Padeço do mal eterno de querer ser maior do que a vida.
Maior do que as montanhas e mais profundo do que o mar.
A existência que se resume a uma eterna batalha a maior parte das vezes contra inimigos inexistentes mas cujas vozes de desafio ecoam nas profundezas dos abismos que crio à minha passagem, reveste-se de importâncias desnecessárias.
Talvez eu queira ser um deus. Não daqueles castigadores cuja fé é imposta pelo medo de represálias, mas um deus sem adoradores. Um deus vagabundo e ermita que não pratica milagres. Nómada, vagueando por terras infiéis mas que também não pretendo converter porque a minha fé mal chega para mim.
Ser maior do que a vida não é difícil. É apenas necessário possuir o infinito atributo de questioná-la pois ela não me oferece respostas, enquanto que eu tenho resposta para todas as suas perguntas.
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