domingo, 5 de dezembro de 2010

Pela madrugada caminham Homens com asas de Noite.
caminham, lentamente, passo a passo, não tiram partido das suas asas.
Não voam, voar está reservado para os grandes de espírito, aqueles que ousam desafiar o mundo em toda a sua grandeza e que esculpem com ténues gestos escadas para o supremo nível da existência.
As asas desses Homens divagantes ameaçam bater em retirada a qualquer momento. Desejam afincadamente transportar pequenos desejos até mundos de sonhos onde tudo tem uma razão ética de ser, onde tudo é puro, pureza essa que é violada selvaticamente ao menor piscar de um olho. A presença corrosiva da luz destrói até ao âmago o espectro de viver.
Há aqueles que desejam habitar na Noite e aí edificar revelações sem qualquer espécie de sanções.
Esses pegam nas asas da Noite e voam até ao porto de entrada de demónios metafísicos que os saúdam cordialmente. Conviverão em paz em orgias de conhecimento e de compreensão da mente humana.
As asas da Noite, ao mais pequeno flectir, criam uma espécie de eclipse provocador de cegueira para ocultar a ascensão dos que as pilotam.
E sob o domínio do céu estrelado esses já podem largar as asas pois viajarão apenas com o poder da sua mente até à eternidade.

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