domingo, 5 de setembro de 2010

A vida corre como um rio, mas às vezes parece apenas uma lagoa. Tudo estagna. Fica morrente e adormecido, sem correr para lado nenhum. Fica sem vida, sem margens para se estender, sem sulcos para se esvair, sem seca para drenar o que não interessa.
O mundo parece não estar em rotação. Parou no tempo e o negativismo, conotado com péssimismo, planta as sementes. Grandes árvores de frutos amargos florescerão um dia mas não serão regadas para crecerem. Isso é um processo natural.
Urge então libertar os diques que prendem a vontade de viver. Sempre manufacturados esses diques. Demolição do que é estabelecido e impede o fluxo normal ou paranormal das existências.
É tão complicado existir! É tão complicado pensar, filosofar ou apenas respirar. Pelos poros corre uma claustrofobia de estar preso a nada que prende.
Há um comércio de emoções. Trocadas a peso de latão. Tudo está á venda, excepto eu. Ou apenas o que julgo ser a constituição do meu eu.
Prostituí-se tudo em troca das promessas de ausência de vazio...
Aparentemente, usurparam o meu exterior, mas o que está cá por dentro é inviolável.
O que está cá dentro insiste em não em não insistir em desistir.
Revoluções disfarçadas de aniquilações ou apenas uma fúria sem sentido para olhos que insistem em não ver, tendo apenas as imagens pré-definidas e já gravadas por defeito.
Abro os olhos e a lagoa rebenta as margens e transforma-se num rio com corrente fortíssima capaz de arrastar consigo uma civilização até ao seu holocausto.

1 comentário:

Anna disse...

Por vezes as águas estagnam. E por vezes são rios caudalosos que correm imparáveis até ao mar. Um mar qualquer. Não importa onde. E aí se apaziguarão.

Fica bem.