quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"O medo é como o fogo. Se controlarmos o fogo, ele serve-nos. Serve para cozinhar e aquecer-nos a casa. Se não tivermos o controlo sobre ele, ele consome-nos e destrói-nos.
Se dominarmos o nosso medo controlámos a nossa vida." Autor desconhecido

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Anuncio solenemente a mediocridade sem idade.
Se tivesse incarnado sob a forma da verdade,
Eclipsaria sois e luas que brilharão em céus vermelhos de exasperação.

Enfrentando o frio da noite que se onduleia à passagem das sombras,
Caem flocos de almas congeladas que um dia ousaram abrir os olhos.
O alívio de chagas psíquicas está à distancia pequena e gigante de um mero toque.
Um simples toque carnal, despido de complicação, trajando somente humanidade.

Espera... pelos teus sonhos...
para afogares as tuas lágrimas.
Espera... para escapares...
Faz as malas e veste apenas o inspirar.
Parte rumo a placas que dizem saída mas que são na verdade entradas para novos labirintos.
Não sufoques com o teu ar pesado de pensamentos.
Inspira... Não o ar...
Inspira... Os que querem escrever...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O tempo passa lentamente ou tão depressa que nem sequer nos apercebemos da sua passagem. É sempre relativo.
Gosto do relógio apenas para ver quanto falta para sair do trabalho.
O tempo deixa marcas. Algumas profundas, outras apenas superficiais que com um pouco de
pomada sentimental são rapidamente removidas.
Não acompanho o curso do tempo, não acompanho nada, nem nada me acompanha.
Não diria que algum dia iria estar tão colado a ouvir esta música. Não foi o tempo que me mudou. Fui eu que mudei o tempo... e agora é tempo de descobrir o que ficou escondido em cadafalsos condenado injustamente enquanto eu teimava em não mudar apesar das evidências...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O ar está rarefeito lá fora.
Sentimos a sua presença a contorcer-nos a mente.
Vamos fugir.
Vamos bem para dentro de mim.
Lá, há sempre algum local com janelas para observarmos o nosso silêncio em todas as suas formas metamorfósicas.
Vamos para dentro da minha mente. Com viagem só de ida.
Vamos divagar por entre suplícios e apontar o dedo em direcção à eternidade.
Vamos... Não tenhas medo.
O medo já não governa aqui. Foi substituído pela curiosidade e pela sede infinita do infinito e desconhecido, sejam quem forem esses novos ditadores.
Vamos bem para dentro de mim percorrer as minhas veias onde corre o sangue revoltoso e fiquemos aí à deriva que nunca o será. Ele corre violento e em paz e desagua algures onde bombeiam as alienações de realidade.
Vamos bem para dentro de mim...
Cá fora está frio.
E as existências lutam contra si próprias...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Para comemorar uma semana completa de sobriedade.

A sobriedade pode ser ainda mais alteradora da realidade...
Um anjo banha-se num rio negro e nas suas margens as flores murcham.
O seu mais simples toque provoca enormes e furiosas ondas onde supostamente as águas são calmas.
O anjo ergue com as suas mãos uma quantidade indefinida dessa água dum negrume impróprio para consumo e atira-a violentamente sobre o seu rosto tatuado com retratos com esgares de dor. Água suja, repleta de despojos de vontades humanas, serve para o anjo despertar da dormência em que vivia. A dormência de aspirar ao inaspirável.
Abatem-se sobre ele esses resquícios nauseabundos das vontades humanas que ali foram lançadas para desaguar em mares de grandiosidades e despertam o que jamais poderia ser despertado num querubim celestial: a vontade de ser humano.
A vontade de perder as asas e poder caminhar apenas. Sentir que lhe doem os pés por nunca mais chegar onde pretendia.
A vontade de perder a sua beleza idílica e ser substituída por rostos de banalidade.
A vontade de perder a sua aura e poder pecar. Cometer crimes contra quem o criou.
A vontade de ter vontade...
O anjo consegue ver o seu reflexo celestial apesar de todo o lodo contido e remove-o com a sua espada flamejante que era destinada a dilacerar as almas humanas.
O anjo torna-se humano. Torna-se hermafrodita porque acredita na igualdade.
Toca nas flores que haviam murchado com as suas novas mãos e elas perecem finalmente nas suas mãos. Agora sim é um ser humano com a vida alheia a desvanecer-se nas suas mãos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ás vezes acordo e olho desconfiado os móveis que me rodeiam. Olho-os com aquele olhar tresloucado não só de quem acabou de acordar mas também de quem se questiona se eles ali se mantiveram enquanto eu estava ocupado a procurar tesouros filosóficos no etéreo mundo dos sonhos.
Os móveis não me respondem. Ficam exactamente no mesmo local. Impávidos, sem o menor sopro de vida a soprar deles. Penso que se olhar disfarçadamente para o lado e voltar bruscamente os olhos em direção a eles conseguirei ver um deles em plena fase de movimento. Ficará estático como quando se apanha um gato a fazer o que não deve. Como se obedecessem a uma espécie de controlo remoto e alguém tivesse carregado no botão de pausa.
Os meus móveis conspiram contra mim! Eu sei! Tenho a certeza. No seu aspecto acolhedor e abraçando os cds, livros, cadernos, maços de tabaco vazios que ficam por lá à espera que por milagre fiquem cheios novamente, eles conspiram entre si para me usurparem a mente.
Querem fazer-me uma lobotomia! Tomar conta de um mundo que existe apenas nas minhas visões claustrofóbicas. Quem dominará esse metafórico mundo? Talvez o móvel do computador com aquele aspecto arrogante e sempre desafiador para mim. Ou a cama? Hum, ela arranca-me cabelos de vez em quando e vem com a desculpa "ah e tal, sou uma cama velhinha, daquelas verdadeiras de madeira maçiça".
Talvez possa ser ela. Essa vagabunda. Faz algum sentido, pois assim que me deito nos seus braços transporta-me logo para o sono. Quer ver-me perdido em pensamentos sorumbáticos para estabelecer o plano para me destronar.
Analiso os meus adversários um a um lentamente, anotando mentalmente os seus pontos fortes e fracos.
O móvel da televisão parece-me ser o mais forte. A sua imponência disfarçada por aquele ar de quem abre as janelas do mundo de par em par. AHHHH Que Nonjo que me metes!!!!!!
Subitamente, o telemóvel solta o seu alarme do despertador. Está na hora de ir trabalhar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Mulheres de armas volume Doom.


Unholy é, ou era, ainda não se percebe muito bem, uma banda finlandesa com alguns dos melhores lançamentos na área da música mais melancólica ou depressiva, como lhes convier melhor. Experimentaram várias vocalistas ao longo dos álbuns lançados, mas foi com Veera Muhli que atingiram o climax no disco "Gracefallen".
A voz de Veera para mim é a voz da própria tristeza. Com uma envolvência de veludo forrado com arame farpado, assim que nos toca sentimos primeiro uma suavidade etérea para a seguir sermos dilacerados pela pujança de todo o sentimento. Os cortes no corpo estendem-se até à alma.
Um dos meus álbuns favoritos de todos os tempos e uma banda que nunca viu reconhecido o seu valor.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Moonspell. O direito a não gostar.

Moonspell é uma banda que nos últimos anos se auto-nomeou como mártir. Explicando melhor, acusa os fãs portugueses de serem muito ingratos. Uma banda cujo principal mercado é o alemão, realmente pode considerar o mercado português ingrato. São tantas as pessoas que ouvem musica alternativa em Portugal que ainda não sei como a banda ainda não atingiu os 10 milhões de discos vendidos neste jardim à beira-mar plantado.

Fernando Ribeiro, transformou-se numa figura presente em revistas cor-de-rosa. Algo muito metal sem dúvida.

Polémicas à parte, gerou-se no submundo de fóruns online, uma espécie de beatificação a Moonspell, como se pelo simples facto de serem portugueses merecessem que toda a gente lhes lavasse as botas com água benta.
Eu reservo-me o direito a não gostar de Moonspell e ganhei-o através de ter sido testemunha do nascimento de Moonspell ainda no tempo das demos e do seu primeiro E.P. Resumindo, já era adepto de Moonspell quando a maior parte dos seus actuais fanáticos fans ainda brincavam com carrinhos e\ou bonecas. Tenho tudo de Moonspell até ao Butterfly Efect, álbum que levou ao meu descrédito total na banda. A partir daí foi uma linha descendente muito acentuado que não irá erguer-se jamais.
Agora, peço por favor às pessoas que veneram imaculadamente tal banda que deixem em paz quem já não a consegue ouvir. Ganhámos o direito a não gostar. O efeito beatlesco que Moonspell tem agora nas massas portuguesas não justifica tamanha inconsideração por parte da banda.
Talvez mereçam então que lhes devolva os discos que comprei e o dinheiro que gastei na única vez que os vi ao vivo, em 1999 e custou-me 25 euros! isso sim é uma ingratidão! 11 anos depois é que os concertos atingiram esses preços.
Moonspell e respectivos fanáticos, vós é que sois os ingratos...
A ignorância de certas coisas parece ser o meu desejo mais secreto.
Na loucura de noites de lua cheia onde não se revelam homens que jamais o tornarão a ser, ocorrem recusas de luzes siderais. Luzes que cegam.. Luzes que corrompem. Falsas luzes que iluminam caminhos armadilhados.
Gostava de não conhecer a luz. Essa luz abstracta que se ergue em vazios de vanglorias.
Essa luz nos devaneios das metáforas dos olhos devoradores que me procuram.
Sim, a luz. Essa luz que despe todos os receios e deixa-os à mercê dos anjos acusadores. A luz reveladora de castidades mentais. A luz que os acusadores anjos agora transformados em cinzas incandescentes veneram.
Essa luz nasce em mim e tem a sua foz na eternidade.
Mas eu gostava de não a conhecer...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Purifico-me com estranhos desejos de em ti permanecer, assim quieto, imóvel, como o meu querer.
Perante visões de contos milenares e ao mesmo tempo ancestrais que ecoam e esvoaçam perante o meu olhar pixelizado, encerro lápides de recordações de espíritos adormecidos cujo sono foi induzido pelo constatar da verdade, essa miragem...
1000 lagos sobrevoam montanhas esculpidas e eu acho normal.
Tufões silenciosos e sem ímpeto destruidor tocam-me com a ponta da sua espada e ordenam-me cavaleiro de infernais hordes no intuito de apagar um fogo que consome lentamente o que se guerreia dentro de mim.
E por tantos crimes que passo impune liderando estas hordes sem lordes, busco a purificação em pensamentos divagantes de estar a teu lado, imóvel, silencioso como um sismo.

domingo, 12 de dezembro de 2010

As máquinas de deus vão desenfreadas e à deriva pelas estradas alcatroadas de crenças com destino à conversão total da alma e mente.
Subversão, manipulação e opressão conduzem as máquinas que tem forma humana apenas porque foram despidos de todos os sentimentos.
Reúnem os condenados a serem excomungados e pavoneiam-se perante ruas de incrédulos crédulos.
Eu espalho rumores de uma rebelião. Semeio discórdias por entre os paradigmas absolutistas e sou o primeiro a partir para a revolução munido apenas com os meus pecados na mão.
Atirá-los-ei contra paredes de incompreensão e oservarei o seu voo livre em direcção a um céu já anunciado. Não um céu bíblico, esse não existe, um céu verdadeiro, tão verdadeiro como eu e tu. Um céu palpável, quando já não existir nada de razoável.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"O Homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter."
Jean Paul Sartre

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Imploro...

Se alguma vez a minha mente se fechar devido a um qualquer receio vândalo, usa as tuas palavras como um pé de cabra e escancara a minha mente e não tenhas problemas de qualquer espécie em pilhar o que lá por dentro encontrares.

Se alguma vez o meu corpo se abrir e dele jorrar aquele pus resultante das feridas psíquicas auto-infligidas, usa a tua boca como agulha e linha e cose-me novamente para não deixar sair o que eu quero que saia.

Se alguma vez eu for dado como foragido fora-da-lei, exerce a tua autoridade com veemência e prende-me no teu toque sedoso que incendeia os meus sentidos. Brande a minha captura a um mundo demasiado virado para o seu umbigo e receberás aclamações apoteóticas vindas directamente das profundezas do meu ser

Imploro, não ordeno. A ordem abandonou há muito estas pastagens onde se alimenta gado subversivo sob a forma de momentos.

Imploro, que o teu sorriso desencadeie eclipses solares e na Noite mais amada sirva de lua erecta no céu sem estrelas com o único propósito de me guiar através das sombras que estendem os braços para me agarrar.
Sê tu a minha escuridão, refúgio de luz eterno quando tudo o resto me parecer querer cegar..

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

From Portugal with sorrow...



Deambulo por pensamentos vagos
Lugares em que a vida não existe.
Surgindo em mim o passado
Onde tudo são ruínas e vultos que se imergem.

Ilusões amaldiçoadas que me exaurem,
Numa existência enleada de sombras,
De cicios perturbadores...

E depois que tu morreste,
Dura em mim
Uma saudade sem idade,
Uma dor que não tem fim...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Pela madrugada caminham Homens com asas de Noite.
caminham, lentamente, passo a passo, não tiram partido das suas asas.
Não voam, voar está reservado para os grandes de espírito, aqueles que ousam desafiar o mundo em toda a sua grandeza e que esculpem com ténues gestos escadas para o supremo nível da existência.
As asas desses Homens divagantes ameaçam bater em retirada a qualquer momento. Desejam afincadamente transportar pequenos desejos até mundos de sonhos onde tudo tem uma razão ética de ser, onde tudo é puro, pureza essa que é violada selvaticamente ao menor piscar de um olho. A presença corrosiva da luz destrói até ao âmago o espectro de viver.
Há aqueles que desejam habitar na Noite e aí edificar revelações sem qualquer espécie de sanções.
Esses pegam nas asas da Noite e voam até ao porto de entrada de demónios metafísicos que os saúdam cordialmente. Conviverão em paz em orgias de conhecimento e de compreensão da mente humana.
As asas da Noite, ao mais pequeno flectir, criam uma espécie de eclipse provocador de cegueira para ocultar a ascensão dos que as pilotam.
E sob o domínio do céu estrelado esses já podem largar as asas pois viajarão apenas com o poder da sua mente até à eternidade.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Abençoados os eminentes na putrefação que se tornou a existência.
O facto de existir é tão adquirido como é repudiado.
No desenhar de linhas convexas que procuram roçar a decência,
Uma linha recta aponta torta para o não-ser angustiado.
Na desecração do que é por muitos considerado o mais sagrado,
subsiste sem ruir o desejo de Homens que não o desejam ser.
A imortalidade acena nas esquinas da ambição do arbítrio mais desejado,
E juntam-se os quereres em multidão exigindo não serem confundidos com um qualquer crer.

terça-feira, 30 de novembro de 2010


Exactamente há 75 anos, deixou a vivência carnal o(s) mais sublime(s) sonhador(es); Fernando Pessoa e todas as suas encarnações, deambulações, alucinações e rebeliões.
Deixou um legado irrepetível e nele viverá eternamente. A simples declamação do mais singelo verso de sua autoria é mais um passo para a sua imortalidade.
Alguém que em tão pouco dizia tanto, Pessoa destaca-se de todo o universo literário como o mais completo poeta de sempre.
Pequeno e reduzido tributo aqui fica num poema curtíssimo mas com o mundo dentro dele.

"Meu ser vive na Noite e no Desejo.
Minha alma é uma lembrança que há em mim."

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A glória da guerra ainda se faz ouvir por entre os breves sopros de pacíficos lamentos sobre putrefactos intentos.
Ela parece dormente, soterrada por ruínas de monumentos bélicos erguidos em nome de deuses ausentes.
O seu rugir, som dantesco, cujos decibéis eram audíveis nas mais extremas frequências, parece agora um suave bramir de rebanhos que aguardam o seu pastor perdido por entre vegetações de alucinações.
Ecoou em vales agora desertos outrora pulsantes de vida.
O projéctil de um determinado momento ficou alojado no cérebro bloqueando a entrada de novas declarações bélicas.
Tudo parece apenas uma miragem agora que ele olha para o que escreveram e proclamaram que fez.
Não vislumbra qualquer reconhecimento em tais faustosas acções cujo crédito aparentemente é só seu.
Este velho general, quiçá monarca de reinos desconhecidos e ainda não proclamados, estende o seu olhar por todas as ilusões onde ergueu paióis vazios de munições e pensa no sentido para o uso de metafóricas armas brandidas e recolhe aos seus aposentos situados algures fora de si onde analisa os mapas do que foi conquistado.
A que custo? pergunta-se.
A guerra edificou o meu império, mas ao mesmo tempo fui a sua única vítima.
Guerra não desejada e não proclamada levou-me e substituiu-me por esta alma sem alma.
penso, que talvez, a opressão seja necessária para nos sentirmos vivos...

domingo, 28 de novembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Qualquer dia ergo um monumento à escuridão e devassidão.
Um monumento que eclipsará a torre de Babel.
Este monumento conseguirá tocar os céus e quem o escalar até ao topo poderá sentir a respiração ofegante de deus.
E o meu respirar será uma metáfora de tornados e ciclones pacifícos...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Causa confusão esta minha quietude
parece ser estranha virtude.
Estou quieto enquanto a vida tatua por todo o meu corpo palavras de alento.

domingo, 21 de novembro de 2010

Crónica de fim de semana moderadamente alcoólico...

Sábado 19h e 30m.
É a hora de arrancar para Braga com mais dois amigos para mais um daqueles festivais que se auto intitulam como sendo "Culto à Morte."
Mais umas boas dezenas de quilómetros para ver bandas ao vivo! Podem-me acusar de tudo, excepto de não ser leal à musica. Mais 10 euros para o bilhete, mais 5 para gasóleo e portagens e mais uns quantos euros para beber cerveja. A "festa" ameaçava tornar-se cara e a vontade de ir agora a concertos de metal já é mesmo muito reduzida. Estava a ser um acumular de factos evidentes de que não iria gostar muito da noite...

Braga, 21h00.
Estacionada a viatura, é hora de atacar o arsenal de cerveja do café ao lado do local do concerto.
Supostamente os concertos começam ás 22 horas e agora as organizações primam por cumprir horários o que é excelente tendo em conta que já cheguei a esperar 5 horas pelo inicio de um concerto.
Meia dúzia de morcegos deambulam pelo tasco da aldeia mostrando as suas novas camisolas de supostas bandas "true". Irritam-me estes tipos porque eu já fui assim também. Só mesmo por isso.
Estou cansado, nem sequer estou grande falador. Concentro-me no jogo de futebol que está a dar na televisão tentando que a minha mente fique ocupada com futilidades como golos do Cristiano Ronaldo e o Mourinho com cara de mau. Este sim tem todo o aspecto de ser metaleiro, pois está sempre com cara de zangado com o mundo.
Bebo umas quantas e apercebo-me de que não jantei, por mero esquecimento. Eu sou assim, muito distraído.

Começam as bandas a tocar talvez no intervalo entre a minha quinta ou sexta cerveja. As duas primeiras não me aquecem um pouquinho que seja.
A seguir toca Dolentia, banda que não conhecia e que deu um concerto demasiado bom para ser verdade. Não sou daqueles que só gosta de bandas estrangeiras, muito pelo contrario, mas não é comum encontrar tanta qualidade no black metal português. Já fiquei mais animadito, claro que as frescas também ajudaram...
O ambiente no concerto roçava o desprezível. O metal está completamente elitista. Só grupinhos de pessoas isoladas enquanto que não há muito toda a gente falava entre si.
Sobe ao palco a banda que motivou a minha vinda a terras minhotas, Inverno Eterno. São uma das bandas mais originais que conheci. Aliam a agressividade e a melancolia em dosagem simplesmente perfeita. As letras não são estúpidas como quase todas as de metal. Assentam na solidão, misantropia, esquizofrenia e numa desolação total. Em suma algo que eu gosto de ler. Ah e percebe-se perfeitamente o que o vocalista canta. Mais um ponto a favor.
Só que a catástrofe aconteceu. Depois de um concerto excelente no Porto, este foi simplesmente abominável.
Parecia que estávamos num funeral tal era o silêncio reinante na sala. A queda de uma garrafa provocou o mesmo efeito que um ataque nuclear. Viraram-se os olhos inquisidores à procura do profanador de tão sublime silêncio. Give me a break.
Entrei em fase de neura total e estive sempre a beber até ao fim do concerto. Estava triste, podemos dizer, por ver ao que o metal chegou. Já não dá vontade de lutar por esta causa perdida. As novas gerações distorceram o que o metal supostamente representava, portanto, ontem despedi-me deste tipo de concertos. Já não me identifico com nada do que vejo. Talvez tenha amadurecido, talvez esteja apenas a ser esquisito, não sei. A única coisa que sei é que não me sinto à vontade nestes ambientes que sempre foram o meu habitat.
Um fim de semana de despedida para o meu estilo favorito de música. Foi bom enquanto durou.

Fica aqui uma musica de Inverno Eterno. É uma grande banda...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Certo dia acordei demagogo.
Certo dia quis brincar com o fogo.
Certo dia não chegou a ser dia.
certo dia não quis escrever poesia.

Incerto momento em que me libertei.
Incerto momento onde nada declamei.
Incerto é o antónimo de certo.
Incerto é o pensamento correcto.

E eu sou a certeza da incerteza
A contradição da beleza
E a fuga da tristeza...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sinto o matraquilhar da razão
Sinto aquele barulho metálico
Sinto aquele imenso senão
E o destino escrito em itálico

Sinto o Render das armas
O desejo de sucumbir
O surgir do eterno "mas"
Contrapondo-se com o verbo fugir

Razoável não é excelência
Fugitivo pronómico
Despido de toda a decência

Um vislumbre catatónico
de adulterada sapiencia
Recebido com um mero sorriso irónico
Olho fixamente para o crepitar do fogo na lareira espectral.
Ele dança em formas errantes como se me quisesse dizer algo.
As suas chamas alaranjadas com um toque de vermelho sangue formam uns braços que procuram puxar pela ponta do meu véu de desejos subliminares para os consumir e aumentar a sua própria combustão.

Talvez, as chamas do gelo, aquelas do eterno flagelo que me atormenta, aquele de questionar o absoluto e duvidar do inolvidável, talvez essas chamas geladas percam a força sendo sufocadas pelos orgasmos soluçados de ter penetrado profundamente a razão.
Fogos gelados ou ardentes, atiçados por meros repentes cessam da mesma maneira que iniciam e eu apenas preciso de mim para me imolar.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Só de pensar que esta música é de 1996 até me dá uma coisa má!!!!

Assisto sereno ao rapto da inocência que discorre perante o meu olhar furtivo.
Perdeu-se para sempre no emaranhado de falsidade e corrupção e foi removida à machadada por carrascos com rostos implícitos.
Devolvam a inocência à demência em breve ultimato de retaliações não imediatas e apenas figuradas.
Devolvam o verdadeiro e puro e removam a impureza que as mãos humanas deixam escapar.
Mãos humanas, capazes dos crimes mais atrozes com apenas um breve e singelo toque.
Limpem-se com a glória de outrora terem segurado as lágrimas de pesar pela existência...
Abrem-se muitas páginas em branco perante mim desejosas e lascivas pelas silabas que se formam algures dentro de mim e jorram de maneira abissal formando palavras, que por sua vez formam frases e textos.
Essas folhas em branco são para eu escrever o que me apetecer, não coloco regras de qualquer espécie excepto uma: As frases não poderão ter ponto final. Não terão fim... Apenas continuação...
Serão palavras com futuro que sofrerão mutações a qualquer desvio de moralidade.
Palavras que dizem tudo ou não dizem nada, apenas eu saberei e poderei tempera-las com novos significados polvilhados por antagonismos ou meros masoquismos.
As folhas em branco estender-se-ão até onde a vista alcança, não a do olhar, mas aquela que jaz nas profundezas do ser. Essa que não tem barreiras de qualquer espécie e que se manifesta em metamorfoses de estrofes.
Presenteiem-me com dias e noites disfarçados de folhas brancas para eu continuar a escrever, esse estranho sinónimo de viver...

sábado, 13 de novembro de 2010

Bem que os farmacêuticos podiam criar algo semelhante com o Gurosan, mas desta vez para a compreensão...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Esta música é algo estranho mas que adoro.
É a soma de uma banda que não acho piada, os portuenses Heavenwood, com convidados aos quais ainda acho menos piada. Ou seja os alemães Liv Kristine, dos demasiado góticos Theatre of Tragedy, e Kai Hansen dos Gamma Ray, mais conhecidos pelos seus detractores como Ramma Gay. O resultado é esta Downcast que até tem uma letra engraçada. Enjoy. Talvez uma faceta mais soft minha para não ser só Black Metal aqui. LOLOLOL ( Private Joke!!!!)



Everytime I get into the night...
Your night
Searching for some dreams
Into my heart...
Your heart
Everytime I hold you for a while
Your time
So I guess what else
You got in your mind...
My mind

I can feel this pain
Collide within you
When you say to me goodbye...
I will too

I travel back... into old times
To make things shine...
Upon my throne
So I believe in you
And I lived it through
Your sins and lies
You've tried to hide

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Chove lá fora e cá por dentro também.
Chove copiosamente não lá fora, apenas cá por dentro.
Chovem folhas em cores outonais diferentes das demais.
Chovem cores amareladas pela passagem do tempo e pelo fumo dos cigarros fumados a olhar para as paredes de não-movimentos perpétuos.
Chovem escorrências das incoerências de pensar em não pensar.
Chove aqui.
A chuva entra por uma abertura na percepção e baptiza-me com anti-divinas exclamações apelativas de deserções.

... e a vontade junta-se à nomada chuva que vagueia por sítios incertos procurando um em particular ou um qualquer aleatóreamente.
Talvez eu hoje seja a chuva e vou banhar-te com tempestades de desejos.
E tu irás bebe-los e deixá-los correr por todo o teu corpo e deixá-los-ás moldar-te como se fosses de barro.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Texto sobre algo muito estúpido.

O futebol é algo grandiosamente estúpido...
Em termos de espectáculo, como é habito classificá-lo, é muito pobre. Só de longe a longe um jogo é verdadeiramente espectacular e cativante no real sentido das palavras.

Os valores monetários envolvidos no futebol são uma afronta para quem trabalha e recebe salários miseráveis.

O futebol dá azo a grandes discussões sem sentido entre amigos de longa data.

O futebol tem leis deveras complicadas para serem entendidas, mas mesmo a pessoa com o Q.I mais reduzido as sabe, ao contrário, por exemplo da lei da gravidade.

Ok... Posto isto, eu gostava de saber porque gosto tanto de futebol??????!!!!!!!

Porque é que um simples desporto é responsável pelo meu bom humor? Ok, agora tem sido mais responsável pelo meu mau humor. Foda-se!!!!!

As discussões em volta do futebol roçam o ridículo, mas eu envolvo-me nelas como se fossem discussões filosóficas que pretendem desvendar o sentido da vida. Contraditório não?

Obviamente, para estar a escrever isto denuncio-me imediatamente como adepto fervoroso do Benfica. Os adeptos do Benfica quando este perde, dizem sempre que não ligam a futebol para tentar ganhar um pouco de saúde nas feridas escalpelizadas.

Sou alguém ( estranho eu escrever isto, não?), que sempre gozou consigo mesmo por todas as coisas erradas que fez.
Por exemplo; a derrota de ontem do Benfica contra o Porto por 5-0 teve em mim um efeito comparável à bomba atómica. Curioso terem sido lançadas duas bombas atómicas e a derrota por 5-0 ter acontecido também duas vezes. Mas, voltando ao que escrevia, acho ridículo o facto de a seguir a cada derrota do meu clube, ninguém, mas mesmo ninguém, nem as pessoas mais chegadas poderem dirigir-me a palavra no prazo mínimo de duas horas sob o enorme risco de serem insultados ou mesmo esquartejados. Que parvoíce, eu sei...
A amplitude da derrota de ontem teve um efeito 5 vezes maior. Veêm, eu até tenho bom perder e gozo com a situação. Mergulhei numa pseudo-depressão pós-parto da derrota enorme e simplesmente não falei com ninguém durante não sei quanto tempo.
Há uns anos, o meu clube foi goleado por 7-0 pelo Celta de Vigo e, sendo eu estudante na altura, fiquei sem ir ás aulas durante 3 dias em estado completamente vegetativo. Afinal o Incrível sou eu, não aquele que marcou dois golos ontem. LOLOLOL

Hoje acordei extremamente mal-humorado ao contrário do que é norma. Tudo devido a um jogo de futebol!!!!! Arrrrgggghhhhhhhh
O caminho para o emprego foi feito a especular a quantidade de tortura a que seria submetido pelos meus colegas no emprego, visto serem quase todos adeptos do F.C.P.

POR AMOR DE DEUS ( Lindo eu escrever isto, Não sei porquê, mas sempre quis escreve-lo, LOLOLOL) NUNO!!!! penso eu agora na racionalização da estupidificação.

É estúpido. O futebol é estúpido. Eu gosto de futebol, portanto eu sou estúpido!!
É fácil. Matemática simples. 2+2=4...

domingo, 7 de novembro de 2010

Espera...
Só um pouco...
Pela poesia em forma de filosofia...
Pelo entardecer do conhecer...

Espera...
Só mais um pouco...
Pelo ainda por viver...
Pelo que insiste em não morrer...

Não esperes mais...
Avança...
Devagarinho e em passos subtis...
Para não acordar os monstros que a teu lado habitam...

Pára, escuta e olha...
Para o teu reflexo sublinhado
Pára e fala com ele
E verás que dar-te-á a indicação do ser amado

caminha...
Corrre...
Por entre escarpas de fossilizado desespero
Encontras quem esperávas,
Pode ser parecido com o reflexo que viste
Ou poderá ser exactamente o oposto.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Solidão e saudade
Romarias de pensamentos
Ainda vazios de idade
Apregoados aos 4 ventos

Há quanto tempo me pergunto?
nunca nada tem resposta
No inferno a quem estou junto
Apenas a verdade a mim se encosta

Verdades de mentiras
ou mentiras verdadeiras
Estão nas eternas liras
as palavras lisonjeiras

Pelas romarias passeio
a tudo que relego
Sentimentos com asseio
Por ti estou cego.
Por ti verti lágrimas doces as quais já tinha esquecido o sabor
Ellas deslizaram pelo meu rude rosto a cantar melodias desaparecidas
Para se fixarem na minha alma com todo o seu belo ardor
Despertaram todas as minhas carícias adormecidas
E libertaram novamente todo o meu incontrolável amor.

Ele anda á solta como uma besta tresloucada
Barreiras não encontra no seu caminho
Para te encontrar minha amada.
O desejo sai agora tímidamente de seu ninho
Voraz e capaz de provocar uma intifada.

As guerras passadas enaltecem o sentimento
E o teu beijo destroi o enorme receio
De só te ter apenas num momento.
Descansarei encostado ao teu seio
E jamais terei um unico lamento.
Ouve o som dos trompetes a eclodir nos vastos céus escarlates.
Anunciam a vinda do falso messias a que palmas condenaram a viver em exílios espirituais.

Ouve a doce e tumultuosa melodia debitada neste funesto fim de dia.
Para o receber encontra-se apenas o que jamais estará só.
Ah, solidão essa condição de extrema unção...

Vindouros estão novos pronúncios gravados nos bélicos prepúcios.

Guerras não apresentar-se-ão na linha da frente.
E tudo continuará exactamente como antes.

Excepto para o nunca só pois esse voltou para si.

Hard Club, 4 anos depois.

Algures em 2006 foi a ultima vez que entrei no mágico espaço do Hard Club em Vila Nova de Gaia para ver os tiranos do metal negro, Gorgoroth.
Agora, o Hard Club reabriu as suas portas, que estavam encerradas desde 2007, na cidade do Porto no antigo mercado Ferreira Borges. Infelizmente, do antigo espaço só herdou mesmo o nome. Quem conheceu bem aquela sala, sentia toda a sua imponência a vibrar pelo ar. Pelos vistos, agora o Hard Club é constituído por duas salas, mas talvez nem a um terço da qualidade comparativamente com Vila Nova de Gaia.
Nem tudo é mau. Uma sala de concertos totalmente pintada de negro é uma visão surreal. Único ponto positivo a destacar desta minha estreia no novo Hard Club.
Ora bem, um recinto de concertos tem que primar pelo som e o que ouvi ontem em Anathema não era nada de especial, se compararmos novamente com o antigo espaço. Mas deixo o benefício da dúvida para esta questão tendo em conta a particularidade do som de Anathema.
Ponto muito negativo que bate toda a escala da negatividade; o calor infernal que se faz lá sentir. Suor corre por todos os meus poros e uma pessoa acaba por se sentir incomodada e desliga-se um pouco do concerto em questão. Se isto é uma estratégia para forçar as pessoas a beberem mais, digo que pela minha parte não precisam desse tipo de terrorismo pois já bebo o bastante com ou sem calor.
A suposta interdição de fumar é para rir. Concertos de Rock com o belo do cigarro numa mão e a etérea cerveja na outra faz parte do ritual de exorcismo. Mas obviamente, não estivéssemos em Portugal, essa proibição foi ignorada na totalidade.

Em relação a Anathema, acaba por ser um pouco paradoxal, mas soube a pouco mesmo tendo tocado duas horas e meia. Tocar o ultimo álbum na integra é um risco enorme visto que algumas das músicas novas roçam um pouco o entediante. Mas acabou por ser uma bela noite passada por entre o suor, a cerveja, o fumo, os sing alongs às grandes letras de Anathema e o espírito de muito boa onda que reinava no Hard Club. Voltem sempre Anathena. Serão sempre bem recebidos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

As emoções trepam pelas escarpas agressivas do momento, apenas desejam hastear a sua bandeira no cume do tempo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Crónica de uma viagem de comboio.

O comboio vai partir...
Apressados, os mais retardatários, correm com as suas malas carregadas de esperanças e de sonhos. Trazem vestido hoje um sorriso no rosto e pavoneiam-se na passarelle diminuta do entardecer.
Outros deixam para trás o amor de uma vida e, por sua vez, vestem uma melancolia indisfarçável no olhar. Anseiam pela viagem de volta e pelos mesmos lábios que agora se despedem, mas que lhes darão as boas vindas no regresso.

O comboio parte, os acenos já ficaram para trás como se num túnel.
Está na hora de combater o ócio da viagem.
Refugio-me na leitura. Sempre carregado de livros. Outros olham a paisagem demasiado agreste deste Portugal. A seguir ao betão armado e desordenado segue-se o verde por cultivar dos campos tristes e expectantes... há demasiado tempo...

Uma estação...
Olho pela janela para observar as pessoas. para ver se são diferentes...
Um casal de metaleiros aguarda o comboio, partilhando com grande cumplicidade um silêncio falador.
Uma família despede-se da filha mais velha que entrou agora para a faculdade. Tem um misto de orgulho e de receio estampado no rosto. Que trará o futuro para estes jovens de hoje?

A viagem continua...

Já li o "Estilhaços" de Adolfo Luxúria Canibal.
O anonimato dos comboios esconde em si a vontade de as pessoas falarem umas com as outras, mas há uma barreira invisível que o impede...

o comboio atrasa-se...
Fala-se de um Tgv enquanto as ligações ferroviárias estão uma desgraça. Portygal sempre governado por incompetentes. O império parece-me mera obra de ficção sinceramente.

Então surge o Porto, esculpido no seu cinzento típico e as suas casa a cair de velhas. Arrepia ver o Porto passando a ponte de S João.
A minha cidade, por empréstimo... Aquela que eu adoptei...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Escolhe talvez a simplicidade
em detrimento da caotização
Passeia em complicidade
Com apenas os sonhos na mão

Atira-os ao momento
em linhas sempre intemporais
emoções sempre em aumento
nos sonhadores olhares imortais

O sonho não comanda só a vida
O sonho comanda a eternidade
Não existe uma lágrima perdida
e o querer não tem idade

Sonha em sonhar
eles são companheiros
Como na noite a iluminar
estão os candeeiros

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Calmo. Quase tão calmo como o anoitecer...

Pergaminhos partiram para não mais voltar.
Papiros que continham a força de vontade de 1000 exércitos, são meros escritos de opróbrios descritos metafóricamente.
Há uma força não física que insiste em não o ser e pequenas e insignificantes subtilezas que paradoxeiam os seres que infringem as leis que correm apenas de boca em boca.
Inflamado por incontáveis segredos, ergue-se o querer. Um dia aqui e no outro já distante.
Mantém-se a constante de a cada instante mudar a maré e o vento inverter a marcha e entrar em sentido contrário ao arbitrário.
mantenho-me eu imóvel, de olhar fixo em nenhum crucifixo e absorvo o que me absolve.
A diferença é o que não aparenta e o desejo não se manifesta fisicamente deixando-se apenas para o esticar da mente.

domingo, 24 de outubro de 2010

As vozes que habitam a minha mente hoje estão caladas. Há muito silêncio onde costuma haver muito ruído, aquele barulho mecânico das roldanas e restantes engrenagens que rodam para produzir pensamentos e acções.Lá fora está cinzento. Cá por dentro de mim está descolorido, ou pintado manual e abstractamente um quadro de silêncio cuja côr ainda não foi usurpada.
carícias aveludadas percorrem o meu corpo inerte e provocam um leve arrepio auto-erótico.
Continuo a respirar... Inspiro e expiro...
Aspiro a aspirar...
E as vozes continuam caladas.
Saber-me-ia bem ouvi-las um pouco.
Combateria este sentimento de vácuo...

sábado, 23 de outubro de 2010

Brutaliza-me com os teus anseios escondidos entre pudores milenares...

Escraviza-me com palavras coléricas de paixão...

Chicoteia-me com visões psicotrópicas de psicadelismos imorais...

Sufoca-me com arfares envenenados por deuses de submundos consumidos por desejos imundos...

Verte o sadismo derramado em escritos ancestrais...

Mas, sobretudo, morde profundamente a minha carne para dela jorrar a minha aura...

Negra, escarlate...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dizem que perdi a capacidade de escrever coerente e poeticamente como era meu timbre.
Talvez concorde com essas vozes discordantes e acusatórias. escrever é uma actividade assente na relatividade que, por sua vez, rima com insanidade.

Talvez neste momento me encontre refugiado poucos metros fora da fronteira da insanidade. Talvez tenha desertado...

É necessário estar envolto por uma neblina de loucura que são todos e quaisquer sentimentos para conseguir escrever de forma apaixonante.

Estou momentaneamente no seio de um tornado de calma e tranquilidade.As ideias fluem e encontram o seu curso natural sem necessidade de se construírem diques à sua volta para impedir a sua subida e consequente devastação de floras mentais...

prometo, se um dia voltar a cruzar a fronteira da insanidade, voltar a escrever como antigamente, ou não...
Por enquanto, estou bem assim na paz e harmonia do caos...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Um ícone do metal negro.
Leviathan, uma das encarnações de Wrest. Este é um dos melhores hinos do black metal.
Sombrio, misantropo e sujo q.b, assim é o bom black metal. A música sobe através de espirais de trevas e esquizofrenia para explodir no fim com a mais bela melodia alguma vez feita por mãos humanas. A partir do minuno 7 e 48 segundos produz-se o que pode ser considerado um orgasmo musical...
Como se cria um ícone?
Pegar-se-á numa pedra e através de uma escultura qualquer sairá um ícone?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um assassino olha para o seu reflexo exposto na faca que usa para matar.
Tamanho acto de narcisismo...
Da mesma maneira olhas para o espelho antes de saíres de casa.
Tamanho acto de inutilismo...
Pelo menos o assassino tem um propósito...

domingo, 17 de outubro de 2010


Passam por mim paisagens devolutas, a velocidades estonteantes.
Eu consigo vê-las através de uma janela entreaberta algures na parede de silêncio que mais parece de betão armando.
Há pequenas rachas nessa parede e por lá sopram leves sussurros cultivados em campos agrestes de palavras outrora esperançosas.
As brechas vão aumentando assustadoramente de tamanho.
Como se esses leves sussurros ameaçassem transformarem-se em diálogos gritados a altos decibéis...
A viagem continua e outras paisagens se desenham a jusante.
Diferentes ou iguais, nada disso interessa. São apenas paisagens...
São apenas palavras....
São apenas sussurros...
São coisas sem significado
Meras observações...
Sou eu...
Sou apenas eu...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010


Tragam deuses para os sem deus.
Tragam fé para os pragmáticos.
Tragam novas hecatombes predestinadas
Tragam desejos a todos os sintomáticos.
Mas, acima de tudo, tragam a verdade. A verdade incontestável...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Todo o dia cantei esta música.

E...


não olhes para muito longe...
Procurar o esquecimento, só fará as marés juntarem-se e em uníssono desafiarem
todos os tempos que se encontram nas margens.
o olhar não poderá perder-se por entre ténues silhuetas de momentos perdidos,
o olhar não tem um farol para o guiar a um porto seguro nas tempestades psicológicas.
...e se levaram parte de ti que jamais voltará, diz que as sementes germinarão e delas nascerá um ser novo que olhará para ti com olhos de grandiosidade.
E esses desígnios para sempre foragidos quando não voltarem, perderás a capacidade de sentir...
Perderás o que te faz perder
Perderás o que te faz sonhar
... Mas ganharás a invencibilidade
Dorme bem esta noite, vasculha as cinzas do passado, e quando o sol subir e as lágrimas secarem, o tempo apontar-te-á a direcção.
Será para um ponto que o teu olhar deixava escapar.
Segue o conselho do tempo. Segue o seu indicador... Segue...
E... a tua sombra eventualmente acabará por te seguir...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dizem... Que plano em guerras metafísicas
dizem... Que alguém te punirá por sonhares
Escrevem... Profecias heréticas
Escrevem... Que escreves pensamentos não salutares

Especulam... Lançam para o infinito
Especulam... Invejam o indesejável
Pensam... Sobre tudo por mim escrito
pensam... Que ser este tão venerável

Gritam... O meu nome
Gritam... Patafurdios sons
Ejaculam... Tenho uma infinita fome
Ejaculo... Vida através das minhas mãos

Sonham...Comem...questionam...Fodem...Rezam...
Esperam em vão o abrir da minha mão...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"O que sempre soube das mulheres" By Rui Zink

"Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até amais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça,mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco."
Outra lição em violência é contraposta pelo agoirar das incertezas eternas.
A violência metafórica ergue-se mas não perturba o meu semblante. Permanece frio, aparentemente, sempre distante...
Violência contra o nada, contra o tudo.
Violência... a única resposta dos fracos.
Violentado por dilacerados estilhaços de memórias difusas e confundidas com ilusões.
Violentado por não ser violentado e por não violentar.

Eu sou pacífico. Harmonioso por entre o ruído que jorra a altos decibéis de dentro de mim. É preciso ter um ouvido muito treinado para ouvir essa harmonia. Mas ela está lá... Não desistas...
Desistir é para os fracos, ou então para os mais fortes... Conceito subjectivo como eu e como tu. Como a violência que eu atiço como se se tratasse de um fogo gelado.
Como comparações sem utilidade.

domingo, 10 de outubro de 2010

Crónica alcoólica versão concerto de amigos.

Um concerto de uma banda de amigos legitima-se como sendo uma boa desculpa para uma noite de copos. Como se fosse necessário uma justificação para se ingerir álcool em quantidades industriais e apocalípticas...
... junto-me ao final do jantar da referida banda tendo já eu emborcado uma boa quantidade de vinho caseiro, a melhor parte das vindimas sem dúvida...
Álcool circula livremente e perde vazão para as gargantas gulosas e sequiosas.
Chega a hora de ir para o bar onde alguns conhecidos meus pensam que sou membro da banda que vai actuar. Parece que tenho ar de musico, o que obviamente não me aborrece, visto beber algumas cervejas de borla à custa desse erro. Já se repetiu algumas vezes no passado e espero que se repita muitas mais...
A banda toca, competente nas suas covers e eu emborco mais umas frescas como se tivesse uma mensagem subliminar que me obriga a correr ao balcão para combater uma sede aparentemente infinita. Já que tantas vezes a música foi culpada de massacres também posso culpá-la de me obrigar a beber desalmadamente. Tenho que tirar algum proveito da música, não é só gastar dinheiro, tenho que ter algum retorno.!!!!!
No meio desta azáfama conheço alguém que lê este emaranhado de palavras claustrofóbicas, o que me deixa com o paradoxo de ficar extremamente feliz e ao mesmo tempo extremamente envergonhado. Obrigado Patrícia por leres estes devaneios erróneos...
Em pleno epicentro deste terramoto alcoólico, aparentemente, uma nova banda é formada com o sugestivo nome de "Estrume". Esta palavra em bom vernáculo nortenho, para quem não conhece, significa excrementos de animais de criação (Galinhas, coelhos, porcos...) que são usados como fertilizantes naturais do solo. Basicamente significa MERDA em termos leigos.
Tal revelação é acolhida como sendo uma pseudo-vinda do prometido Messias mesmo sendo uma multidão de ateus! Significa mais uma dose de copos para comemorar.
Futuros risonhos são arquitectados nos intervalos da hiperdosagem de cerveja.
Letras são esqueletizadas com auxílio alcoólico. Por exemplo: "Estava a passear por Barrosas, só via merda entre as rosas... Barrosas era um lixo, até que chegou o Nuno Esguicho( salutar alusão à minha pessoa)... Só via embriagados com bagaço, mas o moço bêbedo estava como o aço... e vi o Óscar a brincar com carrinhos de Nascar"...
somos chegados ao afamado refrão: " Então tudo mudou, quando o ------ lá chegou" No comments really! Só sei que são 9 e meia da manha e acabei de chegar a casa. Quis registar estas coisas sem nexo antes que se varram da minha memória e sejam substituídas por uma ressaca que não parece estar a formar-se no horizonte. Agora vou dormir e amanhã leio, ou não, o que escrevi para aqui... Cheers!!!

sábado, 9 de outubro de 2010

Aquecimento para dia 3 de Novembro.



Think for yourself you know what you need in this life
see for yourself and feel your soul come alive tonight
here in moments we share, trembling between the worlds we stare
out at starlight enshrined, veiled like diamonds in..

...time could be the answer, take a chance, lose it all
it's a simple mistake to make to create love and to fall
so rise and be your master you don't need to be a slave
of memory ensnared in a web, in a cage

I've found my way to fly free from the constraints of time
I have soared through the sky seen life far below in mind
breathed in truth, love, serene, sailed on OCEANS OF BELIEF
searched and found life inside, we're not just a moment in time...

....could be the answer...
Feel renewed inside
Feel the truth in life,see beyond sky,beyond our waking eyes,when the night is long,feel i don't belong,when sky is grey you turn to me and say,
Love is all we are ,together or apart.
When the light of day ,turn me on my way,
Feel renewed inside,feel the truth in life,
See beyond...
"O Homem é naturalmente mau, e é-o quase tanto no delírio das suas paixões como na sua calma, e em todos os casos os males do seu semelhante podem transformar-se para ele em execríveis prazeres." Marquês de Sade in "Justine"

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Vil... feito de ódios mil
Escreve massivas conspirações contra toda a vida humana.
Estranhos rituais evocadores de ícones esculpidos em pedra.
Estranho... sem um qualquer encanto tamanho.
Percebe apenas a filosofia do martelo
Martela as ideias com força descomunal
Retira delas o que jamais será real.
Perverso... incapaz de um adorável verso.
Mostra os dentes em desdém
Não mostrará o que de belo contêm.
Apenas vê beleza no subverso.

De quem falo? De todos e de ninguém...
De pensamentos... De actos... dos que não param para pensar...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Crónica sobre a literatura portuguesa...

Sempre defendi com toda a garra o que acho que o nosso país tem de etéreo. Não são muitas as "coisas" que obedecem a esse ambíguo critério, mas a que mais se destaca é a nossa língua. O português é sublime de se ler quando bem escrito e habito num país de grandes escritores. Fernando Pessoa será o eterno supra-sumo (sempre quis utilizar esta palavra algures e aqui está ela, mais um desejo realizado...)
Para o país europeu com maior taxa de iliteracia e onde a leitura parece ser um pecado mortal, surprende-me imenso ainda aparecerem grandes novos escritores. Temos , por exemplo, o caso demasiado mediático de José Luís Peixoto. Não me entendam mal, o homem escreve bem, "O cemitério de pianos" é um grande livro, mas o resto que li dele ficou pouco acima do mediano.
Acho óptimo que publicitem imenso escritores portugueses, mas há outros que merecem igual ou ainda maior apoio. Falo, por exemplo, de Gonçalo M. Tavares. O homem escreve pah caralho. Ainda não li tudo dele, mas, foda-se, vá escrever tão bem para a c... da mãe dele. Pardon my french...
Existem outros exemplos modernos da arte de bem tratar o português, obviamente eu não me incluo, vã-se lá ver o numero de caralhadas presente neste minúsculo texto.
José Eduardo Agualusa, João Paulo Guerra, João de Melo, José Cardoso Pires são apenas mais uns nomes que mostram que a literatura escrita em português está bem e recomenda-se. São estes nomes que me fazem sonhar em, um dia, termos outro prémio nóbel da literatura. Mas, se calhar, é melhor não, senão acontece como o outro e vai viver para Espanha porque era perseguido pelo governo... Foi a situação que mais me deixou revoltado com um político, geralmente não quero saber dos políticos porque os considero meros sanguessugas, mas a ausência do presidente da republica português ao funeral de Saramago roçou o ultraje... Estava de férias o pobre homem! Não podia interromper as tão merecidas férias, pois ele trabalha arduamente todo o ano no majestoso palácio de Belém... Se fosse um Cristiano Ronaldo ou um Luís Figo, que nunca deram nada que possa ser realçado ao país, a falecerem queria ver. Seria uma choradeira enorme e o país jamais seria o mesmo.
Como mudar a mentalidade para as pessoas lerem mais? Não há hipótese. Por muitos planos nacionais de leitura que se façam, as pessoas não querem saber de leitura. Quem lê, é quase excluído da sociedade como se de um criminoso se tratasse. Um exemplo que se passou comigo: Uma noite de sábado e eu digo a uns amigos meus que me vou embora porque tinha muitos livros para serem lidos. Imaginem a chacota com que fui brindado!
As noites de copos já não tem aquela sedução ímpar de outrora. Estou perto dos 30 talvez seja por causa disso. Nessa noite troquei as prováveis 15 ou mais cervejas que iria beber mais os dois maços de tabaco que iria fumar pela companhia de um bom livro e uma boa garrafa de vinho tinto. E que noite que eu tive!
Mas isso sou eu. O renegado e orgulhoso...

Hoje fui a uma bomba galp e na caixa, onde geralmente estão os chocolates e demais coisas supérfluas, encontrava-se em grande destaque o ultimo livro de José Luís Peixoto. Na fila para pagar fui a única pessoa que sequer olhou para o livro. Nem que ele fosse oferta na troca de 50 pontos do cartão fast galp conseguiriam despachar um que fosse. Mas adorei a iniciativa desses chulos dessa empresa chamada Petrogal. Será que querem fazer aquele ditado " água mole em pedra dura tanto dá até que fura"? Boa sorte. Os livros estão em todo o lado, mas ninguém lhes pega...
Um dia engolirei estas minhas palavras! Yeah right!!!!!
Com o Outono voltam as gripes... esse materializar da febrilidade que percorre as minhas veias...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Reflexos cintilantes de viagens siderais conduzidas por pensamentos ecoam em galáxias desconhecidas quando eu me preparo para um doloroso chicotear da realidade. Não há nada como passar dormente pela realidade e esperar que ela não o seja...
Torna tudo mais poético e deixa de lado a revolta que ameaça formar-se em vagas gigantescas capazes de destruir tudo à sua passagem. Com um estalar dos dedos e um sorriso tudo perde a sua contundência e eu posso voltar a sonhar acordado...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As palavras parecem esconderem-se entre paredes de betão.
Antes, caiam em voos livres como aqueles que as folhas parecem já ameaçar fazer neste outono que tardou tanto.
Não existe falta de imaginação ou sequer inspiração.

O antes implica sempre um depois e esse depois é conotado como futuro e nunca como presente.
Nas entrelinhas encontram-se os mais sublimes significados.
Desnudam-se timidamente a cada passagem dos pensamentos.
Talvez as melhores palavras, aquelas cujo significado não se ouve, sejam mesmo aquelas que não são ditas, pensadas ou que ganham forma numa folha de papel.
Talvez o silêncio seja a melhor forma de demonstrar opiniões. A melhor forma de comunicar... Talvez... Essa palavra ausente de certezas.
Mas o silêncio não tem dúvidas... ou sequer certezas.
Não se dá por ele e ele não quer ser notado.
Fala e eu oiço e eu não falo e ele ouve-me ou apenas lê-me mesmo quando não escrevo absolutamente nada.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Hoje, sinto-me velho...

Tempos idos, tão fodidos...

Tempos perdidos, tão sem sentidos...

Tempos de guerras sanguinárias

Tempos de pazes apenas imaginárias

O tempo e a sua relatividade,

Esculpida manualmente a idade.

O tempo não olha para trás

Não pergunta quem é capaz.

O tempo não tem rosto

Regicída de um rei já deposto.

O tempo não perdoa nem cura

Vil tirano de alma impura.

O tempo escraviza

A visão de um relógio horroriza.




... Mas as palavras que te escrevo são intemporais...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Anathema de volta ao Hard Club!!!

É já em Novembro! Falta pouco!!!! Sei que não vou ver esta música ao vivo, mas fica aqui uma das melhores destes senhores!!

O regresso de Brett Easton Ellis.


A literatura e a música são as formas supremas de arte. Existem muitas bandas e escritores por esse globo fora mas há sempre uns muito especiais que nos fazem crescer água na boca enquanto esperámos pelos seus regressos.
Um desses casos muito raros, para mim, é Brett Easton Ellis. Escritor norte-americano que alcançou o sucesso logo com o seu primeiro livro que escreveu apenas com 20 ou 21 anos, "Menos que zero". Um livro bombástico sobre as existências de jovens da classe alta californiana, ou melhor, sobre a futilidade dessas mesmas existências. Seguiu-se uma adaptação hollywoodesca da obra que foi repudiada pelo autor. Estamos a falar dos anos 80, a década em que todos os extremos ganharam vida e a ausência de preconceitos de Ellis tornou-o uma grande estrela da literatura norte-americana.
Seguiu-se "As regras da atracção" que teve também direito a filme hiperbolizado por hollywood. A temática segue a linha do primeiro livro, com o vazio e a ambiguidade de jovens universitários como pano de fundo.
Mas foi com "Psicopata Americano",que, para variar um bocadinho, também teve direito a filme, embora este bem que podia ter uma décima da violência latente nas páginas daquela obra prima da decadência e violência extrema, que Ellis atingiu o orgasmo da criação escrita. O livro foi best seller nos states e foi probido em alguns países. Se ainda se queimassem livros, este seria o primeiro a entrar na fogueira. Não me alongo mais sobre este livro porque sobre ele já escrevi um post algures por aqui. Procurem... e leiam o livro se se atreverem e não se impressionarem facilmente.
Depois de chegar ao tecto do universo, Ellis brindou-nos com um livro com pequenas estórias na forma d`"OS informadores" e adivinhem lá? ......... Também saiu em filme, embora este bastante recente e o mais fiel á obra de todos não fosse Ellis um dos produtores. Este livro vai buscar personagens das obras anteriores e outras novas em que as suas estórias acabam por se cruzar nalgum ponto por muito mínusculo que seja.
"Glamorama" já não teve direito a filme (OOHHHHHHHH) por enquanto... Mas fala-se que já anda alguém a tratar disso. Marcou um estilo um pouco diferente e um pouco mais soft de Ellis, mas a sua mensagem e escrita ireverente estão lá.
"Lunar Park" de 2005 acabou por ser um livro um pouco chocante para os seus adeptos (eu estou numa das linhas da frente). Ellis colou-se muito a Stephen King. A narrativa tinha pernas para a andar mas acabou por não se notar o estilo muito próprio de Ellis no livro. A personagem principal é alguém chamado Brett Easton Ellis que escreveu um livro chamado "psicopata Americano". Curiosos? Ellis é assim, irreverente. Um bom livro para quem não conhece a obra anterior, mas para quem delira com cada palavra ficou a saber a pouco.
5 anos e muitas conjecturas depois, surge "Quartos imperiais". Um regresso ás origens literal de Ellis. Sim, porque este livro é uma continuação de "Menos que zero" uns anitos depois. Os fantasmas que atormentavam Ellis em "Lunar Park" desapareceram e está o grande crítico da vida da classe alta americana de volta com um humor voraz e com algumas(Reduzidas) partes a lembrar toda a insanidade e violência de "Psicopata Americano". Adoro o que Ellis escreve porque ele reduz a existência a um emaranhado de conflitos e o vazio é uma constante.
Estava um pouco receoso com este regresso porque passou-se algum tempo desde a ultima publicação e o estilo de Ellis parecia estar a esvanecer. Bem-vindo de volta Brett. "Quartos imperiais" aborda a insanidade do amor e o que ele nos leva a fazer. Manipulações, muito sexo, droga e algum gore estão aqui presentes. Quem sabe nunca esquece...
Somos apenas um piscar de olho. Temos a duração de um murmúrio ténue.
Somos carne incandescente auto-imolada.
Somos o que não somos e não somos o que jamais seremos.
Somos a ausência de sombra quando o sol nos fustiga incessantemente.
Somos chuva no molhado, atrocidades bélicas, ou personificação dos desejos de paz.
Somos sonhos irreais apenas porque não tentámos.
Somos um breve respirar quando o ar se torna exíguo.
Somos tenores ou sopranos em constante busca de afinação.
Hedonistas nem sempre racionalistas... assim vai a existência. Condenada a existir.
Prisão ou liberdade condicionada, nós escolhemos.
Eu escolho... Pensar e escrever. A única existência não material ou sob a forma de massa que extravasa a percepção e as limitações que nos auto-impomos.
Somos meros sinónimos porque os verbos já estão esgotados.
Eu desejo o que não desejo porque quando desejo arrependo-me porque torna-se realidade.
Somos palavras ainda por decifrar o significado e nenhum dicionário ousa nos albergar nas suas páginas...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ouvem-se as vozes da transgressão.
Transgridem toda e qualquer lei.
Lêem-se as palavras da revolta.
Amotinadas contra regras pragmáticas.
O poder da palavra é inquestionável...
Mas será mesmo?
A surdez e o analfabetismo parecem governar onde as estabelecidas legislações terminam o seu domínio.
Mas alguns continuam a debitar as suas palavras ao vento ou a confina-las em papel.
Como se ganhassem vida através de um artifício mágico qualquer ainda intestemunhado ou apenas repudiado pela igreja e outras instituições opressoras demais.
Não lhes desejo o mundo, apenas o universo a esses audazes. Porque as paredes do mundo são claustrofóbicas e a falta de oxigénio oprime-me o cérebro.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu consigo ler no teu rosto belas estrofes de poesia ainda por declamar.
A linha do contorno do teu rosto invoca musas metafóricas, por vezes, psicotrópicas.
A poesia é subjectiva, mas a beleza que emana do teu rosto jamais o será. Está liberta em versos perfeitos em que cada palavra reveste-se de significados nunca antes testemunhados.
Não busca aclamação ou a eterna adoração, apenas existe sem alguma vez ter sido lido.
É obra-prima não ficcionada, mas demasiado perfeita para ser considerada como humana.
Esconde-se entre os sonetos que são os teus olhos, a vida das linguas mortas que consagraram o inexistente. Nesta nova vertente do que nunca será aparente, encontro-me eu, o deficitário de vocabulário primário... o eu que não te quer escrever... o eu que apenas te quer ler... como poesia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"Tenham cuidado, ele é perigoso. É o Oscar Tacuara cardozo."

Para alguns sportinguistas elitistas e anti-benfiquistas: Espero que estas imagens vos persigam nos vossos pesadelos.

domingo, 19 de setembro de 2010

"Nobody dies a virgin... Life fucks us all." Kurt Cobain

A floresta olhava-nos com desconfiança. Olhava-nos como se ali não devêssemos estar. Como se estivéssemos a profanar o ultimo santuário existente...
Eu olhava para a floresta de volta, não retribuindo o olhar desconfiado, mas oferecendo-lhe um olhar em busca de protecção e silêncio.
A floresta acolhe-nos e guarda no seu seio o segredo que te confessei perante o testemunho das folhas que caem em voos espirais com a sua graciosidade no expoente máximo, pena que o atinjam segundos antes de atingirem o solo. Elas parecem dançar ao som das palavras sussurradas.
Um pálido luar ilumina o que não necessita de ser iluminado, o teu rosto. Ele já contém toda a luz necessária para cegar a humanidade nos teus olhos.
Eu deixo-te esse segredo e parto com a certeza de que o tratarás bem. Que no veludo do teu sorriso ele viverá e deixará de ser o segredo que já não é e nem nunca foi.

Mulheres de armas. Volume.... já perdi a conta.


Shirley Manson. Vocalista dos já extintos Garbage é uma mulher que sempre me tirou do sério. Porquê? Honestamente não sei responder. Não é própriamente bonita ou possuidora de um corpo escultural ou voluptuoso, mas talvez seja na ausência de perfeição que resida este meu estranho encanto. Tem uma voz brutal e nos seus concertos espalhava sensualidade proveniente de onde não parece haver. É a prova viva do que eu sempre disse: há sempre algo de belo em todas as mulheres.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Outonais formas vestem-se com insalubres sentimentos aparentemente trancados numa figurada e alegórica arca metafórica esquecida e coberta pelo pó do tempo inverso.
São pequenos dedelhados de melodias gravdos em memórias dispersas que agora ganham cor. Esta repleta de palidez e contendo em si uma contagiante altivez.
O outono esculpe formas perfeitas. Demasiado perfeitas para os demais.
Demais, esses, que estão constantemente alheados e que de tudo foram arredados. A compreensão caminha ao lado da razão, mas nestas paisagens trilhadas por caminhos abertos como sangue das mãos, são figuras desconhecidas e por isso temidas.
Correm agora as formas outonais e trazem no rosto nenhum desgosto.
Triunfantes em cores nunca berrantes permanecerão sempre errantes. O que é livre não o sabe.
Se o soubesse,estaria confinado á prisão sem grades que é a humanidade.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Trabalhar ou não trabalhar, eis a questão.

Os humanos são o único animal que necessita de trabalhar para sobreviver. Facto.
Como seria este planeta se não se tivesse inventado o trabalho? Incógnita.

Adoro ver as conversas utópicas de alguns estudantes universitários sobre o capitalismo e o mundo do trabalho. É um pouco estranho ouvir a falar tão mal de algo que é necessário. Principalmente, porque os estudantes vão para a universidade precisamente para conseguirem entrar para um trabalho melhor, vulgo, que dê mais dinheiro. Há certos casos em que a intenção de estudar passa a quilómetros diso mesmo, mas sobre isso não me quero alongar. Prefiro mentir a mim próprio e pensar que todos os estudantes são esforçados e de famílias com parcas posses e que fazem enomes sacrifícios para que os filhos possam frequentar uma universidade e por consequência tenham um futuro bastante melhor.

Ora bem, trabalhar é uma coisa como as outras, com a diferença de que passamos muitas horas a fazer coisas que a maior parte de nós não gosta. No mundo do trabalho a injustiça é predominante. Por muita dedicação e trabalho árduo, jamais se é recompensado. Já trabalhei em alguns sítios, nem tão poucos nem tantos assim quanto isso. Sou um trabalhador aplicado, chego sempre antes do horário e raramente saio á hora que é minha de direito. Cumpro todos os objectivos que são "propostos" e que recompensas recebi em todo estes anos? Nada que possa apresentar. Mas, prontos, continuo a gostar de trabalhar. Porquê? Não sei. Gosto de desafios, por muito descabidos e com nada em comum com a minha pessoa. Talvez seja essa a única razão que me aparece assim de rompante.
O trabalho acarreta consigo o pior das pessoas, dizem. Eu acho que apenas mostra o que as pessoas são na realidade. Falsas amizades, que á primeira oportunidade nos esfaqueam sem dó nem piedade nas costas. Tudo em prol de uma palavrinha ou uma simples palmadinha nas costas por parte dos chefes ou entidades patronais.
A hipocrisia sobe ao trono. Olha para mim em desdém e eu respondo com um desprezo incapaz de ser quantificado por medidas humanas.
Sempre recebi salários baixos. Uma das razões para isso sempre foi o de naõ ser escova e apenas desejar estar no meu cantinho a fazer o meu trabalho sossegado. Nunca houve uma razão de queixa por parte das chefias em relação aos meus desempenhos, mas isso é insignificante porque quando se tem uma personalidade forte e se mantém firme nos seus ideais sem dar azo a que eles verguem de maneira alguma, lá se esfuma toda e qualquer possibilidade de ser reconhecido por quem de direito.
Reconhecimento? Eu reconheço-me a mim próprio e todas as pessoas com o mínimo de honestidade também o fazem. Talvez por isso continue todos os dias a levantar-me de manhã com uma extrema boa-disposição que não passa despercebida aos funcionários dos cafés onde vou tomar o meu caféznho matinal antes de pegar ao serviço. O único dia em que essa estranha boa-disposição é um pouco abalada é quando recebo o recibo de vencimento. São uns segundos de desalento, mas depois volta a sobriedade e a cacidade sobre-humana de resolver todos os problemas laborais sempre com uma tranquilidade tremenda.
Quando erro, sim, aparentemente, sou humano também, dou a mim próprio flagelações de crueldade medieval. Sou o meu pior crítico. Mas não me critico por gostar de trabalhar. Crítico-me apenas por não ser hipócrita, e daí, talvez não...

domingo, 12 de setembro de 2010

Há quem faça colecção de coisas estapafurdias, sem sentido ou qualquer tipo de utilidade, mas que faça disso o centro da sua vida e sentido da existência. indiferentes a tudo o que os rodeia, continuam a recolher caricas, peças de metal sem utilidade, maços de tabaco vazios, etc. Eu colecciono coisas sem valor igual ou ainda inferior como pensamentos, devaneios e reflexões que não são reflexo de nada. Ao contrário dos outros coleccionadores, nao tenho tudo catalogado e ordenado. Ou terei, se houver ordem no caos. Não faço disso o meu sentido de vida nem centro de nada. não é uma colecção fisica obviamente, perde-se nos neurónios e nunca a apresentarei a ninguém. Porque a faço então? Por nada e por tudo. Porque me faz sentir bem? Por que sim e porque não...

sábado, 11 de setembro de 2010

"Uma mulher e um reactor nuclear são muito semelhantes. É só preciso ler o manual de instruções e carregar no botão correcto." Homer Simpson, o supremo filósofo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A dream of wolves in the snow...

Sou como um lobo que uiva para a Lua sem razão aparente.
Sou noctívago entre diurnos.
Sou como um corvo que paira cobiçando os mais belos olhos. Sou negro pincelado com tons de cinzento. Pintor de sorrisos imaginários e utópicos em literaturas errantes.
Músico dos mais dissonantes acordes em instrumentos fictícios com contagiantes melodias desconexas.
Poeta com letra minúscula que olha para o que o rodeia e traça retratos desprazíveis com a torrente de pensamentos imundos e sub-humanos que jorram...
Sou um analítico que não procura conclusão alguma.
Empresário de cruzadas lucrativas contra o capitalismo.
Servo de escravizadores sem nome ou forma. talvez seja eu ou talvez sejas tu, não sei nem quero saber e não tenho raiva de quem sabe.
Porquê? Porque ninguém sabe nada... eu sei algo, mas não o partilho. sei que não sei o que nunca deveria ter sabido.
Mas o lobo continua a uivar á lua e eu continuo a escrever e ambos não nos questionámos sobre a razão dos nossos actos. É tudo natural, de natureza decrepita, de falta de questionar. de falta de pensar...
Mas eis que se inverte o quadro negro e novas cores escuras vestem-se com os seus trajes de noite de gala e o lobo acompanha-as com o seu lado mais sociável. Mostra os dentes em desdém e tu não consegues ver o sarcasmo inerente neste ser irreverente.
Banha-se o lobo em banhos lunares que tiram a cor do seu corpo. É solitário...
É venerado por si mesmo e pela mesma lua que ele insiste em uivar sem sentido contido no seu latido. Talvez seja apenas uma estranha forma de amar...
Talvez seja apenas uma estranha forma de venerar.
Mas, impávido e indiferente a estes dilemas tão profundos e ao mesmo tempo supérfluos, o lobo continua a uivar e eu continuo a escrever.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O vento vocifera silêncios e o sol cega com claridade, mas a vã natureza morrente busca apenas uma metáfora ou meramente uma compreensão dos seres que habitam o seu espaço. Boa sorte,,,

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Parece que foi há muitas luas que os dias se tornaram noites infinitas. Tão aprazíveis Noites. Tão sublimes...

domingo, 5 de setembro de 2010

A vida corre como um rio, mas às vezes parece apenas uma lagoa. Tudo estagna. Fica morrente e adormecido, sem correr para lado nenhum. Fica sem vida, sem margens para se estender, sem sulcos para se esvair, sem seca para drenar o que não interessa.
O mundo parece não estar em rotação. Parou no tempo e o negativismo, conotado com péssimismo, planta as sementes. Grandes árvores de frutos amargos florescerão um dia mas não serão regadas para crecerem. Isso é um processo natural.
Urge então libertar os diques que prendem a vontade de viver. Sempre manufacturados esses diques. Demolição do que é estabelecido e impede o fluxo normal ou paranormal das existências.
É tão complicado existir! É tão complicado pensar, filosofar ou apenas respirar. Pelos poros corre uma claustrofobia de estar preso a nada que prende.
Há um comércio de emoções. Trocadas a peso de latão. Tudo está á venda, excepto eu. Ou apenas o que julgo ser a constituição do meu eu.
Prostituí-se tudo em troca das promessas de ausência de vazio...
Aparentemente, usurparam o meu exterior, mas o que está cá por dentro é inviolável.
O que está cá dentro insiste em não em não insistir em desistir.
Revoluções disfarçadas de aniquilações ou apenas uma fúria sem sentido para olhos que insistem em não ver, tendo apenas as imagens pré-definidas e já gravadas por defeito.
Abro os olhos e a lagoa rebenta as margens e transforma-se num rio com corrente fortíssima capaz de arrastar consigo uma civilização até ao seu holocausto.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Muito bom para um pôr do sol acompanhado com um copo de vinho....

Estou onde não estou
Entre ondas de dissabores
Ou apenas onde tudo desabou
Devido a estranhos clamores

Gostava de estar onde estás
Caminhando pelo vazio humano
Sem olhar para trás
Sem qualquer acto insano

Sou uma espécie de hipócondriaco
Sofredor de todos os tipos de perdido
Acre como o amoniaco
Ou um qualquer flagelo disferido

Morreu já o acreditar
Presente no que estava assente
Morreu já o viajar
Deste nos humanos crente

E nas noites em que me confesso
Refém de um brilho igual ao teu
O aparente impossível peço
O voltar tudo a ser meu.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A masturbação é o supremo acto de narcisismo. A melhor cura para a fraca auto-estima.
Quantas pessoas não serão capazes de me proporcionar um orgasmo? Muitas... Talvez demais... Eu consigo sempre. Entre desejos escondidos nas timidas e não-anunciadas fronteiras dos pensamentos viaja un líbido díficil de ser saciado. Portanto, nada melhor que uma bela sessão masturbatória para esticar todos os limites do ser. E aquela calma sideral pós-orgásmica parece infinita.
Amem-se... Masturbem-se...
Continuo sem Net. Puta que pariu a Optimus. Se não fosse uma empresa nortenha, diria que tem todos os sintomas de uma empresa lisbeta...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

... e talvez tudo mude de cor, assim subitamente como com um estalar de dedos. Passam as cores claras para escuras e o inverso é desencadeado com mecanismos súperfluos de hiperbolidade.
Não há uma paleta imaginaria de cores e uma tela representante de nada.
Disfunções erécteis de sentimentos mais rastejantes que os próprios répteis.
Qual a cor que os pintas?
Uma nova cor, um pantone exclusivo e irrepetível cujas cores que lhe deram forma foram mera imaginação. Mas pinta tudo no céu, esteja ele com sol ou com as sedutoras estrelas extasiantes na sua altivez. O que interessa?
Nada, absolutamente nada.
As cores são insignificantes assim como todos os corpos amontoados e clamantes por desejos de amantes.
A dor é incolor....

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Foram muitos dias e infinitas noites assentes em errôneas obliterações ou apenas desejadas imolações.
Imolado está o desejo, este crescete ensejo de possuir um beijo.
Há um fogo intenso que arde, que vira as costas a mundos e a deuses: Propaga-se em direcções incorrectas e aprentemente dementes. Consome tudo á sua passagem e todas as bocas entreabrem-me em admiração a esta sinitra criação.
Uns tentam capturá-lo com amão, a todos o fogo diz que não.
Ele é livre de consumir todas as paisgens e não admite vassalagens.
Transforma-se em rios que não desguarão jamais em mares irreais de imaginações demais.
Fogos e rios... Tudo é da natureza.
Tudo é natural.
Tudo é fogo.
Tudo é desejo.
Tudo sou eu e eu sou tudo.

domingo, 22 de agosto de 2010

Crónica de um domingo á tarde.

Tardes cheias de vazio. As pessoas vestem as suas melhores roupas para preencherem as horas vagas em actividades o mais futeis possíveis. Os seres vazios de sentido passeiam nos seus automóveis, que apenas circulam nestes dias, desejosos e encontrarem uma fila gigantesca de carros em direção ao Mc donalds, Pingo Doce ou um centro comercial qualquer decrépito. Assim é possivel preencher as horas de ócio e de depressão por não se estar a trabalhar. A componente maquinal das pessoas vem ao de cima com essa ressaca gigantesca de cumprir tarefas nos empregos. Tempo livre para serem quem são, mas essas entidades humanas apenas disso tem o nome....

Não gosto de domingos á tarde. Acordei bastante cedo e não tenho vontade de fazer nada. Ontem embebedei-me novamente e não me lembro do que andei a fazer. Não tenho uma ressaca descomunal e só tenho vontade de sair de um sítio com paredes para me enfiar num sítio com ainda mais paredes. Vou tomar café com amigos, a conversa flui normalmente e anima-se a cada gole de cerveja ingerido. Beber 10 cervejas num domingo á tarde não parece muito normal numa tarde de domingo, mas o calendário e o relógio já deixaram de fazer sentido anteriormente juntamente com tudo.

Sinto-me vazio porque não estás aqui. Sinto-me vazio porque estás longe. Sinto-me vazio porque gostava de estar contigo e ter aquele aconchego de te olhar nos olhos. Sino-me vazio porque sempre estive vazio desde que partiste. Agora voltaste. E eu sinto-me vazio na mesma. Gostava que me removesses este vazio. Ele é preenchido com álcool mas devo ter algum cano com fuga porque ele esvai-se rápidamente. Não há substituto para os teus fluidos, este é o que mais se aproxima em termos de provocar uma ilusão de satisfação.

Gosto muito de ti e sempre gostei. Não sei quantas pessoas já passaram por mim mas nunca levaram consigo a minha essência. Partiram da mesma forma que chegaram. Muitas nem dei por elas, pareciam uma mera ilusão. Um sonho estranho inflamado por noites de copos extremas. Tudo parece ter um torpor alcoólico mesmo quanda a sobriedade impera.

Tudo isto para dizer que tenho saudades tuas e desejo ardentemente ver o teu corpo junto ao meu a observar as manchas na parede que aparentemente mudam de forma.É estupido e não faz sentido, mas nada faz. Tudo deixou de o fazer... Não questiones o que não tem resposta e deixa tudo deambular por aí.

Talvez beba em demasia porque tenho que manter a minha boca ocupada por não estar a falar contigo ou a beijar-te. Talvez... Tudo é uma incógnita. O futuro é apenas uma palavra. O destino é outra. As coisas acontecem com ordem natural ou não. A unica certeza: as tardes de domingo são uma seca.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Não há vinho tão saboroso como o sangue que não jorra em cada dentada que eu desenho no teu corpo. Ténues rascunhos de magenta que se anunciam vagarosamente propagados pela pálida brisa em voos circunféricos de ângulos rectos. Ele jorra, da cor de sangue exangue…
Sementes de doutrinas dementes, ou meras absolvições dos que em mim são crentes. Tudo é lançado sob seios frutuosos e erectos com desejos irreais de signos escritos em sinais esculpidos pelas estrelas cadentes.
Gritem e injuriem-me meros mortais que não ansiais pela imortalidade não de um corpo mas de um pensamento. Insultem-me com vossas lamúrias transvestidas de sóbrias penúrias. Desejem-me como se de um deus de guerras santas eu fosse. Chamem-me Ares, porque despoleto apocalipses e chagas nos corpos irreligiosos mas sempre sequiosos….
Mas eu continuo a observar e tentar capturar o sangue que não corre, como se de um lago negro de claridade se tratasse.
Abro os lábios auto-flagelados de ausências e desejo eu também verter sangue. O sangue que ainda tenho neles é teu. E que doce nectar...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Estou sem net. Em breve voltarão os devaneios... Stay tuned...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Faleceu ontem um dos meus gatos.
Tinha um nome curioso, Bébé, que lhe assentava como uma luva.
Eu chamava-lhe o gato metaleiro, pois trajava sempre de preto e com cara de mau impondo respeito a todos os gatos da vizinhança, mas no fundo era um gato extremamente dócil que corria desenfreadamente á mais ténue promessa de festas e meiguices que lhe eram destinadas.
Sobreviveu a um tumor inexplicável na cabeça continuando com a mesma vivacidade de sempre e violência desnecessária para os seus congéneres cujo respirar parecia constituir uma ameaça nuclear á sua existência, acabando por ser vítima de um atropelamento. Estranho este fim, pois tinha o cuidado de olhar para os lados quando atravessava a rua. Talvez o excesso de confiança deste felino, auto-proclamado rei da minha rua,o tenha traído...
Espero que onde o seu espírito vagueia agora continue a espancar brutalmente e com autoridade os indefesos gatos que se lhe atravessem no caminho...
Tenho muitas saudades tuas, gato do inferno...
Fica aqui uma foto dele em pleno acto de represália para o meu gato mais pequeno por ter ousado dormir em cima de mim.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uma banda que passa tão despercebida. Com letras fantásticas, não fossem escritas pelo Senhor Adolfo Luxuria Canibal.



Dá-me amor ou ódio
Faz ou desfaz o meu coração
Dá-me amor ou ódio
Salva-me ou mata-me de paixão

Se o amor é fogo atiram-me á fogueira
Sem piedade
Se no amor há um dono escraviza-me até á eternidade

Porque o tempo é feito de ti e mim
E tudo o resto é demais
Amor ou ódio
Tento me faz deus e diabo querem assim
Assim será

Dá-me amor ou ódio
Beija-me ou corta-me na tua boca
Dá-me amor ou ódio
Queima-me molha-me sem roupa

Se o amor não se vê entra no escuro sem ter medo
Se o amor não diz porquê, nunca questiones seu segredo

Porque o tempo é feito de ti e mim
E tudo o resto é demais
Amor ou ódio
Tento me faz deus e diabo querem assim
Assim será

Porque o tempo é feito de ti e mim
E tudo o resto é demais
Amor ou ódio
Tento me faz deus e diabo querem assim
Assim será

Porque o tempo é feito assim

Ás vezes penso que penso...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

R.I.P Heavy Metal!!!!!1

Já aqui deixei algumas críticas ao estado do panorama musical português, mas nunca pensei que iria acontecer uma catástrofe como esta!
Passo a explicar: Este fim de semana decorreu em Vagos mais uma edição do vagos Open Air, penso que a segunda, suposto festival de metal que no seu cartaz conteve muitas bandas estrangeiras, algumas das quais não haviam, até á data, tocado em Portugal. Até aqui tudo bem. Eu próprio equacionei ir a este festival devido á qualidade do cartaz. Duas ou 3 bandas em dias diferentes seduziam-me seriamente. Acabei por não ir, pois acho os preços dos festivais proibitivos. Não o bilhete em si que até era acessível, mas a parafernália de coisas que envolve um festival; cerveja(muita, claro), comida(se sobrar dinheiro da cerveja), discos, etc..., constituem uma conjuntura muito pesada para a a minha carteira.
Pensei que já tinha visto de tudo em concertos, desde a policia a invadir o palco para terminar as actuações, bandas que não aparecem, porrada com fartura, polícia de intervenção, cemitérios partidos, etc..., mas fiquei estupefacto quando li que neste citado festival era proibido fazer crowd-surfing (acto que consiste em ser transportado pelo publico no ar por todo o comprimento do concerto). Aparentemente, quem fosse apanhado pelos seguranças em tão criminosa actividade, ficava com uma cruz na sua pulseira e ao completar 3 cruzes ganhava uma viagem para fora do recinto sem hipótese de reentrar.
Isto é completamente estúpido! Concertos de metal sem crowd surfing, mosh e stage diving tornam-se concertos de música clássica. Talvez para o ano a organização queira proibir a entrada de camisolas com dizeres ofensivos também. Hum.. é melhor estar calado, pois ainda ficam com ideias. Se eu tivesse ido a este tão digno festival e fosse pessoa de fazer crowd-surfing, isto não ficaria assim. 30 euros ou algo parecido era o que custava o bilhete. Quando se comprava um bilhete para um concerto de metal, comprava-se também uma entrada para um mundo á parte onde as leis do mundo civilizado e maquinal eram reduzidas apenas ao bom senso de cada um. Não se entrava num estado de repressão policial, mental ou de qualquer tipo de coação. Mas isso parece ter sido há séculos realmente.
O metal perdeu-se para sempre. Primeiro pelas pessoas supostas aficcionadas do género. Os metaleiros da nova geração são a mais pura encarnação de betos. meninos e meninas tão bem comportados, que qualquer dia levam os paizinhos para verem os concertos. Alguns desse betos com cintos de balas, sugeriram até que não houvesse cerveja nos concertos de metal, para afastar os indesejáveis. Entenda-se os indesejáveis como as pessoas que já andam em concertos há muitos anos e que sabem curtir metal como ele deve de ser curtido. O metal está apenas uma feira de vaidades. Pavoneiam-se os putos com as camisolas novas, edições limitadas, encomendadas ao estrangeiro a peso de ouro enquanto estão agarrados á sua garrafa de água fintando o fumo do cigarro que alguém aspira tranquilamente, mas que incomoda solenemente a passagem destes seres superiores.
Já me tinha acostumado a estas coisas, agora concertos que a organização proíbe uma das formas normais de diversão num concerto de metal, isso ultrapassa qualquer bom-senso ou compreensão, ou boa vontade... Para mim, é apenas mais uma punhalada num estilo que cada vez está mais suicida.

sábado, 7 de agosto de 2010

"O coração tem mais quartos que uma casa de putas." In "Livro de crónicas" António Lobo Antunes
Tudo se veste com um ponto de interrogação quando deveria ter somente trajado umas reticências... Elas indicam que nada terminou. Ou então um ponto de exclamação. Sinal de que não causou indiferença.
A vida e a escrita são muito semelhantes, tem regras e reacções similares. Por vezes, acho que as vidas são meras cópias ou ditados. O que aconteceu á escrita criativa e capacidade de escrever? Só se escreve o que está pré-definido ou é ditado por outrem.
É preciso escrever sem regras, escrever sonetos sem as regras das rimas e da métrica e que nem sequer rimem. Os poemas não tem todos que rimar e as metáforas podem deixar de as ser.
Apetece-me escrever com muitos erros e estar-me a cagar para isso, pois não tenho ninguém para me corrigir. Apenas eu próprio, mas eu deixo os erros perpetuarem-se, pois só assim posso escrever melhor...