quarta-feira, 29 de junho de 2011

Devo realçar que este escritor faleceu em 1975 e nunca tinha ouvido sequer o seu nome até me deparar com um seu livro perdido numa estante.

"Símios Aperfeiçoados.
É preciso viver em estado de prevenção. Não ir na enxurrada do colectivismo e morrer afogado num bairro económico ou numa colónia balnear, resistir às pressões políticas mirabolantes, quer sejam de uma banda ou de outra, manter a condição do homem-artista em luta com o homem-massa foi sempre o que em mim se tornou claro desde que aos poucos tomei posse da minha personalidade. É fatal que se caminhe para a sanidade de vida das classes baixas, é humano que isso se faça, no entanto também é humano, mais talvez, que se lute desesperadamente para que a condição mais sagrada do homem evolua libertando-se das massas satisfeitas com a assistência médica, televisão e funeral pago. Essa massa vai criar um novo espírito animal, vai catalogar-se em Darwin e, convencidos que essa massa está feliz, constatamos ao fim de pouco tempo que esses grandes grupos de populações standardizadas deixaram de pensar e o seu sentir é apenas tactual, sem nada de sublimação em momentos mais íntimos.

O mundo que pensa, do artista e do intelectual, tem de libertar-se do incómodo desses homens que trouxeram como contribuição para a humanidade uma ideia abstracta do colectivo em marcha, que passaram a emitir sons, como pequenas estações emissoras, que não precisam de se articular em palavras, bastando-lhes os gestos. Ao fim e ao cabo aqueles que julgaram ter contribuído para a evolução da humanidade, dessa massa informe, é com tristeza, se ainda forem vivos, que constatam o facto de terem criado mais uma categoria animal, símios aperfeiçoados, em substituição do processo normal e não aflitivo do homem que evolui gradualmente dentro da sua própria missão de homem."

Ruben A., in "O Mundo À Minha Procura I"

terça-feira, 28 de junho de 2011

Pequeno tributo a este grande escritor que arrebata mais prémios do que o Mourinho.

"O instinto tem a ver com memória e esquecimento. Dentro de quem escreve e quem lê, há sempre um combate entre a memória e o que esquecemos, e a criatividade tem muito a ver com o esquecimento."

"Quem não gosta de estar sozinho é uma péssima companhia."
Gonçalo M. Tavares.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Eu tenho um segredo que não conto a ninguém, pois a arte de guardar segredos parece não ter artistas agora.

Eu sou o filósofo supremo, o super-homem de Nietzsche.

Tantas mentes se debateram em guerras filosofais violentas sobre o motivo pelo qual fomos colocados no mundo.
Eu descobri para que é que fui aqui colocado e que supostamente tenho que fazer.
E o objectivo para a minha grandiosa existência é::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::.ver os episódios todos por ordem cronológica do South Park. Da primeira à décima quinta temporada. Roam-se de inveja filósofos.

domingo, 26 de junho de 2011

South Park no seu melhor e logo com gatinhos...

Não tenho controlo sobre a terra ou sobre os momentos.
Tudo foge erráticamente das minhas mãos em pânico pois elas tendem a destruir tudo em que tocam.
Não tenho controlo sobre nada e tudo parece querer controlar-me asfixiando os pensamentos.
Eles correm a sete pés e levam-me com eles. Carregam-te também com eles. Transportam-te numa redoma de realidade difusa que não parece ser mais do que um sonho.
Sonho ou realidade psicotrópica, não interessa. Só me interessa que estou a teu lado nesse instante metafórico em que o tempo pára e estamos juntos enquanto pinto quadros com os teus sonhos que tens medo em sonhar. Nos meus pensamentos vejo o teu sorriso a iluminar a mais escura das noites e a contagiar os meus lábios para se contorcerem com uma imitação muito ténue do teu.
Sei que só posso estar junto a ti nos meus pensamentos ou reflexos de sonhos, por isso ando sempre a fugir de tudo e a mergulhar no nada para aí te encontrar. Pelo menos aí serás sempre minha...

sábado, 25 de junho de 2011

Darkthrone; a banda que é da elite do black metal mas toca punk.

O estranho caso de Alejandro González Inarritu: o homem que não consegue fazer maus filmes mesmo que um dia o tentasse.

Este nome não é dos mais badalados da industria cinematográfica e ainda bem. "Amores perros" é daqueles filmes que esbofeteia e pontapeia o espectador sem qualquer remorso ou vestígio de dó ou piedade e fez augurar uma grande carreira para este realizador mexicano. O filme é negro, muito negro. Não há qualquer final feliz e narra a vida como ela é. Ou melhor não é. A vida não é nenhum conto de fadas ao contrário do que a invasão cinematográfica norte-americana insiste em bombardear-nos. Este filme acabou por ser a grande rampa de lançamento para Gael Garcia Bernal, simplesmente um actor fabuloso.
Seguiu-se uma incursão para Hollywood com "21 Gramas". Estava com medo de ver este filme precisamente pelo efeito que hollywood poderia produzir na obra. O receio dissipou-se por completo. Actores como Benizio del toro e Sean Penn já me habituaram a bons papeis, o mesmo não se poderia dizer de Naomi Watts que completava o trio de famosos que tinham os papeis principais neste filme. O resultado não é tão pungente como "Amores Perros" mas é um grande filme, para hollywood então é muito surpreendente.
Uns anitos depois surge "Babel" com Bradd Pitt e Cate Blanchet no elenco. Supera em muito "21 gramas". Mais umas estórias negras em que finais felizes nem sequer se anunciam no horizonte. Por esta altura já tinha perdido qualquer dúvida sobre o enorme talento de Inarritu.
Mais ou menos nesta altura no ano passado as televisões foram invadidas por um anuncio da Nike alusivo ao Mundial de Futebol. Adivinham quem era o realizador? Só podia... Delicioso o pormenor de ver Homer simpson e Cristiano ronaldo frente a frente. Quem se lembraria de tal coisa?
Escrevo este texto na ressaca da visualização de "Biutiful", o ultimo filme do realizador. Já fora de Hollywood, Inarritu volta a esfaquear-me com um filme bom de mais para ser verdade. A negritude anda à solta em cada frame desse filme onde Javier Bardem faz um papel ao seu nível. Quem viu "Mar adentro" sabe do que estou a falar.
Por impossível que pensasse que seria tal feito, "Biutiful" ultrapassa "Amores perros". A luta entre a humanidade e falta dela nas pessoas chega ao rubro neste filme e Inarritu é o ideal para a capturar. Se é que alguém gosta de ler estas minhas criticas, aconselho vivamente a ver o filme. É (mais) uma obra de arte de Inarritu. Bons ventos que sopram do México...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Dia histórico para Portugal.

Foi eleita uma mulher como presidente da assembleia da républica. Isto merece uma grande celebração. Isto significa que não faltará assim tanto quanto isso até termos uma mulher nos verdadeiros cargos de poder do país. Só a partir desse momento é que isto que chamamos de nosso país conseguirá encontrar o rumo.

"Olhando de perto, um sonho não é uma coisa sem perigo. É como uma pistola com dois gatilhos. Se vive muito tempo acaba por ferir alguém." W. Faulkner

Padeço do mal eterno de querer ser maior do que a vida.
Maior do que as montanhas e mais profundo do que o mar.
A existência que se resume a uma eterna batalha a maior parte das vezes contra inimigos inexistentes mas cujas vozes de desafio ecoam nas profundezas dos abismos que crio à minha passagem, reveste-se de importâncias desnecessárias.
Talvez eu queira ser um deus. Não daqueles castigadores cuja fé é imposta pelo medo de represálias, mas um deus sem adoradores. Um deus vagabundo e ermita que não pratica milagres. Nómada, vagueando por terras infiéis mas que também não pretendo converter porque a minha fé mal chega para mim.

Ser maior do que a vida não é difícil. É apenas necessário possuir o infinito atributo de questioná-la pois ela não me oferece respostas, enquanto que eu tenho resposta para todas as suas perguntas.

domingo, 19 de junho de 2011

"A vida é bela. Tu é que és feio!" Rui Zink in "Hotel Lusitano".

GSM Fest 2011. Que grande galo!

Após uma semana terrorífica de trabalho, é chegada a hora de ir para Barcelos("the land of cocks" como diria o saudoso Lauro Dérmio) como um salteador do paraíso perdido.
Supostamente, a organização disponibilizaria autocarros desde a estação de Barcelos até ao recinto. O autocarro estava lá, mas o homenzinho recusava-se a levar apenas 3 pessoas. Soa-me extremamente suspeito quando diz que um carro da organização vem buscar estas pobres almas que esperam (im)pacientemente. Passada meia hora aparece um jovem com ar lunático pertencente à organização. Não cabemos os 3 na carrinha porque o rapaz tem que ir buscar os Paradise Lost ao hotel, mas, o jovem jura a pés juntos que nos vem buscar imediatamente após essa tarefa. Pois... pois... Talvez ainda estivesse neste momento à espera... O que vale é a grande simpatia e hospitalidade minhota para salvar a situação. Um velhote oferece-se para nos levar ao recinto. Viva o minho e os minhotos carago!
O recinto mais parece um cenário de um filme de terror. Umas termas onde a luz em nada abundava. O caminho para os palcos é tortuoso e, para quem beber uns copos, pode tornar-se um martírio. Este cenário de escuridão total banhado por uma mata densa torna-se idílico para um concerto das forças negras.
Passou-se mais de uma hora e meia desde que cheguei a Barcelos, portanto estou cheio de sede. Impressionante as desculpas que invento para atacar a cerveja!!!
No palco secundário estão a tocar os For the glory. Já não tenho paciência para bndas de hardcore ou pseudo- metal core. Soam todas iguais. Fazem muita falta os 31. Isso sim era hardcore.
Se For the glory não foi a melhor recepção para mim, o que se seguia foi mil vezes pior. Exila, banda italina que mistura uns Rage against the machine com Guano Apes com uma vocalista que parece a Avril Lavigne. Um a mistura demasiado explosiva para o meu intestino. É uma banda que recomendo para adolescentes revoltadas com o mundo como serão todas, mas que nada trazem de novo. A actuação pareceu demorar uma eternidade o que fez com que o meu nivel de irritação atingisse valores alarmantes.
Já só pensava que Paradise Lost tinham que salvar o fest senão seria uma enorme perda de tempo e de dinheiro....
Mas....
A primeira grande surpresa chegou pouco depois. Os barcelences Godog, que já tinha visto a abrir para Mão Morta, actuam no palco secundário. Foi bom revê-los. Foram das melhores surpresas a nível nacional que tive nos últimos tempos. O seu som, totalmente instrumental, é tocado com grande mestria. Aliando o peso e distorção de guitarradas de metal à doce melodia de um violino que é o fio condutor de todas as músicas, o resultado é deveras agradável e acabou por levantar um pouco da minha irritação (claro que as cervejas que fui ingerindo massivamente também ajudaram a limpar o ambiente). Um grande futuro aguarda esta banda.
Chegou a hora de consumar a relação que tinha interrompido uns 12 anos antes. A altura em que Paradise Lost enveredaram pela electrónica. Só recentemente havia descoberto que os últimos 2 álbuns voltavam a beber na sua poção mágica de outrora nos meados de 90. Estava ansioso e apreensivo em relação ao concerto.
A suposta tour da reedição do álbum de 1995 já havia terminado e era uma incógnita qual seria a set-list. Só "rezava" para que tocassem uma ou duas músicas dos seus tempos antigos.
Mas que grande surpresa que eu tinha reservada! Um alinhamento com imensas músicas antigas. Apenas duas músicas "más". Fantástico! Estava plantado em frente ao palco em frente a Gregory Mackintosh, um dos melhores guitarristas de sempre e a principal razão para eu, um dia, ter deixado crescer o cabelo. Queria ter um igual ao dele. O homem fez história pois foi o primeiro homem a aparecer num anúncio de shampoos que era destinado ás mulheres. O homem tem um senhor cabelo e mete inveja só de olhar.
A minha bexiga acabou por agradecer uma música "má". Estava no hora de reabastecer o stock de frescas. Quando, de repente, oiço a intro de Requiem, uma das músicas que eu mais queria ver ao vivo. É a hora de atravessar as centenas de pessoas em direcção à frente do palco onde me encontrava a correr e sem entornar o precioso néctar que carregava comigo em dose dupla. É díficil estando já eu tocado mas lá consegui sem entornar uma única gota. Feito fantástico!
O concerto acaba e eu estou extasiado. Já há muito que não dava por tão bem entregue o dinheiro de um bilhete para um concerto.
A reconciliação com Paradise Lost está consumada muitos anos depois. Como dizia o outro "True Love never dies"....
Deixo um ultimo destaque para o barzinho "lambreta" no centro de Barcelos. Muito boa onda. Só tenho pena de não haver por estas bandas um espaço assim onde o rock e a cerveja fluem livremente. A voltar lá.
Deixo aqui um vídeo dos Godog. Vale a pena ouvir esta excelente versão de Madredeus.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Há dias em que o cansaço de pessoas é tão grande que sonhar acordado torna-se a maior virtude.
Rodeado de vozes estridentes que dilaceram os tímpanos e só se conseguir ouvir um silencio ensurdecedor é a mais doce sensação.
É como uma dose enorme de anti-matéria.
O desfilar de sensações fictícias.
A capacidade enorme de sonhar. Quando os meus sonhos acabam procuro os teus.
Sou tão sonhador que seria capaz de sonhar os sonhos de toda a gente, mas só quero os teus.
Talvez os conseguisse pincelar de cores mais vivas do que o cinzento que está sempre presente.
Talvez nesses teus sonhos eu não pertença, mas deixa-me sonhá-los.
Deixa-me colorir as tuas noites mais uma vez como outrora já o fiz.

terça-feira, 14 de junho de 2011

A quinta no facebook é mais importante do que o jardim escola.

Hoje fui à biblioteca da minha terrinha buscar mais uns livros. Errando de estante em estante completamente incógnito ouvi uma conversa surreal entre duas funcionárias da biblioteca:
-"Precisava dos livros para o jardim-escola x prontos amanhã de manhã."
-"De manhã é um bocado puxado. Tenho que dar atenção à minha quinta no facebook. Já não vou lá há imenso tempo. Deve de estar tudo murcho."
-"Ok. Eu vou pedir à .... para fazer isso."
-"É melhor. Não sei quanto tempo vou demorar."

Pensava eu que a a minha aparição súbita fosse gelar as intervenientes, mas nada se alterou nos seus semblantes. Tive foi direito a uma repreensão que me lançaram de que a biblioteca fecha ás 18 e eram precisamente 17 e 38 minutos naquele momento.
Andámos nós a pagar o salário daquela gente....

O tempo não espera por ninguém.

Na confusão e desalinho total que é o meu cabelo, hoje fui presenteado com a fuga para a claridade dos meus primeiros cabelos brancos. Perante esta visão senti-me como um Dorian Gray . Como se o espelho onde se reflecte esta forma disforme fosse o meu retrato que envelhece enquanto eu, o meu eu mesmo, esta coisa espectral que tinha que habitar uma qualquer forma física, vagueia pela imortalidade e onde o tempo e idade não existem...

Dedico esta musica a mim mesmo. Tudo o que poderia mais dizer está aqui. Vincent Cavanaugh escreve fantásticas letras e é membro honorário do clube de homens que se fossem homossexuais e, porventura, me tentassem engatar tinham direito a pagar-me um copo mas não levariam mais nada do que isso.




Born to the glare of the senses
Spoon-fed reality infused
A new inherent -
passive contentment
you are so easily amused

Here and now we
are gone in a heartbeat
a dream in the
passage of time
chances are fading
this world isn't waiting
the moment is passing you by

Questions lie beneath the surface
the fools are fooled once again

Benign coincidence -
we stole our existence
and gladly cast it to the wind

Here and now we
are gone in a heartbeat
a dream in the
passage of time
chances are fading
this world isn't waiting
the moment is passing you by

Slowly spinning on the wind back home...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Já que ando a escrever tanto sobre Fernando Pessoa, teria que deixar aqui algo sobre o aniversário do seu nascimento agora que já passaram 123 anos.
Não vou deixar um poema da sua autoria. Isso é muito cliché. Vou antes adulterar um verso de um dos seus melhores poemas, "Opiário", que neste caso será Cervejário.

...Por isso eu bebo cerveja.
É um remédio.
Sou um convalescente do momento.
Moro no rés do chão do pensamento.
E ver passar a vida faz-me tédio....
Após tantos protestos da minha parte dirigidos a João Botelho, venho desta vez dar-lhe os parabéns pelo excelente trabalho que fez no Filme do desassossego.
Fernando Pessoa e o seu espólio é das únicas "coisas" que são sagradas para mim e a adaptação cinematográfica do "Livro do desassossego" tendo em conta o panorama actual do cinema português, parecia condenada à catástrofe. Obviamente, queria ver o filme, mas o facto de ele estar em exibição itinerante e por um curto espaço de tempo (Demasiado tempo em Lisboa, registe-se, e pouquíssimo tempo no Norte), fez com que fosse impossível e que a raiva aumentasse. A saída do filme em dvd pelo Correio da Manhã roçou o insultuoso, mas de qualquer maneira lá adquiri o filme.
Estava desejoso que o filme fosse mau. estou a ser sincero. Talvez para eu ter razão em todas as minhas injúrias. Mas o filme está uma obra-prima! Não sou orgulhoso e sei reconhecer quando estou errado e quando devo pedir desculpa e portanto ela aqui está...

A maneira de como o filme se desenrola é genial. Parece um sonho de Bernardo Soares ou uma alucinação derivada do ópio. Neste clima de surrealidade que sempre foi a característica de Pessoa, ganha vida uma prestação sublime e merecedora de uma ovação do actor que interpreta Bernardo Soares. Para mim, que sou um fanático de Pessoa e que sempre o considerei um extra-terrestre porque é impossível alguém escrever daquela maneira estupenda, foi uma experiência aterradora e ao mesmo tempo gratificante dar um corpo a Pessoa e vê-lo com o seu ar sofrido e sonhador...

Altamente recomendado....

domingo, 12 de junho de 2011

R.i.p Seth.

Mais um para a cova. Seth, vocalista dos Anal Cunt(que grande nome!). Uma das bandas com mais sentido de humor do planeta. Oiçam bem esta versão dos Bee-gees...

Será o efeito Axe a funcionar finalmente?

Não sou uma pessoa influenciável. Principalmente no que diz respeito a publicidade televisiva, mas tenho que confessar que fiquei escravo dos produtos Axe precisamente por causa da sua publicidade. A partir do momento em que vi o anuncio do mosquito que morde o azeiteiro rodeado de mulheres no bar e que termina com o sabujo a beber a garrafa de tequilla e respectivo "brinde" enquanto mulheres esfomeadas se levantam, jurei fidelidade a esta marca que é das mais caras por sinal no que diz respeito a produtos de higiene masculina.
Isto tudo para escrever que face aos últimos assédios a que tenho vindo a ser sujeito só poderão ser resultado do Axe já que penso que não me tornei uma espécie de deus grego assim de repente.
"Este gajo deve ser mesmo convencido"- pensarão muitos de vós que leêm as minhas palavras. Mas isso não está mais longe da verdade. Por isso é que deixo aqui estas pequenas crónicas por plena perplexidade em relação ao facto de alguém me procurar para o acto animalesco de acasalamento.

Ok, vamos ao que interessa: Mais uma noite de copos e aí anda o vosso anfitrião perdido em bares no Porto já bem bebido, só para variar um bocadinho.
UM JOVEM mete conversa comigo e eu dou-lha mesmo na boa. A conversa começa a entrar num caminho um pouco obscuro demais para mim.
Meus deuses inexistentes, porque me esculpiste tão ingénuo!!!!!!!!! Penso sempre que as pessoas não tem malícia ou maldade nas suas acções, mas ás vezes é preciso que me façam um desenho assim daqueles muito simples para eu perceber o que se passa à minha volta.
É preciso falarem-me à bruta para eu perceber. Diz assim para mim O jovem:
-"Vamos até à casa de banho que eu faço-te um broche como nunca ninguém te fez."
Se eu estivesse sóbrio teria fugido a 7 pés, mas como estou com os copos a minha reacção é a mais calma do mundo:-
"Fico lisonjeado com a tua oferta, mas se fosses o Gael Garcia Bernal ou o Christian Bale até te deixava que me pagasses um copo, mas também não levarias mais nada além disso."

João Tordo e "As 3 vidas" ou o mero constatar que somos um país de grandes escritores.

Quando um livro nas primeiras páginas me esfaqueia brutalmente com isto:
-"...ao contrário da crença habitual, não me parece que os sonhos sejam o espelho dos nossos desejos; cá para mim, acho que os sonhos são o espelho dos nossos horrores, dos nossos piores medos, da vida que poderíamos ter tido se, numa altura ou noutra, não fossemos incomensuravelmente cobardes." Faz prever que me vou apaixonar completamente.
Quando, algumas dezenas de páginas depois, tem esta análise ao livro "1984";
"Com que ideia ficaste?"
"tem um título curioso, 1984 é daqui a poucos anos..."
"Será sempre daqui a poucos anos..."
"Se existe salvação, ela está no proletariado..."
"E o que achas tu disso?"
"Faz lembrar a Bìblia. Que aos pobres de espírito chegará a salvação"
"A comparação teológica é pertinente; afinal. Cristo foi o primeiro lider do proletariado..."
"A obra é uma metáfora... o romance parece ser uma apologia do socialismo, noutras, parece que nos está a revelar a inutilidade do mesmo.... O verdadeiro perigo está na classe média, no pensamento livre. O que gera o pensamento livre? A dúvida. E o que gera a dúvida? O pensamento livre. Duvido de que duvido..." fico completamente rendido.
É o primeiro livro que leio deste "novo" autor português e entra directamente para o top 10 dos melhores livros que alguma vez li.
A escrita de Tordo é corrida, muita descrição usada correctamente sem cair no exagero. Sendo ficção, aborda a complexidade da humanidade de uma maneira muito próxima ao que Sartre fez nos seus romances.
É daqueles livros que não queria que acabasse e que acaba por saber a pouco por isso mesmo.
A literatura, como todas as formas de arte, é subjectiva. A estória de um homem lutando contra os seus fantasmas e tentando conquistar o controlo do seu cérebro e emoções é algo que me fascina porque tenho essa luta diáriamente e, neste livro, as lutas sangrentas que não deixam qualquer marca física entre uma pessoa e a fronteira tão ténue, que por vezes se diluí, entre a sanidade e o o seu antónimo eclode de uma maneira tão violenta que me arrebatou totalmente.
Este romance, vencedor do prémio Saramago em 2009, foi amplamente elogiado pelo próprio assim como Gonçalo M Tavares já o tinha sido. Se fosse possível, pediria uma ovação em pé para esta obra. Está na hora de procurar os restantes dois romances de Tordo e rezar aos deuses literários para que este não seja outro "Cemitério de Pianos", isto é; a única coisa realmente boa escrita por este jovem autor.
O já citado Gonçalo Tavares está um pouco só no trono do melhor escritor português da actualidade para mim. Está a precisar de companhia. Só é preciso para lá chegar manter a qualidade que o próprio mantém em todos os seus romances. O problema com Tordo é que as expectativas com este livro ficaram estupidamente altas. Mas aquele cheirinho a Sartre é um condimento que me faz babar completamente. Romancear Filosofia só está ao alcance de muito poucos e este livro acaba por estar muito próximo no ranking d´"A nausea".
Podem-me chamar de sonhador, o que também não é mentira nenhuma, ou de utópico, idem aspas aspas, mas a nova geração de escritores portugueses faz-me acreditar que o nóbel de Saramago não será um mero caso isolado. Vários estarão a caminho....
Só espero que os próximos galardoados não tenham a indecência de falecer quando o Presidente da Republica estiver de férias...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Filme do desassossego eterno.

Após vários meses e tentativas frustradas de ver a adaptação cinematográfica do fantástico "Livro do desassossego" de Pessoa porque "o filme não poderia ser exibido em salas de cinema convencionais nos centros comerciais junto ás pipocas e coca colas porque Pessoa merece todo um culto à volta da sua obra." (João Botelho, realizador do filme) dificultando imenso a vida ás pessoas que ainda tentam fazer alguma coisa pela cultura nacional, somos confrontados com a sua edição em Dvd que podemos adquirir junto com o jornal Correio da Manhã que é, sem dúvida alguma, o ícone português da cultura.
João Botelho e Produtora Ar de filmes: Porque dificultaram tanto o acesso à visualização do filme? Estavam com medo de críticas de quem leu o livro?
Não querendo estereotipar, mas o público alvo do Correio da Manhã não me parece que sequer tenha ouvido falar d`"O livro do desassossego" quanto mais do seu filme. E talvez o nome Fernando Pessoa diga qualquer coisa já que Bernardo Soares talvez seja confundido com o nome de um político qualquer.
Já que Pessoa é tão underground e tão selecto, roça o insultuoso as suas palavras co-habitarem com as das "notícias" do dito "Jornal".

Pessoa saiu da sua sepultura e dedicou-vos isto:

"Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
Que amigos que tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus propósitos todos!

Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo.
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na
circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro?

Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir. Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E--xis--tir ...

Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue!
Renunciar de portas todas abertas,
Perante a paisagem todas as paisagens,

Sem esperança, em liberdade,
Sem nexo,
Acidente da inconseqüência da superfície das coisas,
Monótono mas dorminhoco,
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas!
Que verão agradável dos outros!

Dêem-me de beber, que não tenho sede!"

terça-feira, 7 de junho de 2011

"Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida."

Bernardo Soares, in "O livro do desassossego."
Com uma mão deixo-te ir mas com a outra puxo-te para mim.
Uma mão quer que tu sejas livre mas a outra quer que seja eu livre. A mesma mão que te sufocou tentando agarrar-se à sanidade. Esta mão é egoísta. Esta mão agarrou-se a ti com toda a força para não cair no labirinto da insanidade. Quase te arrastou com ela.
A mão esqueceu-se que a sanidade rapidamente se transforma no seu antónimo.

Consigo vir à tona por breves segundos neste mar de tormentas que é o meu cérebro. Aproveito para encher de ar os meus pulmões para uma emersão que estará para bem breve. Não vejo agora a tua mão. Estarás talvez a apanhar sonhos que flutuam no ar ao teu redor. Vejo apenas a noite estrelada e não consigo ver o teu brilho. Estarás certamente a brilhar noutro céu.

Volto a afundar-me nas águas turvas tentando ganhar força para delas sair. Mas eu não sei nadar. As minhas mãos tentam escalar paredes escorregadias de pensamentos. Já não há uma mão lá fora para me puxar para a superfície. Usei-a em demasia e ela fartou-se. Não a censuro. Não culpes a minha mão por ser tão egoísta. Foi uma mero reflexo de sobrevivência.
Agora é o tempo de aprender a nadar sozinho. Se chegar à margem prometo que não procurarei de novo a tua mão. Mas que falta que ela me faz...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Outra coisa mais fodida que as segundas feiras

Nascemos todos com vontade de amar. Ser amado é secundário. Prejudica o amor que muitas vezes o antecede. Um amor não pode pertencer a duas pessoas, por muito que o queiramos. Cada um tem o amor que tem, fora dele. É esse afastamento que nos magoa, que nos põe doidos, sempre à procura do eco que não vem. Os que vêm são bem-vindos, às vezes, mas não são os que queremos. Quando somos honestos, ou estamos apaixonados, é apenas um que se pretende.
Tenho a certeza que não se pode ter o que se ama. Ser amado não corresponde jamais ao amor que temos, porque não nos pertence. Por isso escrevemos romances - porque ninguém acredita neles, excepto quem os escreve.
Viver é outra coisa. Amar e ser amado distrai-nos irremediavelmente. O amor apouca-se e perde-se quando se dá aos dias e às pessoas. Traduz-se e deixa ser o que é. Só na solidão permanece...

Miguel Esteves Cardoso "O amor é fodido!"

Coisas bizarras que só me acontecem à segunda-feira.

Eu sou daquelas pessoas irritantes que ouve música a altos berros no carro. Calma, mas é só de manhã quando vou para o trabalho. Apenas para não adormecer...
Ás segundas feiras os álbuns de metal tem rotação obrigatória. Preciso de muito barulho para o meu cérebro acordar e espreguiçar-se à vontade para começar a funcionar lá por volta das 9 da manhã. A vantagem de se entrar ás 8 da manhã é que durante uma hora não está mais ninguém no local de trabalho e posso andar a vegetar enquanto o meu cérebro processa a informação de que é preciso trabalhar.
Hoje a escolha matinal recaiu em Paradise Lost para a viagem. Como é para breve o concerto fui exercitando o meu pescoço para tirar a ferrugem e estar pronto para o headbanging que se aproxima. Entusiasmei-me em demasia com tal actividade o que resultou em não ver uma curva e seguir em frente em direcção a um portão aberto. Nada mais nada menos que o portão traseiro do estádio 25 de Abril do F.C. Penafiel. Entro pelo estádio dentro tentando controlar o carro. Consigo fazê-lo já a poucos metros do relvado perante o olhar de pasmo das pessoas que estavam nas obras dentro do estádio. Começo-me a rir desalmadamente. Sim, eu gosto tanto de gozar comigo próprio. Saio do carro para ver se estraguei alguma coisa enquanto duas pessoas se dirigem para mim.
"Oh amigo, o futebol já acabou. Se quiser jogar no Penafiel tem que esperar por julho!"
Ao que eu replico:" Sempre quis fazer uma invasão a este campo, mas não era desta maneira. Desculpem lá o susto. Sabem como é: as segundas feiras são fodidas."
E pronto lá saí eu do estádio sem glória e a tremer de susto. Ainda passei as mãos pelas calças a ver se tinha vertido algum liquido que não era suposto, mas estava tudo sequinho.

domingo, 5 de junho de 2011

É estupido mas até chorei a rir.

Peço desculpa ás pessoas que sofreram imenso para conseguir o direito ao voto principalmente as mulheres, mas eu não fui votar hoje.

Pode ter sido a pior forma de protesto, mas foi a minha contra os políticos que temos. Por isso meto esta música para toda a gente que me chaga por não ter votado.
"Não, não, não me fodas a cabeça!"


Quando tivermos uma mulher a encabeçar um partido para as eleições legislativas voltarei a votar. Já chega de machismo estúpido.

Crónica alcoólica versão festa trance.

Sábado à noite e o objectivo é ir a Guimarães ao fantástico Centro Cultural VilaFlor ver uma banda que descobri recentemente, os também vimaranenses Bulota. Rock puro e duro com uma negritude brutal. Não há cá eufemismos. É assim e mais nada!
Seria mais uma daquelas noites fantásticas em que parto sozinho à descoberta.
Seria... Disse bem. O concerto era só à meia noite, o que dava tempo para ir tomar um cafezinho e uma cervejinha para a viagem para a lindíssima cidade de Guimarães.
Pois, o meu problema é mesmo começar. Não me devo ter ficado só por uma cervejinha, pois há um lapso temporal enorme e quando dou por mim estou numa festa trance num sítio completamente desconhecido ás 3 e meia da manhã.
Fiquei sóbrio rápidamente com o choque causado pelo martelar das batidas e o efeito caótico das luzes. Tento perceber como vim aqui parar ao mesmo tempo que uma conspiração genocida se forma no meu cérebro. É esse o efeito que os martelos me provocam. Fico com instintos homicidas e macabros.
Olho para os corpos que se contorcem em ritmos desumanos ao som de batidas frenéticas e de ruídos parecidos vir directos do fundo do meu intestino e amaldiçoo, mais uma vez, ter ligado a alguém para ir tomar café comigo.
Estou completamente perdido. Vou ao bar beber uma cervejinha a ver se os ânimos se acalmam e, vindo do nada, estou a ter uma discussão com um dj porque ficou ofendido comigo porque lhe disse que não considero dj´s como músicos. Deveria estar calado realmente e geralmente guardo toda a irritação para mim, mas não consegui aguentar.
Reparo que as pessoas olham para a camisola que tenho vestida. Cum caralho! Fui buscar ao baú a camisola que comprei quando vi pela primeira vez Metallica ao vivo no ano de 1999. Estou mesmo vestido para a ocasião!
Encosto-me ao bar tentando decifrar como vou sair daqui sem armar mais confusão e sem levar um selo na boca. A rapariga do bar apercebe-se do meu desnorte e oferece-me uma cerveja ao mesmo tempo que me pergunta como vim aqui parar pois estar obviamente tão deslocado. A conversa flui e de repente a rapariga estende-me um charro. Perdido por 1 perdido por 100! Já não fumava destas coisas há imenso! Aquilo dá-me um estalo com a força física de quase uma tonelada! Tenho um mini ataque de pânico. Só quero apanhar ar puro nas ventas!
Reconheço a pessoa que está na porta e pergunto-lhe se sabe como fui parar áquele local. Choque enorme! Vim no meu carro! Apetece-me flagelar-me brutalmente! Como é que eu insisto ainda em conduzir nestes estados. Já paguei 500 euros de multa por excesso de álcool e estava "sóbrio". Imagino o que me aconteceria se ontem tivesse apanhado a polícia. Estaria hoje a escrever isto hoje numa jaula à espera do julgamento certamente. O resto da noite foi esperar que amanhecesse para assim ter menos probabilidade de apanhar a polícia. E bulota, foi o que fumei, mas a banda ficará para uma próxima espero eu!

sábado, 4 de junho de 2011

Conversa de gaijas....

Conversa que tive ontem com uma amiga.

Ela-"Tens a certeza de que tu não és uma gaja?"
Eu-"What the fuck??????"
Ela-"Pois, essa hipersensibilidade não é nada normal nos homens."
Eu-"Se é normal ou não, não sei. Só sei que a minha mente é muito complexa e eu estou sempre em guerra aberta com ela."
Ela-"Mais uma razão. Geralmente são as mulheres que são complicadas"
Eu-"Talvez até não me importaria nada de ser mulher. Acho-vos muito mais fortes do que nós homens."
Ela-" Sabes que podes estar sujeito a levar porrada se quase todos os homens que conheço te ouvissem a dizer isso?"
Eu-" Eu quero lá saber. É a verdade. Mas também alguém no seu perfeito juízo não se meteria comigo. Já viste o meu caparro? Não posso com uma gata pelo rabo mas imponho respeito. EHEEHEH."
Ela-"Já tou mesmo a ver que vais começar a bater mal com esta conversa. Eu conheço-te."
Eu:- "Pois vou. Mas digo-te uma coisa: se eu for mulher podes ter a certeza de que sou lésbica."
Ela:- "Então vamos lá à tua primeira experiência como lésbica. Que tal uma loura?"
Eu-"Claro. Oh chefe, duas superbocks se faz favor."

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Se beber... não jogue futebol.

O meu principal hobbie tornou-se, recentemente, jogar futebol. Sou guarda-redes de futebol de 5 e, aparentemente, com alguma qualidade, modéstia à parte, pois tenho que recusar convites de equipas por manifesta falta de tempo. Eu com falta de tempo até parece uma heresia...
Ás sextas feiras tenho sempre jogo ás 7 da tarde. Há um pequeno grande problema; Eu saio do trabalho ás 5 da tarde (roam-se de inveja vá lá), o que equivale a duas horas para matar tempo até ao jogo. Matar tempo sugere ir a uma esplanada beber uma cervejinha descansado e dar duas de letra não fosse estar um tempo que em nada convida essas actividades. O problema de hoje foi que encontrei o meu antigo chefe agora reformado. O homem adora-me! Quero pensar que é por eu ser bom profissional e que a capacidade sobre-humana de absorver álcool nada tem a ver com isso... Sou convidado a ir beber um copo a uma tasca em Penafiel. Se vierem um dia para esta zona e gostarem de beber um bom vinho visitem o 33. É mesmo ao lado do estádio do F.C. penafiel. Não há que enganar....
Aceito o convite do velhote mas já com um receio enorme a formar-se no meu âmago. Só tinha entrado duas vezes neste recinto. Uma em plenos anos 90 quando Penafiel era a capital do heavy metal em Portugal com o seu mítico festival Ultra Brutal e outra com o meu primeiro patrão após uma tarde de calor intenso. As duas tiveram resultados idênticos: borracheira total!! Já ia precavido, mas perante vinhinho fresquinho e bom tudo se desmorona. Em menos de meia hora lá bebi uma garrafa e meia. O meu problema é começar, depois disso nem o céu é o limite...
O telemóvel começa a tocar. Pois... já está na hora de começar o jogo e o guarda redes não aparece. Está na hora de atravessar a cidade de Penafiel de um extremo ao outro com transito caótico e já a sentir a borracheira a invadir o meu corpo frágil. Acho que não violei nenhuma lei de transito, pois quando bebo é a altura em que conduzo melhor. Acho eu pelo menos.
Chego ao campo e os meus companheiros de equipa acham estranho eu cumprimentar todos os adversários antes de me dirigir para a minha baliza. Era o primeiro sinal de que algo não estava bem. Jogo constantemente com a minha camisola do BENFICA (já me disseram que era o meu maior defeito, mas eu acho que é a minha maior virtude, ser benfiquista daqueles mesmo doentes) e enquanto me dirigia para a baliza imaginava que estava no estádio da Luz a abarrotar e toda a gente a gritar o meu nome. Envolto neste sonho acordado ia cumprimentando pessoas imaginárias à medida que ia beijando o símbolo do Benfica na minha camisola. Os meus colegas de equipa ficam a olhar para mim com cara de parvos com toda a razão...
Começa o jogo e no primeiro remate à minha baliza sofro um frango monumental. Sou logo chamado de Roberto (guarda redes do Benfica na epoca que terminou), mas acho que nem ele sofreu um golo tão estúpido! Do resto do jogo não me lembro de quase nada, só sei que perdemos por um golo e, após questionar os meus companheiros, soube que me substituíram na baliza porque nunca acertava na bola.
Nos balneários surge a revelação de todos os males do guarda-redes do benfica nesta época não fosse eu um especialista em teorias da conspiração. Coitado do rapaz! ele é bom guarda-redes, só que com um bar em pleno estádio da Luz chamado Catedral da cerveja estão à espera do quê? Enquanto se espera pelo próximo treino ou jogo tem que se matar tempo... por isso é que ele falha tanto nos jogos! As frescas são um apelo irresistível... Se o Roberto e eu deixarmos de beber seremos os melhores do mundo! Quer dizer, eu só quando bebo é que me considero o melhor do mundo e depois é o que se vê. O que conta é a intenção. Força Roberto! Vais conseguir ultrapassar o alcoolismo...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Música bem-disposta para animar o pessoal.

Fuckness é uma banda de Vila Real que prima por fazer grandes versões. Deixo aqui duas. A primeira é uma versão de duas musicas infantis. É um pouco chocante o resultado final. Quem se ofender facilmente afaste-se.
A segunda é uma versão da "Paranoid" de Black Sabath. Nesta a letra não se percebe muito bem, mas deixo aqui o essencial: "Domingo de manhã tendes que ir à missa. Putas do caralho chupai-me mas é na ..." O resto fica ao cargo da vossa imaginação.

Estas duas coisinhas tiram-me do sério.

Dá-me algo em que acreditar.
Dá-me uma mentira ou uma verdade. Não interessa.
Dá um deus aos ateus.

Mostra-me alguém em quem acreditar.
Aponta-o no meio da multidão de cabisbaixos.
Talvez o teu dedo aponte directamente para mim.
Firmemente dir-me-ás que eu sou a única verdade.
Eu direi que não oiço a verdade na minha voz.
Que nunca vi a forma da verdade em tudo o que ouvi ou li.

Segue-me até ao silêncio e aponta para o abismo.
Ele acorda e olha para mim.
Diz-me que eu sou um abismo maior do que ele.
E assim a imagem da verdade se desenhou perante mim...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

"Um louco jamais faz senão realizar à sua maneira a condição humana." Sartre

Banda de auto-ajuda. Sintoma Lost control.

Esta letra é tão verdadeira que até assusta.

Ninguém te pode punir por sonhares.
Deixa-me entrar no teu cérebro e retirar as amarras que te prendem a um conformismo inconformado.
Lentamente, sobem pequenos desafios como se de desenhos se tratassem à espera de serem coloridos pelos pincéis agora ausentes de cores escuras.
Pinta, nem que abstractamente o que vai dentro de ti e nunca se havia liberto. Pinta, paisagens mecânicas, reflexos de humanidades perdidas.
Nesta paleta imaginária as cores podem misturadas anarquicamente. Darão assim origem a novas cores anteriormente nunca vistas pelos olhos demasiado tristes e bloqueados dos teus semelhantes.
Pinta uma obra-prima que jamais será aclamada e oferece-ma. Ficará exposta nesta galeria subterrânea que é o meu pensamento. Perdida e encontrada para sempre...