Ataque zombie.

Um dos meus maiores medos e, ao mesmo tempo, ódio é de ir aos centros comerciais.
O facto de ter trabalhado uns anitos enfiado nos maiores centros comerciais do país (e pelos vistos da Europa. Portugal tem que ter sempre tudo em grande.) contribuiu de sobremaneira para isto e para o aumento colossal do meu ódio pela humanidade. É atroz trabalhar-se num centro comercial. As pessoas transformam-se em bestas consumistas literalmente sem o mínimo respeito por quem faz da sua serventia (escravidão?) o seu ganha pão. Por isso, a minha primeira ofensiva na demanda pelo domínio mundial será o ataque aos centros comerciais. Não posso adiantar mais pormenores de momento. Os meus aliados, Steweie do Family Guy e Eric Cartman de southpark estão fechados no nosso bunker a planear esse ataque...

Só vou a centros comerciais em casos de vida ou de morte como foi o caso de hoje. A cerveja estava a acabar. A maior calamidade que poderia acontecer.
Nos parques de estacionamento dos centros, as regras básicas de transito não são praticadas, sinal óbvio de que já se está noutra dimensão. Os lugares reservados para pessoas de mobilidade reduzida são ocupados por pessoas que a única coisa que tem de reduzida é mesmo a massa cerebral e a anarquia toma conta dos estacionamentos. Tem que ser o mais próximo possível da porta... Já que existem os cinemas e Mc Donald´s drive in porque não fazer os centros comerciais drive in também? seria uma ideia que provávelmente ganharia um prémio nobel.

Dentro do centro comercial, o terror começa a tomar conta de mim. As pessoas transformam-se em zombies. Caminham devagar e desengonçadamente de montra em montra expelindo grunhidos à medida que os seus olhos vão se tornando vazios focando-se apenas nos artigos espanpanantes que as montras ostentam. Os zombies estão por todos os lados cercando-me de uma maneira arrepiante. Procuro refúgio numa Fnac. Os Zombies não me irão procurar aqui certamente. Livros e dvds não estão no topo dos consumos dos zombies capitalistas.
Aproveito para respirar um pouco, mas sou logo vítima de um novo ataque. De todo o lado surgem grandes livros que me querem obrigar a levá-los comigo. Ele é Faulkner, steinbeck, hemmingway, Jacinto Lucas Pires, Jõao Tordo, Gonçalo M Tavares, Rui Zink, Lobo Antunes... meu deus.... eles vão se acumulando nos meus braços sem eu dar conta. provávelmente fui mordido por um dos zombies consumistas sem dar conta e estou agora a tornar-me um deles. Consigo resistir à infecção que provávelmente já se alastra a velocidades espaciais pelo meu corpo e fujo sem levar nada...

"Vim aqui para comprar cerveja." Murmuro eu em pánico ao ter noção do que me esteve prestes a acontecer.
Novo desafio se forma no horizonte. Ir com um carrinho das compras à parte das cervejas e vinhos e resistir a trazer toda essa area do supermercado comigo. É desumana essa tarefa! Vinho tinto alentejano por toda a parte. Pego em muitas garrafas e com muito sacrifício volto a deixá-las no sítio. 50 superbocks era o que eu vinha buscar e já estão no carrinho. Tenho que me por a andar antes que os zombies voltem agora que a infecção parece estar a regredir. Então aparece a secção da cerveja importada. Não!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Não pode ser! Cerveja belga!!!!! Guiness!!!!!!!!! Oh meu deus! eles voltaram a morder-me! Tenho que fugir a sete pés... Suando por todo o lado saio do centro comercial. Arrumo o carrinho das compras tentando passar despercebido enquanto novos zombies consumistas chegam ao centro comercial olhando para mim e para o que levo. Estão desconfiados e após cheirarem-me pensam que sou um deles e deixam-me em paz. Afinal sempre comprei alguma coisa.

A cerveja já está no frigorífico. Estou vivo... Mas da próxima vez não sei se conseguirei escapar ileso...