Ata-me as mãos e os pés com a mais forte das correntes que são as minhas inibições.
Força-me a ajoelhar como um condenado esperando o golpe final que será disferido pelo meu querer.
Insulta-me com elogios irrisórios de grandiosidade entre a humanidade.
Brutaliza a minha vontade ardente e sedenta de castigos incorporais.
A dor física que correrá por este corpo desfigurado almejará até ao fim do tempo atingir as proporções da que é sacerdotiza na alma.
Reúne todos os teus pensamentos mais sádicos e liberta-os um a um ou em alcateia, tu escolhes, sobre mim. Observarás um corpo sem expressão aguentando todas as súplicias como se de carícias se tratassem.
O meu corpo é um mero navio que se movimenta sem rumo, guiado apenas pelas ondas de intituladas torturas por ti comandadas. Substituis a lua como divindade a quem as marés obedecem piamente.
Submerge-me em todo o teu crescente ódio encenado numa peça teatral de improvisação totalmente despida de razão.
Sou teu submisso no que os outros olhos vêem. Dominado na totalidade pela crueldade. Apenas e só vergado fisicamente.
Serei sempre espírito selvagem que voa como as fénixes um dia fizeram.
Indomável e indesejável...
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