quarta-feira, 31 de março de 2010

Tributo a Vergílio Ferreira


Em cada palavra, frase ou parágrafo, corre e discorre a dor da existência. A profunda melancolia da incompreensão. Viagens ao interior de uma alma que vagueia algures entre demónios eternos e anjos nunca vindouros aguardados como tesouros.
Simples filosofias complexas envoltas em abraços literários. São tantas as questões levantadas na vastíssima obra. Tantas quantas as estrelas no céu nocturno. As respostas serão como estas, selvagens e indomáveis. Pertença de ninguém.
Tão esquecido no universo de bons escritores que habitaram neste jardim à beira mar plantado.

"Quais são as tuas palavras essenciais? As que restam depois de toda a tua agitação e projectos e realizações. As que esperam que tudo em si se cale para elas se ouvirem. As que talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande silêncio se avizinha."

"A alegria do que nos alegrou dura pouco. A dor do que nos doeu dura muito mais. Vê se consegues poupar a alegria e esbanjares o que te dói. Vive aquela intensamente e moderadamente. E atira a outra ao caixote. Talvez chegues a optimista profissional e tenhas uma bela carreira de político."

"Para que percorres inutilmente o céu inteiro à procura da tua estrela? Põe-na lá."

"O difícil em arte é criar-se emoção sem se mostrar que se está emocionado. Ou estar emocionado para antes e depois de se estar. Ou ter a emoção ao lado para nela ir enchendo a caneta."

"O vocabulário do amor é restrito e repetitivo, porque a sua melhor expressão é o silêncio. Mas é deste silêncio que nasce todo o vocabulário do mundo."

"Ama o impossível, porque é o único que te não pode decepcionar."

1 comentário:

odiadapoesia disse...

estou maravilhada...