quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sou um mero passageiro nesta viagem.
Conduzido por rostos sem emoções.
No meu lugar do pendura limito-me a observar a paisagem,
Ténue, sombria, pincelada de cinzento, ou com uns ligeiros tons primários aqui e ali que chamam logo a atenção.
Só posso fazer isso enquanto passageiro...
Nunca sei para onde me conduzem, mas todos os locais parecem o mesmo.
As placas que deveriam indicar localidades, exibem nomes de pessoas.
Todos diferentes, mas com a mesma paisagem...

Já não me lembro onde ou se alguma vez estive ao volante desta viagem.
Se mo retiraram ou se o cedi de meu livre arbítrio.
Nada sei...
Excepto que chegou a hora de saltar em movimento e bater em cheio com o meu rosto no asfalto.
Sangrar, ficar com o seu gosto na minha boca.
Olhar para os arranhões e sorrir para eles.
Sentir intensamente cada dor que percorra o meu corpo.
Levantar-me, ignorar a roupa esburacada e seguir a pé pelo sentido oposto ás placas de direcção que se exibem altivas, ditatoriais.
Para onde? Pelo meio das florestas, pelo meio dos rios, do mar, das montanhas, por todos os locais onde não é suposto alguém ir.
Para longe de tudo só para ter o controlo, de saber que sou eu que comando a minha própria viagem.
Ficar semanas a olhar para uma queda de água, meses para uma árvore, anos para o simples voar de uma borboleta.
Ficar... Partir...Viver... Morrer... São apenas palavras e só fazem sentido nas viagens enquanto passageiro...
Dormir até deixar de sonhar e depois olhar para mais uma placa com um nome de alguém e sorrir...
Trazer nas pontas dos dedos o arco-íris e fazer um pequeno risco colorido na paisagem cinzenta...
Minúsculo, imperceptível ao olho nu...  
Apenas para deixar a minha marca num nome.
Pois, por mais que queiram negá-la, a minha marca lá permanecerá...

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