Portugal é um país de excelentes escritores. Temos tantos autores consagrados e tão pouca gente para os ler. Mas a grande escrita não se limita ás edições impressas. Na música temos grandes escritores. O supra-sumo é para mim obviamente Adolfo Luxúria Canibal. Não é por acaso que escreve letras para muitas outras bandas. Temos também o grande Jorge Palma, quem escrevia as letras dos Toranja (não pode ser o Tiago Bettencourt porque o seu projecto a solo é muito fraquinho a nível de letras), os Feromona, etc... Mas eu estou aqui para falar de Manuel Cruz, músico cujo reconhecimento tarda imenso em chegar. Ornatos Violeta toda a gente conhece, mas não se ficou/fica por aí; Pluto, Supernada são duas bandas excelentes que já tive o enorme prazer de ver ao vivo. Actualmente Manuel Cruz deambula pelos Foge Bandido Foge que em comum com as bandas já citadas tem o génio literário deste músico a palpitar cada vez mais de vida.
Para já ficar, para mim, na história da literatura portuguesa bastava-lhe mesmo só a letra de "Capitão Romance", o resto até já seria desnecessário mas ele continuou e continua a escrever como um desalmado (adoro esta palavra). Espero que por muito tempo...
Um pouco de humor futebolístico: O refrão desta música é dedicado ao Roberto, guarda-redes do Glorioso. "Eu vi, mas não agarrei..."
Não vou procurar quem espero
Se o que eu quero é navegar
Pelo tamanho das ondas
Conto não voltar
Parto rumo à primavera
Que em meu fundo se escondeu
Esqueço tudo do que eu sou capaz
Hoje o mar sou eu
Esperam-me ondas que persistem
Nunca param de bater
Esperam-me homens que desistem
Antes de morrer
Por querer mais do que a vida
Sou a sombra do que eu sou
E ao fim não toquei em nada
Do que em mim tocou
Eu vi
Mas não agarrei
Parto rumo à maravilha
Rumo à dor que houver pra vir
Se eu encontrar uma ilha
Paro pra sentir
E dar sentido à viagem
Pra sentir que eu sou capaz
Se o meu peito diz coragem
Volto a partir em paz
Eu vi
Mas não agarrei
1 comentário:
Realmente, parece uma ode ao Roberto...
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