Estranho este silêncio que brota da minha mente.
Mas também confortador.
A ausência da escrita, não me faz entrar em pânico.
Não me faz sentir absolutamente nada.
não se extinguiu este rio que tantas palavras levou a uma foz fictícia e meramente figurativa.
Ele corre no seu leito normalmente, impávido e sereno, alheio a todos os súplicios que sangram á sua volta. Canalizou-se para outro mar, não aquele a que o condenaram a desaguar. Canalizou-se apenas para o pensamento e por lá fica, inerte e longe dos olhares.
Ele está lá sempre, com correntes fortes. as palavras não nadam contra as correntes.
Deixam-se fluir. Apenas uma ligeira modorra de as transpor para o papel. Como se só assim ganhassem vida! Elas merecem ter uma liberdade que jamais terei.
Correm livremente entre prados verdes flamejantes onde florescem utopias em cada borda onde o sol não ousa ostracizar com a sua presença.
Não temo por elas. Não temo por mim. Não temo por nada.
Eu sou as minhas palavras e ando por aí... sei que o vento tem estado ausente, quiçá com desilusão amorosa, mas eu oiço-me em eco muito vagamente ao longe. E sei que ando por aí algures a beber copos com as minhas palavras. Estranhas bebedeiras estas, de sentido nulo, como aparentam ser todas as bebedeiras. Mas produtivas ao ponto de vómitos corrosivos de verdades supremas encobertas de poesias.
Sem as minhas palavras, nada restaria de mim.
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