terça-feira, 27 de março de 2012

I´m hating it!!!!!!!!

Hoje perguntaram-me se eu já fiz algum atentado contra a humanidade visto possuir um ódio tão premente.
Não sei se poder-se-á considerar um atentado o que fiz, mas que me deu gozo deu...
Ora vamos lá:
Mandam as convenções humanas que um indivíduo tem que ter uma profissão e que a sua realização pessoal(?) está directamente ligada a ela...
Sempre fui contra o capitalismo totalitário, mas a vida é cheia de ironias e após 4 meses no desemprego em 2009 o único emprego que consegui encontrar foi mesmo num dos maiores símbolos do capitalismo. Na empresa que começa por M e termina em S e pelo meio tem as letras c Donald´s- este é um pequeno tributo ao grande Nuno Markl. Rapazinho tão simpático com um nome que me soa tão familiar.
Estar ao serviço desta multinacional aglutinadora fez-me sentir ainda mais revoltado com a humanidade. Até o dia em que comecei ao serviço só tinha entrado duas vezes em tão vil local.
O que encontrei lá? Exactamente o que esperava: total desrespeito pelos trabalhadores e violações constantes do próprio código deontológico da empresa(?).
Uma nova forma de escravatura remunerada. Horas infinitas em horários estranhissímos com pessoas a darem o seu melhor a serem maltratadas para receberem uns míseros euros mesmo no horário completo.
Engraçado isto sendo numa empresa americana_ "The land of the free".
Mas a culpa da proliferação desta empresa é de toda a gente que adora ir lá e comer aquelas porcarias a maior parte das vezes já fora do prazo de validade. Continuem, o Tio Sam agradece-vos...

Na minha primeira semana tive que trabalhar no fim-de-semana. Digo-vos: quem trabalhou num mc donald´s não tem medo de trabalhar em lado algum. Actualmente, no meu emprego, quando vejo alguém queixar-se do serviço surgem-me sempre as imagens coléricas de um Mc Donald´s e a paz instala-se em mim...
Um fim de semana a trabalhar no Mc Donalds é algo que não desejariam ao vosso pior inimigo. A quantidade de pessoas que invade os estabelecimentos é inarrável.
Nesse primeiro fim de semana que estive de serviço ao capitalismo, a azáfama era brutal que acabei por me queimar num dos muitos fornos a temperaturas altíssimas. Com as dores acabei por derrubar uma bandeja cheia de Big Macs. Qual não é o meu espanto quando a supervisora começa a reclamar comigo por ter derrubado tão precioso manjar para os ignóbeis que se encontravam famintos à espera?
Sou a pessoa mais calma do mundo, mas perante as dores e o ultraje da situação insultei a mulher com todos os palavrões e mais alguns que o o vernáculo nortenho é tão fluente. Foi a primeira vez que fiz uma mulher chorar.... Senti-me poderoso e ao mesmo tempo triste porque ela era apenas mais uma vítima do capitalismo...
Decidi então vingar-me nos verdadeiros culpados pela exploração de seres humanos: os clientes.
Apanhei o fim de semana seguinte. A azáfama era ainda maior. No meio de tantos equipamentos a altíssimas temperaturas é normal que uma pessoa sue, certo? A obrigatoriedade de lavar as mãos e a cara de meia em meia hora para os funcionários vigora apenas de vez em quando, então ao fim de semana é impraticável...
Que fiz eu então? Deixei escorrer o meu suor para tão deliciosos hamburgers. Espirrei também nuns quantos. Só não os deitei ao chão e os apanhei porque daria muito nas vistas...
Só espero que quem os tenha comido tenha ficado doente e não tenha voltado mais ao filho do tio Sam. Era esta a minha nobre causa terrorista que me fazia levantar da cama com um sorriso nos lábios para me deslocar para este covil de insanidades e de atropelos à moral.
Pouco tempo depois entrei ao serviço da empresa onde hoje trabalho, mas senti que tinha cumprido o meu dever. Talvez as pessoas que comeram os meus atentados passado uns dias tenham ficado bem, não me interessa... Quem vai ao Mc Donald´s merece isso e bem pior. Só sei que eu é que fiquei com a marca do capitalismo no meu corpo. Não tenho tatuagens, mas a minha mão esquerda exibe a queimadura que ganhei ao serviço do capitalismo... Não que o meu ódio esmoreça, mas redobra-se a cada vez que olho para ela.

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