamente e não me lembro do que andei a fazer. Não tenho uma ressaca descomunal e só tenho vontade de sair de um sítio com paredes para me enfiar num sítio com ainda mais paredes. Vou tomar café com amigos, a conversa flui normalmente e anima-se a cada gole de cerveja ingerido. Beber 10 cervejas num domingo á tarde não parece muito normal numa tarde de domingo, mas o calendário e o relógio já deixaram de fazer sentido anteriormente juntamente com tudo.

Sinto-me vazio porque não estás aqui. Sinto-me vazio porque estás longe. Sinto-me vazio porque gostava de estar contigo e ter aquele aconchego de te olhar nos olhos. Sino-me vazio porque sempre estive vazio desde que partiste. Agora voltaste. E eu sinto-me vazio na mesma. Gostava que me removesses este vazio. Ele é preenchido com álcool mas devo ter algum cano com fuga porque ele esvai-se rápidamente. Não há substituto para os teus fluidos, este é o que mais se aproxima em termos de provocar uma ilusão de satisfação.

Gosto muito de ti e sempre gostei. Não sei quantas pessoas já passaram por mim mas nunca levaram consigo a minha essência. Partiram da mesma forma que chegaram. Muitas nem dei por elas, pareciam uma mera ilusão. Um sonho estranho inflamado por noites de copos extremas. Tudo parece ter um torpor alcoólico mesmo quanda a sobriedade impera.

Tudo isto para dizer que tenho saudades tuas e desejo ardentemente ver o teu corpo junto ao meu a observar as manchas na parede que aparentemente mudam de forma.É estupido e não faz sentido, mas nada faz. Tudo deixou de o fazer... Não questiones o que não tem resposta e deixa tudo deambular por aí.

Talvez beba em demasia porque tenho que manter a minha boca ocupada por não estar a falar contigo ou a beijar-te. Talvez... Tudo é uma incógnita. O futuro é apenas uma palavra. O destino é outra. As coisas acontecem com ordem natural ou não. A unica certeza: as tardes de domingo são uma seca.

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