domingo, 19 de junho de 2011

GSM Fest 2011. Que grande galo!

Após uma semana terrorífica de trabalho, é chegada a hora de ir para Barcelos("the land of cocks" como diria o saudoso Lauro Dérmio) como um salteador do paraíso perdido.
Supostamente, a organização disponibilizaria autocarros desde a estação de Barcelos até ao recinto. O autocarro estava lá, mas o homenzinho recusava-se a levar apenas 3 pessoas. Soa-me extremamente suspeito quando diz que um carro da organização vem buscar estas pobres almas que esperam (im)pacientemente. Passada meia hora aparece um jovem com ar lunático pertencente à organização. Não cabemos os 3 na carrinha porque o rapaz tem que ir buscar os Paradise Lost ao hotel, mas, o jovem jura a pés juntos que nos vem buscar imediatamente após essa tarefa. Pois... pois... Talvez ainda estivesse neste momento à espera... O que vale é a grande simpatia e hospitalidade minhota para salvar a situação. Um velhote oferece-se para nos levar ao recinto. Viva o minho e os minhotos carago!
O recinto mais parece um cenário de um filme de terror. Umas termas onde a luz em nada abundava. O caminho para os palcos é tortuoso e, para quem beber uns copos, pode tornar-se um martírio. Este cenário de escuridão total banhado por uma mata densa torna-se idílico para um concerto das forças negras.
Passou-se mais de uma hora e meia desde que cheguei a Barcelos, portanto estou cheio de sede. Impressionante as desculpas que invento para atacar a cerveja!!!
No palco secundário estão a tocar os For the glory. Já não tenho paciência para bndas de hardcore ou pseudo- metal core. Soam todas iguais. Fazem muita falta os 31. Isso sim era hardcore.
Se For the glory não foi a melhor recepção para mim, o que se seguia foi mil vezes pior. Exila, banda italina que mistura uns Rage against the machine com Guano Apes com uma vocalista que parece a Avril Lavigne. Um a mistura demasiado explosiva para o meu intestino. É uma banda que recomendo para adolescentes revoltadas com o mundo como serão todas, mas que nada trazem de novo. A actuação pareceu demorar uma eternidade o que fez com que o meu nivel de irritação atingisse valores alarmantes.
Já só pensava que Paradise Lost tinham que salvar o fest senão seria uma enorme perda de tempo e de dinheiro....
Mas....
A primeira grande surpresa chegou pouco depois. Os barcelences Godog, que já tinha visto a abrir para Mão Morta, actuam no palco secundário. Foi bom revê-los. Foram das melhores surpresas a nível nacional que tive nos últimos tempos. O seu som, totalmente instrumental, é tocado com grande mestria. Aliando o peso e distorção de guitarradas de metal à doce melodia de um violino que é o fio condutor de todas as músicas, o resultado é deveras agradável e acabou por levantar um pouco da minha irritação (claro que as cervejas que fui ingerindo massivamente também ajudaram a limpar o ambiente). Um grande futuro aguarda esta banda.
Chegou a hora de consumar a relação que tinha interrompido uns 12 anos antes. A altura em que Paradise Lost enveredaram pela electrónica. Só recentemente havia descoberto que os últimos 2 álbuns voltavam a beber na sua poção mágica de outrora nos meados de 90. Estava ansioso e apreensivo em relação ao concerto.
A suposta tour da reedição do álbum de 1995 já havia terminado e era uma incógnita qual seria a set-list. Só "rezava" para que tocassem uma ou duas músicas dos seus tempos antigos.
Mas que grande surpresa que eu tinha reservada! Um alinhamento com imensas músicas antigas. Apenas duas músicas "más". Fantástico! Estava plantado em frente ao palco em frente a Gregory Mackintosh, um dos melhores guitarristas de sempre e a principal razão para eu, um dia, ter deixado crescer o cabelo. Queria ter um igual ao dele. O homem fez história pois foi o primeiro homem a aparecer num anúncio de shampoos que era destinado ás mulheres. O homem tem um senhor cabelo e mete inveja só de olhar.
A minha bexiga acabou por agradecer uma música "má". Estava no hora de reabastecer o stock de frescas. Quando, de repente, oiço a intro de Requiem, uma das músicas que eu mais queria ver ao vivo. É a hora de atravessar as centenas de pessoas em direcção à frente do palco onde me encontrava a correr e sem entornar o precioso néctar que carregava comigo em dose dupla. É díficil estando já eu tocado mas lá consegui sem entornar uma única gota. Feito fantástico!
O concerto acaba e eu estou extasiado. Já há muito que não dava por tão bem entregue o dinheiro de um bilhete para um concerto.
A reconciliação com Paradise Lost está consumada muitos anos depois. Como dizia o outro "True Love never dies"....
Deixo um ultimo destaque para o barzinho "lambreta" no centro de Barcelos. Muito boa onda. Só tenho pena de não haver por estas bandas um espaço assim onde o rock e a cerveja fluem livremente. A voltar lá.
Deixo aqui um vídeo dos Godog. Vale a pena ouvir esta excelente versão de Madredeus.

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