Destilo ódio disfarçado de suor. Ódio a ninguém, muito menos a mim.
Estou com febre alta. Quase tenho alucinações.
A realidade chega até mim apenas em fragmentos. Não é continua. As imagens param repetidas vezes e o que se perde nos intervalos talvez seja o significado de tudo o que é desconhecido e temido.
As imagens não contém em si visões. Elas ocorrem apenas com os olhos fechados.
Na ausência do crer e querer, tudo se batalha ao redor do indolor e eu continuo a destilar um ódio vazio.
Odiar? Pois, só se odeia algo superior e não existe nada e ninguém superior a mim.
Então qual a razão deste ambiguo destilar?
A razão não existe tanto neste caso como em qualquer outro. Quem a julga possuir ingénuo é.
A lógica não existe. Deixou a existência para a incompreensão, esse derivado sintáctico da paixão.
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