segunda-feira, 13 de junho de 2011

Após tantos protestos da minha parte dirigidos a João Botelho, venho desta vez dar-lhe os parabéns pelo excelente trabalho que fez no Filme do desassossego.
Fernando Pessoa e o seu espólio é das únicas "coisas" que são sagradas para mim e a adaptação cinematográfica do "Livro do desassossego" tendo em conta o panorama actual do cinema português, parecia condenada à catástrofe. Obviamente, queria ver o filme, mas o facto de ele estar em exibição itinerante e por um curto espaço de tempo (Demasiado tempo em Lisboa, registe-se, e pouquíssimo tempo no Norte), fez com que fosse impossível e que a raiva aumentasse. A saída do filme em dvd pelo Correio da Manhã roçou o insultuoso, mas de qualquer maneira lá adquiri o filme.
Estava desejoso que o filme fosse mau. estou a ser sincero. Talvez para eu ter razão em todas as minhas injúrias. Mas o filme está uma obra-prima! Não sou orgulhoso e sei reconhecer quando estou errado e quando devo pedir desculpa e portanto ela aqui está...

A maneira de como o filme se desenrola é genial. Parece um sonho de Bernardo Soares ou uma alucinação derivada do ópio. Neste clima de surrealidade que sempre foi a característica de Pessoa, ganha vida uma prestação sublime e merecedora de uma ovação do actor que interpreta Bernardo Soares. Para mim, que sou um fanático de Pessoa e que sempre o considerei um extra-terrestre porque é impossível alguém escrever daquela maneira estupenda, foi uma experiência aterradora e ao mesmo tempo gratificante dar um corpo a Pessoa e vê-lo com o seu ar sofrido e sonhador...

Altamente recomendado....

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