terça-feira, 24 de novembro de 2009

Novas odisseias são projectadas nesta minha mente em busca de novas experiências que levam ao extremo a existência física. O meu corpo torna-se um amplo campo de experiências científicas que de isso tem muito pouco.
É um dado adquirido e absorvido que tenho um corpo humano. Estendo sobre ele tentativas de imortalidade, ou meras materializações do que o meu cérebro fervilha nos constantes momentos de insatisfação.
Mutilo o meu cabelo com novos cortes com o simples objectivo de me rir enquanto observo no espelho as personagens tresloucadas em que me transfiguro. Não pretendo chocar ninguém. Muito menos a mim próprio, porque isso é algo que transpôs a barreira do que é possível há já algum tempo. Apenas almejo rir de mim próprio. Corto a barba e deixo apenas um bigode ridículo no bom estilo de actor pornográfico que emana perversidade.
Deixo de fumar durante dias apenas para provar que consigo e depois fumo um cigarro no intuito de somente sentir aquela pedrada que todos os fumadores sentiram quando fumaram o seu primeiro cigarro. Festejo quando sinto o meu corpo em agonia e quando a velocidade de rotação da Terra foi aumentada milhões de vezes. Para quê? Para sentir o meu corpo.
Bebo desalmadamente como se tivesse o objectivo de absorver todo o álcool existente no planeta. Testo os limites do meu corpo. Quanto é que ele consegue absorver? Bastante…
Rio sarcasticamente ao mesmo tempo que ele se contorce expelindo todos os líquidos multicolores que aparentemente foram ingeridos em excesso. Encho uma poça de vómito e vejo nela todas as evidências de que atingi o limite. Fico orgulhoso por tê-lo conseguido.
Encontro a chave para abrir a porta à besta sexual que habita em mim e deixo-a vaguear livremente. Ela afixa-se num pobre corpo feminino que é apenas um meio de contabilizar o número de orgasmos que consigo ter numa noite. Os olhos pertencentes ao corpo subjugado pela besta olham para mim. Mas não sou eu que eles vêem, é a besta enclausurada e subitamente libertada. Após muitas horas de intenso laboro sexual, a besta olha-me saciada e reabre a porta para voltar aos seus aposentos situados nas minhas entranhas. É o sinal de que consegui atingir o limite de secreções físicas. Objectivo comprido…
Não é um caminho de auto-destruição este. Esse caminho deixou de ser trilhado há algum tempo. Apenas a forma de levar a minha forma humana ao extremo. Estabelecer novas fronteiras e fazer todo o uso possível da existência.
Não pretendo provar nada a ninguém nem ser julgado como demente. Essas definições nunca tiveram sentido para mim. Mas se consideram insanidade o que faço convido-vos a eliminarem preconceitos e a serem vós próprios. Tem muito para descobrir. O corpo não serve apenas de manequim para as roupas novas que compram ou de ser um espelho do que na realidade não são.
Ele serve para ser usado e para aprender o que estava para além dos limites da compreensão.

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