sábado, 25 de junho de 2011

O estranho caso de Alejandro González Inarritu: o homem que não consegue fazer maus filmes mesmo que um dia o tentasse.

Este nome não é dos mais badalados da industria cinematográfica e ainda bem. "Amores perros" é daqueles filmes que esbofeteia e pontapeia o espectador sem qualquer remorso ou vestígio de dó ou piedade e fez augurar uma grande carreira para este realizador mexicano. O filme é negro, muito negro. Não há qualquer final feliz e narra a vida como ela é. Ou melhor não é. A vida não é nenhum conto de fadas ao contrário do que a invasão cinematográfica norte-americana insiste em bombardear-nos. Este filme acabou por ser a grande rampa de lançamento para Gael Garcia Bernal, simplesmente um actor fabuloso.
Seguiu-se uma incursão para Hollywood com "21 Gramas". Estava com medo de ver este filme precisamente pelo efeito que hollywood poderia produzir na obra. O receio dissipou-se por completo. Actores como Benizio del toro e Sean Penn já me habituaram a bons papeis, o mesmo não se poderia dizer de Naomi Watts que completava o trio de famosos que tinham os papeis principais neste filme. O resultado não é tão pungente como "Amores Perros" mas é um grande filme, para hollywood então é muito surpreendente.
Uns anitos depois surge "Babel" com Bradd Pitt e Cate Blanchet no elenco. Supera em muito "21 gramas". Mais umas estórias negras em que finais felizes nem sequer se anunciam no horizonte. Por esta altura já tinha perdido qualquer dúvida sobre o enorme talento de Inarritu.
Mais ou menos nesta altura no ano passado as televisões foram invadidas por um anuncio da Nike alusivo ao Mundial de Futebol. Adivinham quem era o realizador? Só podia... Delicioso o pormenor de ver Homer simpson e Cristiano ronaldo frente a frente. Quem se lembraria de tal coisa?
Escrevo este texto na ressaca da visualização de "Biutiful", o ultimo filme do realizador. Já fora de Hollywood, Inarritu volta a esfaquear-me com um filme bom de mais para ser verdade. A negritude anda à solta em cada frame desse filme onde Javier Bardem faz um papel ao seu nível. Quem viu "Mar adentro" sabe do que estou a falar.
Por impossível que pensasse que seria tal feito, "Biutiful" ultrapassa "Amores perros". A luta entre a humanidade e falta dela nas pessoas chega ao rubro neste filme e Inarritu é o ideal para a capturar. Se é que alguém gosta de ler estas minhas criticas, aconselho vivamente a ver o filme. É (mais) uma obra de arte de Inarritu. Bons ventos que sopram do México...

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