quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Trabalhar ou não trabalhar, eis a questão.

Os humanos são o único animal que necessita de trabalhar para sobreviver. Facto.
Como seria este planeta se não se tivesse inventado o trabalho? Incógnita.

Adoro ver as conversas utópicas de alguns estudantes universitários sobre o capitalismo e o mundo do trabalho. É um pouco estranho ouvir a falar tão mal de algo que é necessário. Principalmente, porque os estudantes vão para a universidade precisamente para conseguirem entrar para um trabalho melhor, vulgo, que dê mais dinheiro. Há certos casos em que a intenção de estudar passa a quilómetros diso mesmo, mas sobre isso não me quero alongar. Prefiro mentir a mim próprio e pensar que todos os estudantes são esforçados e de famílias com parcas posses e que fazem enomes sacrifícios para que os filhos possam frequentar uma universidade e por consequência tenham um futuro bastante melhor.

Ora bem, trabalhar é uma coisa como as outras, com a diferença de que passamos muitas horas a fazer coisas que a maior parte de nós não gosta. No mundo do trabalho a injustiça é predominante. Por muita dedicação e trabalho árduo, jamais se é recompensado. Já trabalhei em alguns sítios, nem tão poucos nem tantos assim quanto isso. Sou um trabalhador aplicado, chego sempre antes do horário e raramente saio á hora que é minha de direito. Cumpro todos os objectivos que são "propostos" e que recompensas recebi em todo estes anos? Nada que possa apresentar. Mas, prontos, continuo a gostar de trabalhar. Porquê? Não sei. Gosto de desafios, por muito descabidos e com nada em comum com a minha pessoa. Talvez seja essa a única razão que me aparece assim de rompante.
O trabalho acarreta consigo o pior das pessoas, dizem. Eu acho que apenas mostra o que as pessoas são na realidade. Falsas amizades, que á primeira oportunidade nos esfaqueam sem dó nem piedade nas costas. Tudo em prol de uma palavrinha ou uma simples palmadinha nas costas por parte dos chefes ou entidades patronais.
A hipocrisia sobe ao trono. Olha para mim em desdém e eu respondo com um desprezo incapaz de ser quantificado por medidas humanas.
Sempre recebi salários baixos. Uma das razões para isso sempre foi o de naõ ser escova e apenas desejar estar no meu cantinho a fazer o meu trabalho sossegado. Nunca houve uma razão de queixa por parte das chefias em relação aos meus desempenhos, mas isso é insignificante porque quando se tem uma personalidade forte e se mantém firme nos seus ideais sem dar azo a que eles verguem de maneira alguma, lá se esfuma toda e qualquer possibilidade de ser reconhecido por quem de direito.
Reconhecimento? Eu reconheço-me a mim próprio e todas as pessoas com o mínimo de honestidade também o fazem. Talvez por isso continue todos os dias a levantar-me de manhã com uma extrema boa-disposição que não passa despercebida aos funcionários dos cafés onde vou tomar o meu caféznho matinal antes de pegar ao serviço. O único dia em que essa estranha boa-disposição é um pouco abalada é quando recebo o recibo de vencimento. São uns segundos de desalento, mas depois volta a sobriedade e a cacidade sobre-humana de resolver todos os problemas laborais sempre com uma tranquilidade tremenda.
Quando erro, sim, aparentemente, sou humano também, dou a mim próprio flagelações de crueldade medieval. Sou o meu pior crítico. Mas não me critico por gostar de trabalhar. Crítico-me apenas por não ser hipócrita, e daí, talvez não...

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