quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Habitamos um tempo de profunda infidelidade.
Somos infiéis a nós próprios, aos nossos princípios, aos alicerces do que construímos como o nosso "eu".
Prostitutos intelectuais, meretrizes de convicções.
Vendemos os nossos ideais apenas para sermos aceites por outros que palmilham o mesmo caminho.
A troco de uma mera aceitação social, renegamos o que de mais puro existe em nós.
Negámos a nossa essência, o que custou tanto a edificar e que tantas vezes desabou apenas para conseguirmos visualizar uma melhor maneira para que a construção ficasse mais forte, mais sólida, resistente a todas as intempéries que tantas vezes eclodem com violência pungente.
Condena-se quem vende o seu corpo, mas e nós que nos vendemos na totalidade?
Possuir um corpo é algo tão impessoal, nada significa. O nosso corpo é apenas o nosso exterior. Fachada ou muro decorado habilmente para cativar os olhares alheios.
Mas possuir a alma, isso sim é possuir alguém...
Mas a minha alma não tem preço! Jamais estará à venda.
É difícil ser fiel a mim mesmo... Ser mais um cordeirinho num rebanho é tão fácil. O comodismo no seu estado bruto.
Pertencer a algo... e olhar para o "eu" estendido numa valeta, flagelado, mutilado, violentado, escarrado, humilhado, mas apenas desvia-se o olhar...
Sem remorsos, sem arrependimentos... Como é que consegues?????


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