quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

É chegado o tempo dos mártires sem causa. A fé já não move montanhas, a vontade de acreditar foi golpeada selváticamente. Todos parecemos ter nascido da mesma ferida carregada de pus e infeccionada, expulsos a pontapé para existências longe da perfeição.
Talvez existam deuses que mereçam devoção, não imposta e obrigatória mas sim desejada.
Cortado está o cordão umbilical da pureza. As células estaminais do que sonharam para nós estão cancerígenas.
Só os fortes sobrevivem, a lei que escreveram para os animais parece ter caído em desuso não para eles coitados, mas para os unícos irracionais da mesma espécie que é o Homem.
Constroem-se e brandem-se armas que são, sómente, o prolongamento de toda a covardia e insignificância.
Somos todos mártires das nossas causas e das de outros. Declarámos guerras santas ao desconhecido convictos que ele nos irá ouvir e pedir a nossa clemência inexistente.
Dá a outra face para nela cuspirem.
Deseja-me não pela minha carne mas pela minha essência, ela é paradoxalmente sedutora. A minha carne é aquilo que se vê. Apenas a forma possível concebida por deuses para me albergarem. Estou preso a ela e condenado perpétuamente.
A minha guerra santa é contra esses deuses. As suas punições serão colossais!
Retirar-lhes-ei a eternidade e condená-los-ei a viverem sob a forma humana.
Terei forma celestial e todos rezarão por mim. Ouvirei todas as preces e torná-las-ei realidades...
EU SEREI JUSTO!!!!!!

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