quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Subtração de personalidades, adição de torturas mentais, multiplicação de sofrimentos, divisão do nada.
Ruinas do que antes consideravamos como sendo o nosso mundo, o nosso refúgio. Falo das nossas almas. Elas perderam-se algures em parte incerta e por muito que olhemos para a rectaguarda só conseguimos ver escombros do que anteriormente era belo. Algures debaixo daqueles destroços jaz a tua alma. Talvez debaixo daquela pedra gigante... Sim, ela está lá. Consigo vê-la daqui pedindo socorro ou apenas o golpe de mesericórdia. Vai lá socorre-la!
Eu fico aqui a ver-te a debater com a rocha que esmagou a tua alma. Não a vou salvar da mesma maneira que não quiseste salvar a minha quando ela jazia moribunda na sarjeta. Ela gritou pela tua ajuda e tu simplesmente olhaste para o lado. Vi-te a afastar enquanto corria para a salvar.
Felizmente consegui. Pequenas marcas ainda restam desse acidente. Minúsculas cicatrizes que o tempo tem vindo a diminuir...
Agora que as memórias da minha alma ferida me invadiram enquanto é a vez da tua estar a agoniar sob a enorme rocha que tem o nome de orgulho, vou pagar-te na mesma moeda.
Vou chorar se ela perecer porque era uma alma que tanto gostava. Não tinha culpa de estar implantada na tua pessoa. Quantas vezes ela não pensou escapar, mas nunca conseguiu... Espero que seja desta.
Vejo-te agora a chorar perante os gemidos dela. Aproximo-me e ela reconhece-me imediatamente. "Liberta-me, por favor!"- Diz-me ela enquanto sinto o rubor da morte preenchendo-a.
Perante este pedido não consigo ficar insensivel como tu o ficaste e mato a tua alma. Ela olha para mim agradecida no preciso momento em que os arcanjos descem do ceu para a levar.
Agora olho para ti sem alma. Apenas sinto desprezo... Agora sim estás reduzida a nada... Matei o que ainda de bom restava em ti...

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