Já aqui deixei algumas críticas ao estado do panorama musical português, mas nunca pensei que iria acontecer uma catástrofe como esta!
Passo a explicar: Este fim de semana decorreu em Vagos mais uma edição do vagos Open Air, penso que a segunda, suposto festival de metal que no seu cartaz conteve muitas bandas estrangeiras, algumas das quais não haviam, até á data, tocado em Portugal. Até aqui tudo bem. Eu próprio equacionei ir a este festival devido á qualidade do cartaz. Duas ou 3 bandas em dias diferentes seduziam-me seriamente. Acabei por não ir, pois acho os preços dos festivais proibitivos. Não o bilhete em si que até era acessível, mas a parafernália de coisas que envolve um festival; cerveja(muita, claro), comida(se sobrar dinheiro da cerveja), discos, etc..., constituem uma conjuntura muito pesada para a a minha carteira.
Pensei que já tinha visto de tudo em concertos, desde a policia a invadir o palco para terminar as actuações, bandas que não aparecem, porrada com fartura, polícia de intervenção, cemitérios partidos, etc..., mas fiquei estupefacto quando li que neste citado festival era proibido fazer crowd-surfing (acto que consiste em ser transportado pelo publico no ar por todo o comprimento do concerto). Aparentemente, quem fosse apanhado pelos seguranças em tão criminosa actividade, ficava com uma cruz na sua pulseira e ao completar 3 cruzes ganhava uma viagem para fora do recinto sem hipótese de reentrar.
Isto é completamente estúpido! Concertos de metal sem crowd surfing, mosh e stage diving tornam-se concertos de música clássica. Talvez para o ano a organização queira proibir a entrada de camisolas com dizeres ofensivos também. Hum.. é melhor estar calado, pois ainda ficam com ideias. Se eu tivesse ido a este tão digno festival e fosse pessoa de fazer crowd-surfing, isto não ficaria assim. 30 euros ou algo parecido era o que custava o bilhete. Quando se comprava um bilhete para um concerto de metal, comprava-se também uma entrada para um mundo á parte onde as leis do mundo civilizado e maquinal eram reduzidas apenas ao bom senso de cada um. Não se entrava num estado de repressão policial, mental ou de qualquer tipo de coação. Mas isso parece ter sido há séculos realmente.
O metal perdeu-se para sempre. Primeiro pelas pessoas supostas aficcionadas do género. Os metaleiros da nova geração são a mais pura encarnação de betos. meninos e meninas tão bem comportados, que qualquer dia levam os paizinhos para verem os concertos. Alguns desse betos com cintos de balas, sugeriram até que não houvesse cerveja nos concertos de metal, para afastar os indesejáveis. Entenda-se os indesejáveis como as pessoas que já andam em concertos há muitos anos e que sabem curtir metal como ele deve de ser curtido. O metal está apenas uma feira de vaidades. Pavoneiam-se os putos com as camisolas novas, edições limitadas, encomendadas ao estrangeiro a peso de ouro enquanto estão agarrados á sua garrafa de água fintando o fumo do cigarro que alguém aspira tranquilamente, mas que incomoda solenemente a passagem destes seres superiores.
Já me tinha acostumado a estas coisas, agora concertos que a organização proíbe uma das formas normais de diversão num concerto de metal, isso ultrapassa qualquer bom-senso ou compreensão, ou boa vontade... Para mim, é apenas mais uma punhalada num estilo que cada vez está mais suicida.
3 comentários:
Pois, alguém matou o metal.
'Quando se comprava um bilhete para um concerto de metal, comprava-se também uma entrada para um mundo á parte onde as leis do mundo civilizado e maquinal eram reduzidas apenas ao bom senso de cada um. '
adorei :)
Deviam proibir o proibido:)
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