segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

À mais bela cidade.

O som dos meus passos ecoa nestas ruas desertas que sorriem para mim com desdem. Caminho rumo a algo que não sei se estará à minha espera. O que poderá estar à minha espera? Apenas eu próprio...
Gosto do som desta cidade cinzenta em que as ruas parecem um labirinto tortuoso que não parece levar a lado algum. Sózinho delicio-me com o que não parece ter sabor.
Palavras escritas nas paredes de amores perdidos enchem estas paredes que já observaram tantas vidas e que acolheram muitos lamentos. Não me sinto perdido. Apesar de não ter lugar algum para ir, os meus passos seguem decididos levando-me a algum sítio.
Mais ruas... Mais ecos de solitários pedidos de auxílio para almas torturadas.
Não consigo ignorar a frieza e ao mesmo tempo o calor desta cidade que mesmo deserta pulsa de vida.
Erguem-se monumentos centenários que na sua altivez cumprimentam os que os observam.
Já viram de tudo estas pedras cheias de vida. Observam-me a mim com incredulidade e com profundo respeito. Os pombos que povoam esta avenida voam em debandada ao ouvir o aproximar dos meus passos.
Cidade triste que me acolhe e abraça. O nevoeiro envolve-me com palavras carinhosas. Por maiores tristezas que esta cidade acolha, a minha é demasiado grande para ela me confortar. Deixarei palavras perdidas nas pedras e espero que a calçada as conduza até ao mar. Deixo este abraço soturno desta cidade soturna que parece adormecida mas que nunca o está, pois esta é a cidade que nunca capitulou e quem estiver sob sua proteção jamais será vencido por maiores tristezas e flagelos que o atormentem.
Caminho escoltado por séculos de história e de bravura que me deixam à porta da minha vida e que me garantem asílio quando o meu inimigo, eu próprio, me estiver a atacar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Inbicta uber alles!!!!