quarta-feira, 12 de agosto de 2009


Está escuro... Não há vultos, nem almas penadas.

Existo apenas eu na minha forma de existir.

Melodias silenciosas enchem o ar que te sufoca.

Consegues ouvir o arpeggio ou aquela escala?

Não consegues ouvir nada...

A melodia da noite é só para os meus ouvidos.

Converso comigo porque mais ninguem quer ouvir.

Entendo-me perfeitamente com o meu eu.

Um deles pelo menos.

Os outros devem estar ainda a dormir.

Quando acordarem instalar-se-á o caos.

O nivel das conversas tornar-se-á ensurdecedor.

O teor das mesmas perde-se levado pelo vento.

Os meus eus gostam de conversar sobre mim.

Eu fico ausente das conversas.

Estou onde nunca estou.

Talvez longe, talvez perto.

Talvez ao lado de alguém, mas nunca a meu lado.

As conversas prolongam-se pela madrugada.

Aos primeiros raios de sol , eles chegam a um consenso.

Como accionistas de uma empresa que decidiram a proxima aquisição.

Ou como conselheiros papais que ordenam novas cruzadas.

Decidiram qual deles tomará a liderança neste dia.

Espero que seja aquele eu comunicativo e extrovertido que de quando em vez assume o poder.

Aguardo a sua deliberação como um acusado de homicidio aguarda a pena de morte.

Hoje deram uma oportunidade ao meu mais recente eu: o eu repleto de positivismo.

Que o seu reino se prolongue em mim...

1 comentário:

DarkViolet disse...

As melodias correm nas tuas palavras, concentrados no próprio Ser, a enquadrar gritos aflitos no repouso da tranquilidade incerta. Um dia tudo vira ao contrário mas existirá o infinito das escolhas